Guitar Hero II

0

Finalmente coloquei as minhas mãos num dos jogos que eu mais queria conhecer. E foi uma empreitada quase tão difícil quanto comprar o próprio console – e quase tão cara quanto.

Já começou com aquele monte de problemas que inclusive já divulguei aqui. Como as reclamações pareciam estar minguando, finalmente me empolguei para comprar o bichinho. Com o absurdo preço cobrado pela versão nacional, que você pode adquirir aqui (não interessa o que digam, nada justifica aumentar o preço do bagulho de 90 dólares para 600 reais), o jeito era importar diretamente, e foi isso que fiz.

A loja na qual comprei, contudo, provavelmente numa tentativa de prestar um bom serviço, me deu um upgrade no envio, passando do standard air mail que eu havia escolhido, para a Fedex. Inicialmente, achei legal, pois o tracking prometia que eu recebesse meu produto dali a dois dias, ao meio-dia (eu nunca tinha visto um tracking tão exato). Às 10:30 do dia em questão, o produto realmente chegou no meu prédio. Só que só seria entregue mediante o pagamento de uma taxa de quase 200 reais. O.o

Como assim? Perguntei para o entregador, deixando claro que eu estava plenamente ciente de que a taxa de importação é de 60%. Ele, é claro, não soube explicar, e disse apenas que as coisas funcionam de forma diferente para entregas feitas pelos correios ou pelo sistema Courier. Sem ter o que fazer no momento, paguei e depois entrei em contato com a empresa para questionar isso, que me respondeu com alguns números de leis. Verifiquei e realmente a tal cobrança está prevista na lei, mas nada tira da minha cabeça que é algo de má fé, muito provavelmente uma propina paga pela Fedex para o governo brasileiro para agilizar o processo alfandegário. Eu sei que, depois dessa, NUNCA MAIS vou fazer nenhum tipo de negócio com a Fedex, e recomendo que você também evite isso nas suas compras internacionais. Afinal, pagar um imposto mais caro que o produto é ridículo! E o pior é que eu nem mesmo escolhi essa forma de envio… Mas vamos ao jogo.

Eu nunca havia jogado nada da série Guitar Hero e, por isso mesmo, não vou ficar falando quais são as faixas exclusivas para o 360 ou comparando com a primeira edição. Para todos os efeitos, para mim esse Guitar Hero II é o primeiro e, portanto, pode ser que eu manifeste meu desejo por algumas faixas que já foram lançadas no jogo anterior. Acontece, né? 😉

Enfim, a idéia do Guitar Hero é tão óbvia que chega a ser estúpido que ninguém tenha pensado nisso antes. Principalmente se lembrarmos que os jogos de dança já habitam o mundo dos games há anos. E quem joga videogame, via de regra, gosta de Rock, não de Dance. Logo, a evolução de Dance Dance Revolution para Guitar Hero realmente levou muito tempo.

E, sim, Guitar Hero é basicamente o mesmo jogo que você conhece da franquia de dança da Konami. A diferença é que aqui a trilha sonora é focada no Rock e o controle, ao invés de um tapete, é uma guitarra. E, cara, por mais que eu já tenha me divertido bastante dando meus passinhos nerds no Dance Dance Revolution, isso faz TODA a diferença. O jogo é bem simples. Você escolhe uma música e botões coloridos vão aparecendo na tela que simbolizam o que deve ser apertado em cada momento. Você segura o botão correspondente e dá uma palhetada no momento certo. É isso, simples assim. Agora vamos destrinchar mais cada tópico de interesse:

A GUITARRA

A guitarra é uma Gibson X-Plorer e tem cinco botões coloridos no braço que são, basicamente, as cordas. No corpo, tem uma barrinha, que deve ser acionado como se fosse uma palhetada para fazer as notas soarem. Também tem uma alavanca, que fica abaixo da barrinha de palhetada e cuja sensação de acioná-la é exatamente a mesma da de uma guitarra real, o que é bem legal. Ela também afeta a música da mesma forma que uma alavanca de verdade.

