O delfonauta mais jovem não deve se lembrar, mas o lançamento de Independence Day, em 1996, foi um senhor evento. Na época a internet estava começando a chegar nos lares e ele foi um dos primeiros filmes – se não o primeirão mesmo – a ter um site oficial. Eu ainda me lembro do endereço: id4.com, que curiosamente não foi reativado para sua continuação.
Naquela época entrar na internet exigia um esforço hercúleo e obviamente eu usei este esforço hercúleo não apenas para ver moças peladas, mas também para descobrir o que diabos teria dentro de um site de filme. A decepção foi grande ao constatar que não tinha moças peladas.
Além do site, também foi o primeiro filme de que me lembro a chegar no Brasil com o tal do som digital, que só estava disponível em alguns cinemas mais caros e tecnológicos da época.
Obviamente, eu juntei uma turma dos meus amigos mais geeks e fomos juntos em uma seção no dia da estreia. Foi a primeira vez que vimos aquela famosa introdução do helicóptero da Dolby Digital. E, meu amigo, foi mais impressionante do que ver moças peladas na tela do computador tendo que esperar apenas uns 10 minutos até a imagem carregar.
Pois daí o filme começou. Nossos olhinhos brilhavam. A expectativa era palpável. E daí o filme acabou… e mé. Não é que eu achei chato, mas talvez tenha sido a primeira vez na minha vida que o hype de um filme não correspondeu com a qualidade da obra final. Também pudera, ID4 teve um hype considerável.
ID5?
Estranhamente, ele não ganhou uma continuação. Fez milagres para a carreira do Will Smith e do Roland Emmerich, mas ambos seguiram em frente. Até agora, 20 anos depois. Alguns filmes ganharam remakes em menos tempo do que isso, mas a turminha de Independence Day decidiu fazer uma das continuações mais tardias da história.
Curiosamente, temos de volta o diretor e boa parte do elenco. Além de protagonistas do original, como Bill Pullman e Jeff Goldblum, voltam vários dos atores mais secundários. E mais curiosamente ainda, Will Smith não aparece, mas a atriz que fazia sua esposa (Vivica A. Fox) no primeiro está aqui.
A história é uma continuação direta. Uma coisa que achei legal é que, após os eventos do primeiro filme, a Terra de Independence Day seguiu uma história totalmente diferente da nossa. A invasão alienígena trouxe uma paz até então inédita para o planeta, e a pesquisa utilizando a tecnologia dos ETs rendeu frutos que tornaram a Terra de O Ressurgimento muito mais futurista do que a nossa.
Obviamente, os dias de paz estão contados, pois exatamente 20 anos depois do primeiro ataque, a mesma raça de monstrinhos vai fazer uma nova e mais pintuda tentativa.
Eu revi o filme de 1996 uns dias antes de ver esta continuação e algumas coisas me incomodaram. Por exemplo, eles chegam a deduzir durante o filme que aquela espécie migra toda sua civilização de planeta em planeta conforme esgota seus recursos. No entanto, logo no início deste novo, eles dizem que sempre souberam que uma nova invasão aconteceria. Ora, tudo bem eles terem deduzido errado o escopo da primeira invasão, mas pelo que sabiam, eles tinham eliminado toda a civilização dos ETs, então não tinham como saber que uma nova ocorreria. Para mim isso pareceu mais uma tentativa de retcon do que um erro, no entanto.
Basicamente, esta segunda parte é bastante parecida com a primeira. Temos várias histórias que vão acontecendo em paralelo (a do presidente, dos cientistas, dos heróis, etc) e boa parte do filme envolve o planejamento da defesa. Independence Day é, afinal de contas, tanto um longa de políticas quanto de ação.
CADÊ O IMPACTO?
As cenas de ação são boas e frequentes, mas não são muito marcantes. Eu assisti ao filme pouco mais de uma hora antes do momento que estou escrevendo este texto e admito que já não me lembro direito delas, enquanto do primeiro tem várias mais memoráveis e até algumas que viraram meme.
Talvez este seja o principal problema de Independence Day: O Ressurgimento. Vinte anos depois, é preciso muito mais para empolgar o público. Se em 1996, ver uma nave alienígena explodindo a Casa Branca era chocante para os estadunidenses e impressionante tecnicamente, agora a gente vê uma nave do tamanho do Oceano Pacífico e já não se impressiona tanto com a escala.
Claro, se você deseja assistir, vá a uma sala boa. A sessão de imprensa foi em uma sala Imax e era comum sentir a cadeira tremer com o poder do som. Não dá para negar, no entanto, que não dá para rolar de novo algo tão especial quanto a primeira vez que eu ouvi som digital. E olha que, em todos os sentidos, assistir a um filme em Imax 3D e com todo esse poder sonoro é algo bem mais impressionante do que a experiência que tive em 1996. Só que hoje em dia também é bem mais comum. Não foi o primeiro filme que eu vi em Imax 3D, e está longe de ser o melhor ou mais empolgante.
Talvez seja o caso de terem feito esta sessão na sala 4D do mesmo shopping. Esta ainda é novidade. Eu só vi um filme lá e foi bem divertido. Como Independence Day é tradicionalmente uma série focada no espetáculo e na sobrecarga dos sentidos, parece que seria natural, então se tiver a possibilidade, recomendo que o veja em 4D, que deve ser bem mais legal.
Simplesmente como filme, no entanto, ele não empolga. O original já não empolgava e este é um tanto mais fraco, com uma história mais óbvia e um final em aberto para justificar uma terceira parte. Mas, ei, tem uma nave enorme explodindo e isso é sempre legal.