Uma coisa que os pais costumam dizer para os filhos que têm medo dos monstros que moram embaixo das nossas camas é “eles estão com tanto de você quanto você deles”. Isso é totalmente falso, é claro. Monstros não têm medo de crianças, eles têm medo de porcelana. Mas e se fosse verdade?
Em Hotel Transilvânia, o Conde Drácula opera um hotel cinco estacas onde todos os monstros vão para passar as férias. O problema é que todos eles morrem de medo dos seres humanos, pois estes têm tradição de persegui-los com fogueiras ou roubar seus doces. Obviamente, um mochileiro humano vai acabar encontrando o hotel, vai fazer amizade com a filha do Drácula e vai criar altas confusões.
A história não tem surpresas e nem muita criatividade, porém os personagens, o humor e a animação carregam o filme nas costas. Boa parte do humor vem da interação entre o sisudo e medroso Conde Drácula com o extremamente amigável mochileiro Johnny, e este contraste rende excelentes piadas. A piada da lente de contato, em especial, me fez chorar de rir. Literalmente, eu ri tanto que meus olhos ficaram molhados. Quantos filmes conseguem essa proeza?
Apesar de o foco ser nesses dois, vários outros monstros também têm espaço para brilhar. Todos os clássicos da Universal estão aqui (o que deixa ainda mais curioso o filme ser da Columbia/Sony). O lobisomem e seus filhinhos, o Frankenstein e suas partes do corpo desmontáveis e, claro, os divertidos e puritanos esqueletos: todos têm seus momentos e arrancam gostosas risadas.
Visualmente, talvez Hotel Transilvânia não esteja à altura do perfeccionismo técnico da Pixar, mas o design dos personagens e a animação é tão caprichada que torna isso quase imperceptível.
A animação de Hotel Transilvânia segue menos o caminho realista da Pixar e dos desenhos atuais e mais aquele jeitão cartoon de Looney Tunes e companhia. E é o tipo de coisa que você não sente falta até que vê novamente e percebe quão legal é. O Drácula andando enrolado na capa, e parecendo que está flutuando, em especial, ficou um toque muito charmoso.
Hotel Transilvânia é o melhor desenho a estrear no cinema desde o excelentíssimo Toy Story 3. Ambos têm um excelente elenco de personagens e uma qualidade visual que beira o absurdo. Porém, ao contrário do recente clássico da Pixar, no entanto, este não tenta te fazer chorar. Pelo contrário, trata-se de uma comédia engraçadíssima e muito divertida. É um desenho atual, com o sabor dos desenhos antigos e com um quê de Família Addams encontra a Turma do Penadinho. Imperdível.