Helldivers, novo joguinho exclusivo das plataformas Playstation, foi lançado na última terça-feira, dia três de março.
Em um futuro distante, você é um habitante da Super Terra, uma evolução da Terra que nós habitamos no presente. O planeta é governado pela democracia controlada, e é cercado de planetas habitados por alienígenas hostis. Pior do que isso, eles são comunistas. Cabe a você, recém-alistado no exército dos Helldivers, invadir os planetas dos bichos e levar a democracia e a liberdade até eles. Nem que seja à força!
TWIN STICK SHOOTER
À primeira vista, Helldivers promete ser um twin stick shooter, como o recente e tremendão Lara Croft and the Temple of Osiris. À segunda vista, no entanto, ele pouco ou nada tem a ver com o jogo da arqueóloga mais famosa dos games.
Apesar de ser, sim, um twin stick shooter, não espere por fases definidas e uma progressão mais tradicional. O que temos aqui é praticamente um MMO, e a forma mais certeira de defini-lo é com algo como “Call of Duty encontra Destiny”. Inclusive, os primeiros momentos com o jogo não serão muito agradáveis, pois ele só mostra a que veio quando você entra no modo multiplayer.
Antes disso, ele tem um daqueles tutoriais terríveis, que te ensinam absolutamente tudo do jogo ininterruptamente, uma lição depois da outra. É tanta coisa junta que o jogo parece até mais complexo do que é, quando na verdade ele é deliciosamente simples.
Após o tutorial, você pode começar a escolher as missões. E eu continuei sem me empolgar muito. Afinal, mesmo jogando no modo público e mandando pedidos de SOS (uma ferramenta que faz com que seu jogo tenha prioridade no matchmaking), ninguém se juntava a mim.
Foi apenas quando eu resolvi me juntar aos jogos de outras pessoas que a diversão começou. E aí sim, comecei a entender do que se tratava Helldivers: cooperativo.
A ROTINA DE HELLDIVERS
As missões de Helldivers são geradas aleatoriamente. Existem alguns tipos de mapas (gelo, deserto, floresta), e vários tipos de objetivos. De acordo com a dificuldade da missão, você pode ter que cumprir uma quantidade diferente de objetivos antes de poder chamar resgate.
Os objetivos são bem típicos de jogos multiplayer. Coisas como defenda uma posição até a barrinha encher, transportar objetos (no melhor esquema capture the flag), ativar equipamentos e, claro, proteger NPCs. Tem até um troféu que tira sarro do fato de que ninguém gosta de escort missions. Eu só não entendo porque continuam fazendo se sabem que ninguém gosta.
Quais são os objetivos, onde eles estarão no mapa e o formato do mapa em si são gerados aleatoriamente. Uma vez que a missão é escolhida, você seleciona o local do mapa em que vai aparecer, e a partir daí faz sua própria rota para cumprir os objetivos. Depois de cumprir todos, deve ir ao ponto de extração, chamar pelo resgate e sobreviver até ele chegar, o que costuma levar uns 90 segundos.
Além da jogabilidade tradicional de um twin stick shooter, você pode usar uns equipamentos chamados de stratagems. Para chamá-los, você precisa segurar o L1 e digitar uma sequência de comandos no direcional digital. É interessante, e os stratagems variam entre ressuscitar os camaradas, pedir por munição, por um canhão que te ajuda a matar os inimigos, armas mais poderosas e até um super-hiper-ultra-mech, que vai deixar seus amigos morrendo de inveja diante do seu poder. Especialmente porque você pode pisotear os coleguinhas. Acidentalmente, é claro.
Sim, você pode machucar e sacanear os amigos. Particularmente, eu preferia que isso fosse opcional, mas não, faz parte do jogo. Então se quiser ir longe, precisa colaborar e tomar cuidado para não matar seus companheiros.