Finalmente, o controle é completado por um direcional digital, pelo botão Xbox Guide, que serve para acessar o sistema, pelo Start, que serve para pausar, e pelo Back, que “serve” para usar o Star Power. Essas aspas estão aí porque é completamente impossível apertar esse botão durante uma música sem perder várias notas. Felizmente, existe outra forma de acionar o Star Power, que é levantando a guitarra, como um bom músico de Heavy Metal. Essa idéia é genial, mas definitivamente não faz muito sentido se você estiver tocando Nirvana ou uma daquelas coisas mais paradas, que não empolgam nem os próprios músicos. Ah, sim, pausar também é igualmente difícil e você também vai aprender a odiar se o telefone tocar quando estiver quase conseguindo 100% em uma música. É estranho que tenham colocado esses botões em um lugar tão “inapertável”. Tem também uma entrada para pedal que até o momento não é usada e um encaixe para o headset, caso você queira conversar com seus amiguinhos enquanto joga. Ah, sim, contrariando todas as expectativas, a guitarra tem fio.

Além da guitarra e do jogo, a caixa vem também com uma strap para que você possa tocar em pé e com alguns adesivos para customizar seu instrumento (me refiro à guitarra). Uma coisa que não posso deixar de reclamar, contudo, é que no manual diz que “uso excessivo da alavanca pode quebrá-la”. Essa é uma das coisas mais cretinas que já li em um produto. Imagina você comprar uma TV e vir no manual que “uso excessivo do botão de liga e desliga pode quebrá-lo”? Pô, se o negócio faz parte do produto tem que poder ser usado sem dó e a Redoctane ter sentido a necessidade de colocar esse aviso para mim foi praticamente a mesma coisa que dizer “a guitarra é podre e vai quebrar logo para que você tenha que comprar outra”. Era melhor não ter falado nada. Ou ter feito um produto decente de uma vez, já que ele definitivamente é caro o suficiente para exigirmos qualidade.

GRÁFICOS

Analisar os gráficos de Guitar Hero II é um tanto complicado. Toda a parte criativa deles está genial. Os personagens têm visuais característicos do Rock, o design dos ambientes também está bem no alvo e tudo mais. Só que a execução realmente deixa a dever e, graficamente, a versão de 360 é inferior a muitos jogos de PS2, o que é uma pena. Segundo a caixa, este game roda em alta resolução até 1080p, o que é o mais alto que eu já vi para o console. Embora esta opção de resolução esteja disponível no sistema, normalmente os jogos só vão até 720p ou 1080i. De qualquer forma, minha TV é uma daquelas CRT normais, então não pude analisar a melhora decorrente disso. E, pelo que sei, apenas o 360 Elite é capaz de gerar imagens nessa resolução, já que o normal não tem saída de HDMI.

SOM

Aqui o jogo brilha. Tudo é mixado em Dolby Digital 5.1 e isso faz MUITA diferença. Se você tiver um bom sistema de Home-Theater, será completamente embalado pela potência das músicas, bem como pelas palmas das platéias. Para você ter uma idéia, a qualidade de áudio deste jogo é superior a todos os DVD-áudios que já ouvi e rivaliza até mesmo com aqueles DVDs que têm o som mais cabuloso, como as versões estendidas de O Senhor dos Anéis. Se você está a fim de exibir seu Home-Theater, esse é O jogo que você tem que adquirir. O único defeito que posso colocar na mixagem é que algumas músicas (Killing In The Name, por exemplo) estão mais altas que a maioria, o que faz com que você tenha que ajustar o volume com mais freqüência do que deveria.

Também vale a pena destacar a diferença que faz no som entre os shows ao vivo e o modo Practice. No show, além da platéia batendo palmas e gritando, o som da guitarra e da banda é forte e encorpado. No Practice, é como se você colocasse o disco para tocar e acompanhasse com a guitarra. Se você escolher diminuir a velocidade da música, contudo, será acompanhado apenas por um tacômetro. Embora a idéia seja legal, essa diferença deixa ainda mais chato praticar, principalmente se comparado com o som tremendão dos shows.

MÚSICAS

Temos aqui uma ótima seleção. Não interessa por qual tipo de Rock você tenha preferência, sem dúvida vai encontrar aqui muitas músicas que gosta. Curte Hard Rock? Então vai se divertir bastante com Warrant (Cherry Pie, cara!), Kiss (Strutter), Van Halen (You Really Got Me, Guns ‘n’ Roses (Sweet Child of Mine), Mötley Crüe (Shout At The Devil) e Spinal Tap (Tonight I’m Gonna Rock You Tonight), entre outros.

Sua praia é o Grunge? Então suas preferidas provavelmente vão ser Nirvana, Pearl Jam ou Alice In Chains. Prefere um Rock Alternativo? Temos Mathew Sweet, Jane’s Addiction e até o sempre estranho Reverend Horton Heat.

