Pois é, amigo delfonauta. Ando um pouco chateado com a série Winning Eleven que, há alguns anos, não ganha uma boa inovação. Seguindo o conselho de amigos, resolvi experimentar o novo Fifa 2008 para ver se o negócio valia a pena. Não é que eu me surpreendi positivamente? Mas calma lá que a famosa série da EA Sports ainda está a anos luz da concorrência e já explico o porquê.
Sem dúvida nenhuma, este é o Fifa mais Winning Eleven de todos os tempos, o que significa uma tremenda evolução desde que a série ingressou no formato 3D lá nos idos do finado 3DO.
Se levarmos em conta a máxima do “nada se cria, tudo se copia”, a EA Sports tem feito sua lição de casa direitinho, aprendendo com os erros das versões anteriores e melhorando a experiência e a jogatina. Porém, mesmo para os hereges que não são fãs do esporte bretão (espero que eu não tenha pegado pesado), é carta marcada que Fifa sempre foi mais focado na diversão do que na simulação, não importa o quão ultrajante isso possa significar aos puritanos. Por conta disso, deve-se encarar com cautela essa mudança de estratégia em focar o jogo na simulação, ou pelo menos na tentativa de fazer isso.
O fato é que até pouco mais da metade dos anos 90, a série reinava com folgas e, de repente, viu seu império ser ameaçado por um jogo realista do mesmo esporte, não em uma seqüência de gols e jogadas parecidas. Só agora os executivos da empresa resolveram descer do salto alto e assumir que Winning Eleven realmente é a melhor série de futebol disponível, então vamos tratar de copiar as suas principais qualidades e sejamos todos felizes.
O problema é que, mesmo com uma sensível evolução na jogabilidade, Fifa 2008 ainda carrega diversas sombras (na verdade, teimosias) do passado e a mudança é mais lenta do que o necessário.
Alguns exemplos dos vícios que precisam mudar na jogabilidade da série para que ela possa se equiparar a Winning Eleven:
– Quando você chuta e o goleiro espalma a bola, ela nunca volta no seu pé ou bate no goleiro e entra, sempre sai milimetricamente perfeita pela linha de fundo;
– Na cobrança de escanteio, o posicionamento do seu time é sempre o mesmo e o esquema para conseguir uma cabeçada também;
– Ainda nos escanteios, se o goleiro espalmar a bola, ela sempre vai cair no pé do adversário anulando totalmente o rebote;
– Chutar da entrada da área no canto do goleiro é sempre gol;
– Fazer uma jogada de linha de fundo é muito difícil porque os jogadores parecem travados demais nesses momentos e você sai com bola e tudo sem criar nada;
– O cruzamento nunca vai exatamente aonde você quer;
– Nas jogadas de ataque, especialmente já dentro da área, os passes também não são precisos;
– O posicionamento dos times em campo é pífio. Por mais que você monte um esquema ofensivo, o seu time inteiro fica na defesa impossibilitando rapidez nos contra-ataques.
Por essas e outras que Fifa ainda não pode ser considerado o melhor jogo de futebol do mercado. A Electronic Arts parece estar no caminho certo, mas falta a fórmula das jogadas aleatórias que não permitem esqueminhas e vícios remanescentes dos 8 / 16 Bits.
Para piorar, os controles na versão PC são horríveis, travados e com uma resposta absurdamente lenta, mesmo jogando com um bom pad de oito botões. Portanto, se você puder optar por alguma versão, escolha a dos consoles domésticos para pelo menos não enfrentar este problema. No Xbox 360, o controle flui muito bem e as respostas são bastante precisas.
Uma curiosidade do novo Fifa ocorre principalmente para quem assiste a uma partida sem jogar. Ficamos com a impressão de assistir a uma partida de futebol bem antiga, dos anos 60, daquele tempo onde o Pelé driblava o adversário e ele se curvava para a Majestade do rival sem apelar para quebrar a perna do Rei. Sabe aquele programa que passava nos cinemas há um tempão chamado Canal 100, onde passavam os melhores lances de determinadas partidas de futebol, porém em câmera lenta e com aquela musiquinha (Na Cadência do Samba) de fundo? Então, assistir a Fifa é quase como assistir um capítulo do Canal 100 enquanto que Winning Eleven se assemelha mais a uma partida atual, com mais dinamismo e jogo truncado.
Quanto à parte técnica, eu me decepcionei bastante. Lembro que um dos únicos argumentos que os fãs sempre tiveram era com relação aos gráficos mais vivos e cheios de detalhes que o concorrente nunca teve. Pois esqueça isso. O que temos em Fifa 2008 está pior do que nas versões anteriores, incrível!
Os rostos dos jogadores parecem bonecos de cera mal feitos, os estádios e as torcidas são totalmente sem graça, os papéis de parece são feinhos (repare nos prédios ao fundo de alguns estádios, é de chorar!) e a única coisa que pode chamar a atenção é a textura da camisa dos jogadores que tem um efeito legal, mas só. Por incrível que pareça e mesmo sem grandes melhorias nos últimos quatro anos, Winning Eleven massacrou nesse ponto.
De que adianta ter 500 times licenciados se nenhum deles têm jogadores reconhecíveis, com exceção dos medalhões? Ainda por aí, repare também que os juízes e bandeirinhas não fazem nenhum gesto, eles apenas correm de um lado para o outro, o que é bem tosco.
Quanto às músicas, acho que eu não preciso comentar que a trilha sonora de Fifa se baseia nos últimos hits do momento e isso já é o suficiente para o jogo perder pelo menos meio Alfredinho da nota final, porque se você não assiste MTV ou não está inteirado ao mundo Pop (como eu), vai boiar e detestar, o que mostra mais uma vez que o objetivo da EA Sports é atrair jogadores casuais (o carro chefe da série, já que boleiro que é boleiro vai atrás do realismo), como acontecia também nas versões anteriores. Já os barulhos no campo em si são bacanas e a torcida é ensurdecedora, como deve ser mesmo em uma boa partida.
Chatices à parte, mesmo com todos os defeitos eminentes, percebe-se uma boa vontade em aproximar a jogabilidade de Fifa à da concorrência, o que é bom e já vale uma conferida no novo exemplar de futebol da Electronic Arts. Mas é inegável que a série ainda tem que comer muito arroz com feijão e deixar de lado seus vícios para conquistar mais admiradores. Ficamos assim, se você é um jogador hardcore, que curte um futebas de verdade, corra pra WE, mas se quiser apenas bater uma bolinha descompromissada e com cara de Canal 100, “brinque” com Fifa 2008.
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