Na resenha de Habana Blues, eu mencionei que os filmes com os quais tenho uma relação emocional mais forte eram todos estadunidenses, mas que se acontecesse de algum filme europeu me tocar tanto quanto um Star Wars, eu seria o primeiro a admitir. Aliás, justiça seja feita, eu gostei muito dos dois Asterix & Obelix, que são franceses e dos quais havia me esquecido na resenha supracitada.
Pois bem, realmente estava esperando que Guardiões da Noite fosse o primeiro filme europeu com resenha delfiana a adentrar o limitado rol dos “filmes tremendões segundo Carlos Eduardo Corrales”. E olha, o bagulho começa bem. A cena da magia negra, logo no comecinho, é impressionante e empolga. O final também é bem legal. E tudo que acontece entre os 10 minutos iniciais e os 5 finais é chato. Deveras chato. Ok, tem um caminhão que dá um salto mortal, mas tirando esses 20 segundos, todo o meio é um tédio absurdo.
E pior que a história é legal, embora tenha mais semelhanças com Star Wars do que um filme doKevin Smith. Saca só: no melhor estilo Underworld, existem dois times de criaturas que estão sempre brigando. Eles se dividem nos Guerreiros da Luz, que são os Guardiões da Noite e nos Guerreiros da Escuridão, que são os Guardiões do Dia. Há muito tempo, quem sabe numa galáxia muito distante, foi feito um pacto entre as duas raças que visava manter o equilíbrio.
Mas existe uma profecia que diz que virá um enviado muito poderoso e que ele vai escolher um dos lados e esse lado vai ganhar a batalha. Quando esse enviado for localizado, obviamente os dois lados vão desencanar da trégua e tentar puxar a sardinha (ou o moleque) para si. E isso me lembra muito a história do álbum Seventh Son of a Seventh Son do Iron Maiden. Saca só um pedaço da letra da faixa-título que, pensando na sua comodidade, já foi traduzida para a língua de Camões: “E então, eles observam seu progresso / o Bem ou o Mal, que caminho ele vai escolher / ambos tentando manipular / o uso de seus poderes antes que seja tarde demais”. Pelo jeito o Maiden também faz sucesso na Rússia. 😉
Pois é, mas essa profecia é completamente ignorada durante todo o filme. Aparece apenas no final e mesmo assim, muito mal desenvolvida. Depois dos supracitados 10 minutos iniciais, o espectador fica na constante expectativa que o longa vai engrenar. Mas não engrena em momento nenhum.
Uma curiosidade: embora o filme seja falado em russo, as narrações foram traduzidas para o inglês, gerando uma confusão semelhante à que vimos no lançamento tupiniquim de O Guia do Mochileiro das Galáxias.
Guardiões da Noite é baseado em uma trilogia de livros, o que significa que devem vir mais duas continuações por aí. Eu fico sinceramente torcendo que consigam recuperar a franquia e que, quem sabe, a trilogia como um todo acabe ocupando um lugar no meu coração ao lado de algumas trilogias sagradas como Star Wars e De Volta para o Futuro. Infelizmente não foi dessa vez.