Se você gosta mesmo é de um Metal, vai encontrar coisas como Iron Maiden, Anthrax, Megadeth, Lamb of God e muitas, MUITAS outras. Na verdade, o foco do jogo é mesmo no Metal, especialmente no Death. Mesmo fãs de Classic Rock não terão do que reclamar, pois o setlist traz clássicos do Lynyrd Skynyrd (Free Bird!), Allman Brothers Band, Rolling Stones e até os mais pesados Deep Purple e Black Sabbath ou o Rock ‘n’ Roll do Stray Cats (aliás, deveria ter mais desse estilo aqui).

A maior parte das músicas são covers. Inicialmente, achei que isso acontecia porque a desenvolvedora precisava dos sons de cada instrumento isolado, o que não deve ser sempre possível de conseguir, principalmente em canções mais antigas. Contudo, acho que eu estava errado, já que foi anunciado que, em Guitar Hero III, a maior parte das músicas será a versão original. De qualquer forma, não faz muito sentido na minha cabeça que seja mais barato selecionar músicos que toquem da mesma forma (sobretudo os vocalistas), alugar estúdios e regravar tudo ao invés de simplesmente pagar os direitos (até porque os direitos pela composição têm que ser pagos de qualquer jeito) para usar a faixa original. De qualquer forma, o que importa é que você não vai perceber que são covers em quase nenhuma delas. Strutter, por exemplo, tem um final diferente, mais longo que o original, e Misirlou (Dick Dale) também soa meio estranha, mas tirando essas, todas estão perfeitas, pelo menos na parte instrumental.

Já no quesito vocal, algumas realmente estão estranhudas. É o caso, por exemplo de Killing in the Name (Rage Against The Machine). Pô, convenhamos, qualquer um consegue cantar Rap, como foram encontrar justamente um dos três caras do mundo que não tem voz para isso? Outras, como The Trooper, já exigem mais do vocalista e é compreensível que o cantor desta não consiga reproduzir a voz de Bruce Dickinson, mas sem dúvida poderiam ter achado um cover melhorzinho.

Mesmo assim, a imensa maioria está muito boa. E fiquei realmente impressionado ao constatar que o cara que gravou os vocais em Cherry Pie é o mesmo que gravou Heart Shaped Box (Nirvana), afinal, não é qualquer um que conseguiria fazer com o mesmo brilhantismo tanto a voz alegre e divertida de Jani Lane quanto aquela papagaiada “estou triste porque sou rico, jovem e famoso” do Kurt Cobain (como você já deve ter percebido, eu realmente não gosto de Nirvana). Esse cara sem dúvida é um bom imitador – afinal, não podemos chamar alguém que tenta soar como outras pessoas de cantor, não concorda?

Além das faixas principais, Guitar Hero II conta com mais algumas bônus, que trazem bandas mais desconhecidas, embora algumas nem tanto, pois eu tenho quase certeza que já ouvi falar de Shadows Fall (se bem que esse nome é tão clichê que pode ter mais de uma banda usando-o). Essas faixas bônus são principalmente músicas de Heavy Metal, todas em suas versões originais, mas você dificilmente vai ter o mesmo carinho por elas do que pelas principais. Ah, sim, tem também uma música composta pelo ex-Guns ‘n’ Roses Buckethead especialmente para o jogo e uma outra do Voivod que, sabe-se lá o porquê, não está com os artistas mainstream. E tirando essas, eu tenho a impressão de que a maior parte dessas bandas pagaram pela oportunidade de divulgação que estar num jogo desse porte traria para elas.

Não dá para negar que é uma ótima seleção, mas tem alguns pontos que devemos considerar. Para começar, quando se compõe uma música, a principal preocupação do compositor deve ser se ela soa bem. Assim, é fato que nem tudo é divertido de tocar. Já para a seleção de um jogo como esse, o que mais importa é justamente a diversão que cada faixa proporciona ao ser tocada. E algumas delas são simplesmente chatíssimas.

