Criado em 1978, finalmente o único gato de quem eu gosto (ei, eu tenho alergia a gatos), chega aos cinemas. Quem conhece o personagem diria que demorou tanto por preguiça do protagonista, já que acordar cedo toda segunda-feira para filmar, definitivamente não parece coisa do Garfield. Independente do motivo, o fato é que Garfield, o Filme chega ao Brasil nesta sexta-feira em um filme com muitos altos e baixos.
Vamos começar pelos altos. O filme é absurdamente fiel aos quadrinhos. Garfield (voz de Bill Murray no original, e do global Antonio Calloni na versão nacional) está perfeito, igualzinho ao das tirinhas, tanto no visual como na personalidade. E o melhor é que, apesar disso, ele realmente parece e age como um gato. E como podemos ler os pensamentos dele, nos leva até a entender porque os gatos fazem determinadas coisas. O cachorrinho Odie, embora não seja digital, e por isso não tenha aquela adorável carinha de bobo, age exatamente como o Odie que conhecemos e gostamos, com sua ingenuidade contrastando com a safadeza do gato. Até o dono John (Breckin Meyer) está igual ao do gibi, dadas as devidas proporções, é claro, afinal, nenhum humano tem aqueles olhões das tiras de Jim Davis. Arlene, a famosa gata rosa também faz uma ponta no filme, mas ela não é rosa e por isso eu só descobri que era ela no material de divulgação.
Agora os baixos. A dublagem brasileira é ruim, não chega a ser ruim como Shrek, mas tem aquele padrão “global” de (falta de) qualidade. Será que ter um global dublando o filme realmente leva tanta gente a mais ao cinema para se sacrificar a qualidade da fita? Outro “probleminha” é a interatividade de Garfield (criado em CG) com os outros personagens e objetos. Embora quando está sozinho na tela fique muito legal, quando existem outros personagens – principalmente se estiverem em contato com ele – parece deveras artificial.
O golpe fatal, no entanto, é a história. Está simplesmente na cara que ela não foi trabalhada devidamente pelos roteiristas (e olha que são os mesmos de Toy Story, que parecem estar com a criatividade em queda livre), que obviamente optaram pela primeira idéia que surgiu e foram nela até o fim, sem o famoso brainstorming, essencial em atividades criativas. Como você provavelmente já sabe, o filme começa quando John leva Odie para casa e Garfield fica com ciúmes. Depois de algumas trapalhadas (a melhor parte do filme, que remete diretamente às tirinhas e chega a arrancar gargalhadas), Odie se perde e Garfield, com peso na consciência vai atrás dele para trazê-lo de volta. E dá-lhe lições de moral típicas da Sessão da Tarde. Pois é, é exatamente a mesma história que eu e você criaríamos, mas acabaríamos desistindo da idéia por considerar clichê demais.
No final, das contas, Garfield, o Filme, fica devendo. É um filme divertido e engraçado, mas convenhamos, com o material base que os caras tinham, deveria ser muito mais que isso. A boa notícia é que agora que eles queimaram a história clichê, se houver uma continuação ela será bem melhor (embora nunca devamos subestimar a capacidade hollywoodiana de utilizar clichês). Vamos ficar no aguardo e ver o que acontece. Garfield merece mais.
Garfield, o Filme estréia nesta sexta-feira, dia 16 de julho.
PS: Não posso deixar de mencionar que, durante o filme, a tela ficou super estranha, com a parte de cima da imagem embaixo e a parte de baixo em cima, em uma tremenda negligência dos funcionários do Espaço Unibanco. O triste é que coisas assim sempre acontecem nos cinemas paulistanos e parece que eu sou o único que se sente incomodado com essas coisas.