Homem-Aranha – O Casamento

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Uma das mais importantes estórias do Homem-Aranha, O Casamento apresenta o casamento (sério, não diga) de Peter Parker com Mary Jane. Importante por dois motivos: o primeiro e o mais óbvio, é que a estória representa o fim da era de Peter Parker como um adolescente nerd e o início da era de Peter como um adulto nerd. O segundo, e me avisem se eu estiver errado aqui, é que o Aranha é o primeiro super-herói mainstream que leva um relacionamento até o fim, com casamento, lua de mel e até uma filha, mas isso fica para outro dia.

O Casamento conta os últimos dias do casal como jovens livres e descompromissados, em meio a todas as dúvidas que afetam qualquer relacionamento antes de um passo tão grande. E antes que as garotas comecem a falar que “homem é tudo igual”, a noiva também passa pelas dúvidas e de forma muito mais individualista que Peter. Pois é… mulher é tudo igual mesmo, só querem festas e baladas.
A origem das dúvidas de Peter são, primordialmente, financeiras. Como ele, um fotógrafo freelancer que mal consegue pagar o aluguel vai conseguir prover MJ com a vida a que ela está acostumada, com direito a limusines, festas e viagens? Outra preocupação de Peter, esta muito mais séria, é o fato de que todos que ele ama acabam falecendo em função de seu alter ego. Foi assim com seu tio Ben. Foi assim com seu primeiro amor Gwen Stacy. Será assim com Mary Jane? O futuro dirá.

Já as dúvidas da garota são bem menos preocupantes, mas completamente compreensíveis. Como a modelo que é, MJ vive com muito glamour e recebe freqüentes propostas de casamento. Estará ela preparada para abrir mão disso (pelo menos em parte) para estar com o amor de sua vida?

Uma das coisas mais curiosas da estória é ver a diferença entre as duas realidades dos protagonistas. A despedida de solteiro, por exemplo. Enquanto a de Peter acontece em um bar vazio, com a presença de seus dois únicos amigos, Harry Osborn e Flash Thompson, que tentam convencer o noivo que, apesar de suas dúvidas, ele deve ir em frente com o casamento, a de Mary Jane é em um lugar super luxuoso e lotado, com direito a orquestra ao vivo, um stripper que sai de um bolo gigante, incessantes pedidos de casamento e pessoas tentando convencê-la de que se casar é um erro.

O Casamento não é uma estória do Homem-Aranha, mas de Peter Parker e Mary Jane com a qual todos poderão se identificar, seja de um lado ou de outro.

Publicada nos EUA em 1987, a estória O Casamento foi lançada no Brasil pela Abril Jovem na revista Homem-Aranha nº 100, de outubro de 1991. Posteriormente, foi republicada na revista A Teia Do Aranha nº 74, de dezembro de 1995.

PS: Quer saber o que aconteceu com os pombinhos depois do casamento? Alguns anos atrás, MJ foi dada como morta em um acidente de avião. Como ela é uma personagem da Marvel, e a única personagem da Marvel importante que morreu até hoje é a Gwen Stacy, o Homem-Aranha acabou descobrindo que ela havia sido raptada. Após salvá-la, os dois resolveram dar um tempo no relacionamento.

O motivo que levou a Marvel a fazer isso foi tentar deixar o Aranha novamente solteiro e, assim, rejuvenescê-lo, o que já era uma obsessão da editora há alguns anos (quem não se lembra da horrenda saga do clone, uma das mais complicadas da estória dos quadrinhos?). O mesmo motivo foi a desculpa para a tal filha do casal ter sido raptada ao nascer e nunca mais ser citada em nenhuma estória.

O grande problema é que o Homem-Aranha é um personagem criado para ser o mais humano possível, permitindo que o leitor se identifique com seus problemas e alegrias. E seres humanos crescem. Casam. Têm filhos. Alguns de nós até morrem. Os leitores sabem disso e, por isso mesmo, compram os gibis. A equipe que fez o filme do herói percebeu isso. E fez a melhor adaptação de um herói para a tela grande (e devem detonar de novo na segunda parte, que sai este ano). Se todo mundo percebe, por que a Marvel não? Vai entender esses caras.

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