Fade to Silence: survival horror com ênfase no survival

Ouviu isso? Eu também não!

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Fade to Silence, Black Forest Games, THQ Nordic

Fade to Silence é um caso raro nos games mais indies. Os criadores da Black Forest Games foram ambiciosos e não se limitaram a fazer um pixelado em 2D. Fade To Silence é um jogo poligonal, com movimentação de câmera livre e atores fazendo as vozes dos personagens. Daí a dizer que ele é bom… bem, ele não é bom.

FADE TO SILENCE

A proposta de Fade to Silence é combinar jogos de sobrevivência, como Conan Exiles, e terror. “Mas, Corrales”, diz o delfonauta na carteira do fundo vestindo uma camiseta dos Misfits e um cabelo que está entre o moicano e o rockabilly, “isso já existe e chama survival horror“. Pois você está errado, meu amigo astro zombie.

Fade to Silence, Black Forest Games, THQ Nordic

O que temos aqui é muito diferente de um Resident Evil. Verdade, no survival horror tradicional, você precisa administrar itens e usá-los com parcimônia, mas na pior das hipóteses rola uma situação perigosa com pouca vida e sem munição. Aqui, é necessário lidar com frio e fome e, se você não fizer nada para aplacar estes medidores, vai bater as botas mesmo que não haja monstros nos arredores.

A parte do terror vem das criaturas que você encontra, que são abertamente inspiradas na literatura de Lovecraft. O combate também é abertamente inspirado, veja só mas que novidade, em Dark Souls, com dois tipos de ataque e um medidor de stamina que impede de martelar os botões.

SOBREVIVÊNCIA X TERROR

E é aí que as coisas começam a ruir. Jogos de sobrevivência são experiências abertas, focadas em andar a esmo pelo mapa, procurando por itens que te mantenham vivo. Terror, por outro lado, é um gênero que exige uma mão forte do diretor, que controle onde você vai e o que você pode fazer em cada momento da narrativa.

Fade to Silence, Black Forest Games, THQ Nordic

Tire a mão do diretor e simplesmente espalhe monstros pelo mapa aberto e, bem, você tem um mundo aberto com monstros, não um jogo de terror. Além disso, não há motivo para encarar os inimigos, uma vez que a progressão só se dá através de combate em momentos específicos.

E sim, há uma narrativa, mas a coisa é bem aberta, pendendo bem mais para um jogo de sobrevivência tradicional.

HERÓIS DO SILÊNCIO

O problema é que ele nada faz neste aspecto para se destacar das dúzias de outros jogos com maior orçamento e qualidade. Pelo contrário, aliás. Fade to Silence é bem feinho por si só, e tem um dos huds mais intrusivos que eu já tive o prazer de ver.

Fade to Silence, Black Forest Games, THQ Nordic
Acho que tem um pedacinho de tela sem texto ali no canto.

Em matéria de huds, a indústria caminha em direção a uma estética minimalista, passando apenas o necessário. Fade to Silence prefere encher a tela de textos, e como resultado eu só fui achar meu medidor de fome quando era quase tarde demais para comer.

Eu gosto quando desenvolvedoras resolvem fazer jogos ambiciosos, mesmo com orçamentos limitados. Mas Fade to Silence é um exemplo de que às vezes é melhor criar um metroidvania ou um roguelike.