Hoje realizei um sonho. Infelizmente, ao contrário da maioria dos meus sonhos, este não envolvia uma mesa com os mais variados quitutes gordurosos e outra com mulheres de todas as cores e tamanhos. Esse era um sonho, digamos, mais comportado, e envolvia uma tela grande, um monte de cadeiras vazias, eu e mais ninguém!
Sim, delfonauta, morra de inveja! Na cabine deste filme, eu fui abençoado com uma projeção exclusiva, pois aparentemente o restante da imprensa não tinha muito interesse nele. Isso significa que, durante 84 minutos, eu pude admirar a sétima arte sem ser incomodado por nenhum celular tocando, conversas paralelas ou caboclos desgraçados chutando minha carteira. Foi mágico, delfonauta, simplesmente mágico. Toda sessão de cinema deveria ser assim (e poderia ser, se os brasileiros fossem um povo educado).
Mas vamos ao filme, o novo longa de Kim Ki-Duk novamente nos mostra a decadência do sentimento de um casal.
Logo no início, somos apresentados à turminha de um presídio, onde um deles, justamente um condenado à morte, tenta se suicidar. Ao ver a notícia na TV, uma manceba infeliz com o seu casamento decide visitá-lo. Ela acaba conquistando o moçoilo e eles vivem uma breve historinha de amor, à Tristão e Isolda, já que não se encontram com freqüência.
Trata-se de um filme quase mudo, já que existem muito poucas falas. Boa parte da história é contada simplesmente através de olhares, o que pode ser chato para alguns, mas genial para outros. Só fica meio estranho nas cenas que mostra a turminha da cadeia, já que a forma que eles agem, sobretudo pela falta de diálogos, chega a lembrar até mesmo símios em um zoológico. Mas, ei, talvez seja justamente essa a idéia.
No final das contas, Fôlego é um filme muito legal, mas definitivamente não é recomendável para qualquer um. Se você gostou da descrição, não perca.
Curiosidade:
– É engraçado que, mesmo o cara estando condenado à morte para o dia seguinte, quando ele tenta se suicidar, eles o levam para o hospital e operam o sujeito para salvar a vida dele. Esse fato é ironizado também no Sin City e é curioso que realmente seja assim na vida real. Um baita desperdício de dinheiro público, não acha?