Um bom exemplo é The Trooper. Não dá para negar que é uma das mais legais do Iron Maiden, mas ela é extremamente cansativa de tocar. Outra que se encaixa no padrão é You Really Got Me. Para começar, já é uma escolha meio burra, considerando que mesmo a versão “original” é uma cover e o Van Halen sem dúvida tem faixas mais apropriadas para um jogo como esse (isso também vale a para a faixa do Deep Purple escolhida – Hush – imagina a miséria que seria tocar o riff de Burn?). Mas para piorar, ela tem riffs bem chatinhos de tocar. Outra péssima escolha é Last Child, do Aerosmith. Cacilda, a banda tem tantos hits legais e vão escolher logo uma música tão parada? Já pensou que legal tocar uma Love In An Elevator?

E se você é um headbanger que ficou feliz com a afirmação sobre o excesso de Metal de alguns parágrafos atrás, prepare-se para cair da cadeira. As músicas de Metal são, de longe, as mais chatas de se tocar. Talvez pela própria natureza “mamãe, olha como eu toco bem” do estilo, elas são todas difíceis, com riffs intrincados e solos mais longos do que o necessário. Um exemplo é a faixa do Megadeth, Hangar 18 que, sem dúvida nenhuma, é realmente muito legal de se ouvir. Contudo, seu solo é longo e cansativo e, sobretudo se você estiver jogando do Hard para cima, vai ficar torcendo para que a música acabe logo. E esse é um sentimento comum nas faixas metálicas do jogo. Outra muito difícil e chata de tocar é Laid To Rest, do Lamb of God. Novamente, música boa para ouvir, mas uma má escolha para o jogo.

Curiosamente, a música que tem o solo mais longo, Free Bird, do Lynyrd Skynyrd, está entre as minhas preferidas de se tocar, talvez por ter um solo mais concentrado em belas melodias do que em milhões de notas por segundo.

Agora a que ganha o troféu de música mais chata do jogo que, aliás, é tão chata que o jogo seria beneficiado pela sua exclusão é Carry Me Home, do The Living End. O pior é que a música é realmente legal, lembra as faixas mais rápidas do Van Halen, tipo Hot For Teacher, mas pelamordedeus, o que é aquela introdução? Será que algum ser humano da face da terra consegue tocar todas as notas dessa parte no Expert?

De qualquer forma, essas que falei acima são exceções e não a regra. A maior parte é legal de ouvir e de tocar. Tudo bem que eu sou bem suspeito para falar, mas na minha opinião, as melhores são as de Hard Rock. É muitíssimo divertido tocar Cherry Pie ou Strutter e você realmente precisa ter essa experiência um dia.

O JOGO

Tudo bem que o mais importante aqui são as músicas, mas imagino que você também possa querer saber como o jogo funciona. É o seguinte, você começa criando uma banda e dando nome para ela. Até agora já criei três. A primeira é minha banda principal e chama Fireflash. Depois, eu queria dinheiro para conseguir os achievements de compras e criei mais duas com esse propósito: Dinheirudos e The Moneymakers. Aliás, se algum dia tiver bandas de Metal, Punk e Rock Alternativo, esses serão os nomes delas, respectivamente. 😉

Uma vez criada a banda, você vai escolher um guitarrista. O jogo traz algumas opções, abordando vários estilos de Rock. Temos o Punk, o Hard Rocker, o Headbanger, a mina do Alternativo e até uns tiozões do Classic Rock, sem falar, é claro, da morte em pessoa. Todos os personagens estão muito bem criados e realmente manifestam bem o estilo que representam, sem falar que vão arrancar muitas risadas daqueles que gostam de Rock.

Banda completa, você vai começar sua carreira rumo a se tornar a maior banda cover da história. Você começa tocando em uma escola e vai arranjando endorsers até seu show final, que acontece no Stonehenge.

No easy, você vai usar apenas três botões da sua guitarra. No medium, um quarto botão é acrescentado. No hard, você começa a usar todos e no expert, além de usar todos, você vai precisar de uns 15 dedos e de bullet-time para fazer alguns solos.

Quando joguei no easy foi tudo muito fácil e até consegui acertar 100% em algumas músicas na minha primeira jogada. No medium, deu uma boa aumentada na dificuldade, mas terminei sem maiores dificuldades, ainda sem ter sido expulso do palco em nenhuma música, embora tenha tocado realmente mal em várias delas (principalmente nas últimas, quando o Metal começa a prevalecer). No hard, a coisa complicou e tive que ser bastante insistente para terminar, sobretudo em músicas como Carry Me Home, onde não conseguia nem passar da introdução. Hoje, consegui cinco estrelas em todas as músicas no medium, consigo jogar relativamente bem no hard, mas ainda tenho muita dificuldade no expert. No momento em que escrevo essa resenha, estou travado na fase chamada Furious Fretwork (a penúltima) e não quero nem pensar em quão difícil será a Carry Me Home (que fica na última). Também não estou achando que serei um dia capaz de conseguir cinco estrelas em todas as músicas no hard, mas quem sabe um dia? 😉

