Alguns jogos mostram muito já no título. É o caso de Gunbrella, um delicioso e crocante jogo de ação 3D em que você carrega um guarda-chuva que dubla de escopeta. Ou seria uma escopeta que dubla de guarda-chuva?
Seja como preferir, o fato é que, como arma, ela é potente e muito divertida de usar. Atacando os desafetos de perto, eles viram pedacinhos vermelhos pixelados e o som deixa a violência muito crocante.
Porém, sua escopeta é também um guarda-chuva. Isso significa que você já começa o jogo com uma locomoção que a maioria dos metroidvanias só libera no final. Dá para usar o guarda-chuva para planar, dar pulos altos, bloquear. A movimentação de Gunbrella é tão legal quanto sua violência.
GUNBRELLA, ELLA, ELLA, EH, EH, EH
Com seu visual simpático e sua jogabilidade gostosa, Gunbrella me conquistou nos seus primeiros minutos. Gato Roboto, jogo anterior da Doinksoft, é muito legal. Mas Gunbrella é mais criativo e tem muito mais história. Boa parte do jogo envolve conversar com personagens nas cidades, até mesmo para avançar com os quests.
Ele é divulgado pela Devolver Digital como um metroidvania, mas não sei se o classificaria assim. Verdade, você pode voltar para os cenários anteriores e tudo. Porém, os upgrades que você faz são coisas como aumento de vida ou do poder de ataque. Sua mobilidade já começa completa, então não rola aquele esqueminha tradicional de revisitar áreas com novas habilidades. O jogo é relativamente linear, com uma clara sequência de exploração. Ocasionalmente, ele pede para voltar por alguns caminhos, mas não senti necessidade de sair do caminho da história em nenhum momento.
CHEFES
Uma coisa que me chamou atenção é que sua dificuldade é um tanto desregulada. O jogo inteiro para mim fluiu tranquilamente, até que cheguei ao primeiro chefe. Daí foi um tremendo salto de dificuldade, e minha escopeta que parecia muito forte até então parece que passou a atirar ervilhas.
O primeiro chefe me desanimou muito. Mas passei, e depois o jogo volta a ficar legal. Daí o segundo chefe, que é o mesmo estilo “pedaço de carne”, também me deu uma tremenda canseira. Curiosamente, depois dele lutei contra mais uma pá de chefes, e todos os outros foram bastante sossegados (inclusive o chefe final). Gunbrella precisa nerfar os dois primeiros chefes. Tem um que é um ratão nojento que parece ser difícil paca, mas matei de primeira com muito mais tranquilidade do que o primeiro do jogo.
Então meu tempo com Gunbrella começou com empolgação, deu uma boa desanimada nos dois primeiros chefes, mas depois voltou a ser muito divertido. Até que o jogo quebrou. Pois é. Abaixo vai o meu relato.
GUNBRELLA QUEBROU E SALVOU EM CIMA
Após a parte da prisão, você pega um carrinho de mina. Ele salva na primeira tela, e passei por ela numa boa. Daí ao mudar para a segunda, ele salvou de novo, mas dessa vez ficou em câmera lenta. Alguns segundos depois, o herói grita e a tela fica preta. Nunca mais sai dessa tela. Eu posso no máximo abrir o menu e voltar para a tela título, mas restaurar o save faz igual. Foto do momento do pau abaixo.
Consegui continuar a tela em câmera lenta apertando o R para flutuar com o carrinho. Um facho de luz aparece, o que acho que é um erro (imagem abaixo), e tudo continua em câmera lenta, mas continuei jogando na esperança de o jogo voltar a funcionar ao terminar a tela. Porém, numa parte que tem uma colmeia e um tentáculo, o herói grita e a tela fica preta, mesmo que eu tenha vencido os inimigos. Esta tela preta, assim como a anterior, é permanente. Eu não consegui mais avançar a partir daí e o save sempre volta da segunda tela do carrinho, já em câmera lenta e com o pau.
É uma pena, eu estava gostando do jogo. É por isso que as desenvolvedoras pararam de fazer um único slot para saves, mas infelizmente este é o caso de Gunbrella. Você sempre tem acesso apenas ao seu último save, que no meu caso ficou corrompido. A boa notícia é que avisei a Devolver Digital do problema, e o problema já foi consertado. Consegui, através do meu próprio save, avançar e terminar a campanha.
TUDO ME LEMBRA DELA, ATÉ A GUNBRELLA
Depois do pau relatado acima, o jogo te leva novamente às mesmas fases pelas quais passou antes, porém elas estão modificadas. Talvez por isso ele se considere um metroidvania, mas como você tem a ordem pré-estabelecidade de exploração, eu diria que é mais próximo de um plataforma 2D de ação em fases, com possibilidade de voltar para fases anteriores.
Infelizmente, minha experiência foi azedada pelo pau. Isso fez com que eu parasse de jogar por duas semanas, escrevesse este artigo e depois de consertado, joguei o restante e modifiquei metade do texto. Claro, problemas técnicos acontecem e não estou reclamando do enorme privilégio de ter jogado quase tudo antes do lançamento. Só não foi o ideal parar a história no meio e retomar depois, com minha memória de Dory.
De qualquer jeito, parar de jogar porque o jogo quebrou é a pior coisa que pode acontecer, e é a segunda vez que me acontece isso nessa semana (parte deste texto foi escrito em dois de setembro de 2023, e a outra parte em 12 de setembro). De qualquer forma, este é um relato da minha experiência, e vale mais como curiosidade. Afinal, você não terá este problema quando jogar. E eu realmente recomendo. Gunbrella é um jogo muito legal, com aquela deliciosa violência crocante em pixels que a gente tanto gosta.