Na primeira vez que eu chamei um mech, estava me divertindo destruindo todos os inimigos fraquinhos (comparado ao meu poder, claro), quando saí do robozão por um segundo para pegar um item. Um dos sujeitos que estava jogando comigo roubou meu mech, o que me deixou realmente incomodado. Como ele se recusava a sair, comecei a jogar granadas até destruir meu próprio mech com ele dentro. É isso que acontece com quem se mete comigo. =P
Em uma outra história mais inspiradora, estávamos esperando pelo resgate e, pouco antes de ele chegar, um de nós morreu. Todos os jogadores, inclusive eu, entramos no avião para ir embora. Todos, menos uma garota, que continuou lutando bravamente como os inimigos, até conseguir usar o item que traria o jogador de volta. Ela conseguiu, ele voltou, e ambos entraram no avião, sobrevivendo à missão. Foi lindo.
CALL OF DUTY ENCONTRA DESTINY
Uma vez que as fases são aleatórias, pelo menos para mim não fazia muita diferença qual fase encararíamos. Ou seja, não tem um senso de progressão tradicional. Aí entram as influências de Call of Duty, pois a progressão é típica de jogos de multiplayer.
A cada objetivo cumprido, você ganha XP que faz subir de nível e, conforme sobe de nível, ganha novas armas, stratagems e perks (habilidades passivas, como mira laser, por exemplo). E antes de cada missão, você configura o que vai querer levar para a próxima.
A parte que lembra Destiny é que você fica a maior parte do tempo jogando fases bem semelhantes apenas pela diversão de jogar com seus amigos. E os objetivos do tipo “sobreviva até o jogo dizer chega” também lembra bastante o jogo da Bungie. Ao contrário de Destiny, no entanto, as recompensas são mais justas e frequentes. Você não precisa ficar fazendo macumba para ganhar determinada arma, basta chegar até o nível que a libera como recompensa.
Por ser um jogo que só faz sentido se jogado no multiplayer, é até estranho que o matchmaking não seja mais indolor, como nos mapas públicos de Destiny. Ao entrar em uma missão, você vê naves de outros jogadores que estão naquele planeta. O jogo poderia naturalmente te colocar no mesmo mapa, com os mesmos objetivos, para que vocês organicamente joguem juntos, como nos eventos públicos dos jogos da Bungie.
Isso faria Helldivers chegar bem mais próximo do seu objetivo. Não é exatamente difícil procurar por um jogo aberto e entrar nele, mas poderia ser algo mais natural, e que faria todo o sentido no universo criado por ele.
O sistema de matchmaking também tem algumas falhas. A maioria dos jogos que ele te mostra, por exemplo, são jogos já lotados, com quatro jogadores. Por que mostrar isso? Assim, você precisa passar por uma lista enorme para encontrar um jogo com vagas, e muitas vezes até você achar, o jogo já lotou.
A conexão também tem problemas. É muito comum o jogo perder a conexão e levar você de volta à tela título. E para deixar mais irritante, ele tem a mania de fazer isso quando a fase foi concluída, impedindo você de ganhar as recompensas pelo seu esforço.
UM JOGO DE NICHO
Cá entre nós, eu sinto falta de uma progressão mais elaborada, motivo pelo qual eu dificilmente jogo multiplayer competitivo: eu não vejo muito incentivo para jogar. Sim, eu sei que o incentivo é a diversão do próprio jogo em si, e daí entra minha conclusão.
Nesta resenha, mais importante do que a minha opinião, é a descrição do jogo. As informações que passei até agora lhe apetecem? Se a resposta for sim, Helldivers é muito divertido. Admito que me diverti bastante enquanto o jogava, mas para mim, sinto que ele não terá uma longevidade tão grande.
Sei, no entanto, que há pessoas que passam muitas e muitas horas jogando coisas como GTA Online, Call of Duty e Battlefield, e para essas pessoas, recomendaria Helldivers sem pestanejar. Pois, se para mim ele pode render diversão para algumas tardes de ócio, para quem se encaixa nessa descrição tem potencial de ser extremamente viciante. Bem daquele tipo “só mais uma partidinha rápida”.