De qualquer forma, por mais aterrador que seja passar do medium para o hard, eu realmente recomendo isso. No início, pode parece impossível e você vai deixar um monte de nota passar, mas quando você pegar o jeito e as manhas necessárias para mexer sua mão ao longo do braço da guitarra para apertar o quinto botão, tudo vai compensar e você realmente vai começar a se sentir um Rock Star.

As estrelas são concedidas de acordo com quantos pontos você consegue em uma música. A cada dez notas sem errar, seu multiplicador aumenta, até um máximo de quatro. Se você usar Star Power, seu multiplicador atual dobra. Para conseguir Star Power, você precisa tocar direitinho alguns trechos mais importantes da música. Assim, você ganha moral para dar seu showzinho particular, que depende do personagem – pode ser desde usar a guitarrra como metralhadora à Steve Harris até mesmo soltar fogo pela boca à Gene Simmons. Ao final da música, cada um dos bonequinhos também tem sua finalização. Alguns quebram a guitarra, enquanto outros ajoelham e a queimam no chão na melhor tradição Jimi Hendrix.

Pois é, amigão, o humor é muito forte neste jogo e, se você gosta e manja de Rock, prepare-se para rir bastante. A principal inspiração da equipe criadora parece ter sido o filme This is Spinal Tap. Por exemplo, na tela de ajuste de volume, todos eles vão até onze. Sem falar que, depois de tocar Tonight I’m Gonna Rock You Tonight pela primeira vez no modo de carreira, seu baterista explode. Ah, sim, cada palco que você toca tem uma animação especial para o bis, que pode ser um zumbi gigante (lembrou do Eddie? Pois é) ou até mesmo a visita de um disco voador. O chato é que você tem que esperar a animação do bis toda vez que toca essas músicas, o que é perda de tempo. Deveria ser possível pulá-las ao toque de um botão.

As telas de loading também são lotadas de piadinhas. Por exemplo, “se seus vizinhos reclamarem do barulho, aumente o som até que eles se mudem” ou “é mais importante ter um minibar na sua sala de ensaio do que um baixista”. As faixas bônus, curiosamente, têm telas de loading exclusivas, apresentando curiosidades sobre a banda em questão (o que reforça a minha idéia de que elas pagaram para estar aqui). Isso é legal e seria interessante ter essas curiosidades sobre as grandes bandas também.

Ah, sim, os Achievements, os famosos objetivos que tornam esse tipo de jogo ainda mais viciante no 360. Eles também estão permeados de humor, principalmente nos nomes. Temos o Prêmio Malmsteen, por exemplo, concedido para quem conseguir tocar mil notas sem errar nenhuma ou então o Prêmio Hendrix para quem tocar com a guitarra invertida, em posição de canhoto.

Esses prêmios variam entre o muito fácil, como se recusar a tocar o bis ou concluir o tutorial, até os quase impossíveis, como conseguir cinco estrelas em todas as músicas no Expert – sintomaticamente intitulado “Prêmio Comece Logo Uma Banda de Verdade”.

Um problema grave na gameplay na minha opinião são as compras. Ok, até é legal você poder comprar outros personagens ou outras guitarras, mas o jogo é mais mão de vaca que a UIP. Por exemplo, quando você consegue cinco estrelas em uma música, você ganha 600 doletas. E pronto, você só vai poder ganhar mais dinheiro nela se tocar nas outras dificuldades (sendo que o Easy não dá grana). Se você conseguir três estrelas na primeira tentativa, ganha menos e, quando você conseguir aumentar sua pontuação, ganha o restante.

Foi justamente por isso que eu criei as bandas Dinheirudos e The Moneymakers, pois para conseguir, por exemplo, o achievement de ter comprado todas as guitarras, você precisa comprar todas com a mesma banda. Até aí tudo bem, o chato é que você só pode usar esses ítens com a banda que usou para comprá-las. E isso é chato, porque significa que você tem que escolher entre ter os personagens, as roupas extras, as guitarras ou qualquer outra coisa. E trocar essas coisas durante o jogo com a mesma banda, ajuda a deixar o game menos enjoativo.

