Guerra Secreta

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Que a Casa das Idéias já não é a mesma faz tempo você já sabe, mas uma das coisas que mais me irrita na Marvel hoje em dia é quando eles criam uma história totalmente boba e dão para ela ares “épicos” para justificar alguma importância dentro da cronologia dos heróis e esse é um dos grandes problemas de Guerra Secreta, minissérie em três edições (e quase homônima a essa aqui) escrita por Brian Michael Bendis, o renomado autor que inaugurou a linha Max há alguns anos e que detona cuidando do Homem-Aranha Ultimate.

Na história, o mega-chefão da S.H.I.E.L.D, Nick Fury, descobre que a primeira ministra da Latvéria (o famoso país do Dr, Destino), Lúcia Von Bardas, está financiando a fabricação de uniformes de certos vilões “B” (Escorpião, o novo Duende Macabro, o Urso e outros do mesmo naipe). O governo dos EUA ignora a questão (pra variar) e parte para soluções diplomáticas, mas Fury tem certeza que existe alguma coisa muito maior por trás envolvendo atos terroristas e convoca um grupo de super-heróis (a saber: Homem-Aranha, Capitão América, Demolidor, Wolverine, Luke Cage e Viúva Negra) para viajar até o lugar e “destituir” a moça do cargo, essa é a tal Guerra Secreta do título.

O roteiro segue de maneira interessante mas nunca chega a empolgar. Para falar a verdade, é até frustrante, pois você espera um clímax que nunca chega (a luta final – digamos assim – é ridícula e ainda conta com uma participação especial sem sentido do Quarteto Fantástico). Você passa o tempo todo esperando alguma reviravolta, traição, ou algo inesperado que possa acontecer mas nada, a única surpresa é um segredo envolvendo os uniformes dos vilões, mas acredite, não é nada que vai mudar a sua vida.

Muito se falou sobre essa minissérie, uma teoria da conspiração que abalaria o universo Marvel e coisas do gênero, mas tudo que se conclui é o rabo preso do governo estadunidense com a Latvéria, coisa que já aconteceu em outras 500 minisséries antes dessa.

Fica difícil ignorar alguns furos do roteiro também, como por exemplo ninguém perceber a Guerra Secreta sendo que duas cidades foram praticamente devastadas no processo. Seria alguma técnica tipo o desneuralizador do M.I.B. de apagar mentes (e não estou falando da lavagem cerebral imposta por Fury aos heróis que participaram da tal ação) ou será que nenhum cidadão acordou um belo dia, viu que sua cidade estava em ruínas e não desconfiou de nada?

Outra falha grave está na personalidade de alguns heróis, o próprio Capitão América está irreconhecível e a história ainda apela para clichês lamentáveis como o velho robô substituto na hora em que um personagem é ferido mortalmente (ahá, você não achou que um personagem importante morreria certo?).

Para não dizer que temos um desastre total, pelo menos os desenhos de Gabrielle Dell´Otto são muito bons e puxam mais para o lado realista. Não chegam à perfeição de Alex Ross, mas pelo menos trazem algum diferencial.

Enquanto a Casa das Idéias continuar fazendo tanta pressão para colocar séries fraquinhas assim nas bancas (Guerra Secreta demorou mais de um ano para ser concluída e seu lançamento atrasou até aqui no Brasil, onde a terceira edição demorou MESES para chegar), não é a toa que os mangás orientais continuarão comendo uma grande fatia do mercado com suas histórias bem estruturadas. Nem perca seu tempo.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
guerra-secretaPaís: EUA<br> Ano: 2004 (EUA) / Novembro de 2005 a fevereiro de 2006 (Brasil)<br> Autor: Brian Michael Bendis (texto) e Gabrielle Dell´Otto (desenhos)<br> Editora: Panini<br>