MULTIPLAYER

Contrariando todas as tendências atuais, sobretudo no Xbox 360, não é possível jogar Guitar Hero II online. É possível, contudo, jogar em duas pessoas no mesmo console. Agora convenhamos, qual é a possibilidade de você ter um amigo que more perto de você que também tenha o jogo (e, conseqüentemente, a guitarra) e que tenha a mesma habilidade para que vocês possam ir atrás dos achievements cooperativos? Muito pequenas, acredito. Sobretudo aqui no Brasil. Por causa disso, até agora todas as minhas experiências em multiplayer foi com uma pessoa usando a guitarra e a outra tocando no controle o que, é claro, não é tão legal.

Existem três modos de multiplayer aqui. O primeiro é o cooperativo, que permite que um de vocês assuma a guitarra principal, enquanto o outro toca o baixo ou a guitarra base (dependendo da música). Isso é legal, já que tocar o baixo é uma experiência bem diferente, mas, para ser sincero, meio chata, pois o baixo da maior parte das bandas é repetitivo e está lá apenas para dar peso. Nas bandas que têm um baixo mais caprichado (como o Rush, por exemplo), é bem legal assumir o instrumento, às vezes até mais legal do que a guitarra. Minha reclamação com esse modo é em músicas que têm solos feitos por mais que um guitarrista, como The Trooper ou Free Bird. Ao invés de cada jogador assumir as partes de um deles, um fica com todos os solos, enquanto o outro é limitado à base. No caso da Free Bird é ainda mais estranho, pois mesmo o guitarrista base toca o solo inteiro, o que é meio desnecessário. Particularmente, acho que seria bem legal fazer que cada um assumisse um dos solos, como acontece nas bandas de verdade. Aqui vocês têm o mesmo placar e, para usar Star Power, ambos precisam levantar suas guitarras ao mesmo tempo – coreografias, cara! *-*

O segundo modo é o Face-off, que é o versus. Só que, se você, como eu, joga sobretudo pela diversão, não pela competição, esse modo tem até mais cara de cooperativo do que o anterior, pois cada jogador toca um pedacinho da música. Em solos extensos, como a própria Free Bird, é uma experiência inesquecível, pois você se sente realmente um tremendo virtuoso fazendo um duelo com outro cara tão bom quanto você. E olha que eu ainda não brinquei aqui com duas guitarras, deve ficar ainda melhor. No multiplayer, a guitarra do jogador um sai da caixa esquerda e a do seu companheiro sai da direita, o que deixa ainda mais divertido, pois você sabe exatamente o que está tocando.

Finalmente, temos o desnecessário Pro face-off, que é um versus bem feijão com arroz, onde os dois tocam a música inteira para tentar fazer mais pontos. É o mais sem graça dos três.

CONTEÚDO PARA DOWNLOAD

Quando me falaram que Guitar Hero do 360 teria as faixas do primeiro para download, achei muito tremendão. Principalmente porque, na minha cabecinha inocente, elas seriam de graça. Obviamente, não são. Você é obrigado a comprar em pacotes de três (o que é ruim, visto que dificilmente as três interessariam, já que não são selecionados de acordo com estilos, mas de forma completamente aleatória, unindo, por exemplo, Ramones e Judas Priest) e cada pacote custa 6,25 moedas de ouro estadunidenses. Caro pra burro e tem gente aí que fez as contas e que disse que, se você comprar todas as faixas do primeiro para download, gastará mais do que se tivesse comprado o jogo com a guitarra para PS2 o que não faz absolutamente nenhum sentido.

CONCLUSÃO

Se você já jogou o primeiro, provavelmente já sabe o que esperar, mas se ainda não experimentou, pare de perder tempo e vá atrás deste jogo. Ele tem seus defeitos, alguns bem graves, mas ainda assim, jogá-lo é uma experiência única e extremamente divertida. Fácil de começar e difícil de dominar, característica necessária para qualquer grande clássico. Só é uma pena que fazer cara de quem está gozando não aumenta sua barrinha de Star Power. Quem sabe no terceiro? 😉

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorO Ultimato Bourne
Próximo artigoVem aí: Highlander – O Game
Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
guitar-hero-iiAno: 2007<br> Gênero: Ritmo<br> Plataforma: Xbox 360, PS2<br> Fabricante: Harmonix Music<br> Versao: Xbox 360<br> Distribuidor: RedOctane<br>