Fade Out – Suicídio Sem Dor

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Quando o DELFOS recebeu o convite para resenhar Fade Out – Suicídio Sem Dor, eu me dei conta que precisava me atualizar mais no cenário nacional de quadrinhos.

Muito tempo lendo Marvel e algumas coisas da DC, ambas com suas super sagas, me fizeram esquecer um pouco que existe gente boa, que faz trabalho de qualidade aqui no Brasil. E me surpreendeu ainda mais por ser uma obra que não tem super-heróis e tudo mais que sempre acompanha as HQs. Fade Out consegue chamar a atenção pelo tema, pouco comum em HQs: o suicídio.

A ORIGEM

Feita pelo trio Beto Skubs (roteiro), Rafael de Latorre (desenhos) e Marcelo Maiolo (Cores e letreiramento), Fade Out foi concebido, inicialmente, como um roteiro de cinema pelo Skubs. E só virou HQ depois que Latorre insistiu na ideia e os dois inscreveram o projeto no ProAc (Programa de Ação Cultural) e estiveram entre os vencedores.

A HISTÓRIA

O protagonista da história é Kurt, um jovem comum, que vive com sua mãe, tem uma namorada, um emprego e amigos. Ou seja, tem uma vida normal, a não ser por um pequeno detalhe: Kurt contempla o suicídio, fato que nos é apresentado logo de início, com uma cena forte do protagonista, deitado em uma banheira, com um tiro no peito. Ou seja, logo de cara ganhamos o final da história, mas ela volta no tempo até entendermos como aquela cena aconteceu.

A história vai contando um pouco da vida de Kurt, como é seu relacionamento com a namorada Tiffany, um papo “cabeça” com seu amigo Jason e até o surgimento de Andy, uma mulher que Kurt encontra por acaso e que acaba bagunçando a sua vida.

Até aí, só conhecemos o dia a dia do personagem, mas a história começa a tomar um outro rumo quando ele recebe uma mensagem no MSN com um arquivo sobre uma série de assassinatos e decide que tem que parar esse serial killer.

A partir daí, a história ganha outro ritmo, até chegarmos ao final, que é algo inesperado e faz uma reviravolta na história toda. E aí sim entendemos a cena inicial de Kurt na banheira com uma bala no peito.

CONSIDERAÇÕES

Fade Out é uma obra de qualidade indiscutível e bonita de se ver, pois os desenhos de Rafael De Latorre são ótimos e ficaram melhores ainda depois do trabalho de colorização do Maiolo, que, diga-se de passagem, eu achei sensacional. Sem contar o material da revista, que ficou de primeira linha!

Mas ela não é perfeita, caro delfonauta. Teve muita coisa que ficou mal resolvida na HQ. O desenrolar da história tem muitos buracos e algumas coisas ficam sem explicação. Caso você seja uma pessoa bem criteriosa quanto a isso, certos fatos vão lhe incomodar.

Talvez o trio não tivesse espaço suficiente para colocar todas as explicações na HQ. Ou simplesmente o roteiro seria melhor utilizado no cinema, onde com certeza daria um filme bem legal.

Outro fato que me incomodou é que as páginas não possuem numeração. Eu realmente não gosto disso. Isso é gosto pessoal e sei que muita gente nem vai notar, mas eu gosto da numeração nas páginas por alguns motivos: caso eu tenha que parar a leitura, é só eu marcar a página que parei e depois procurar por ela. E outra, e se alguma página grudar na outra e eu não perceber? Pela numeração nas páginas, é possível identificar isso com mais facilidade.

Fade Out – Suicídio Sem Dor é uma obra feita por gente talentosa e que vale a pena conhecer. Além de ser uma HQ nacional, apresenta um tema delicado de ser tratado e foi muito bem apresentado.

CURIOSIDADES:

Fade Out teve a aprovação de gente de peso do cenário das HQs. Mike Deodato Jr. e Marcelo Campos são alguns pesos pesados que gostaram do trabalho.

– Temos extras na HQ. E são bem bacanas, pois é possível ver esboços dos personagens, da capa, testes de cores nos personagens e até um breve relato do Beto Skubs, contando como teve a ideia do roteiro. Completa o material uma rápida biografia do trio.

– Apesar de ser uma HQ brasileira, todos os personagens possuem nomes mais utilizados em países da língua inglesa. Kurt, Andy, Jason, Macallister… Será que foi proposital, para atingir o público da terra do Tio Sam?

– Ainda tocando neste assunto, em nenhum momento é citado a cidade ou país onde os personagens estão. Mas através de pequenos detalhes é possível identificar que a história se passa nos EUA.

– Ficou com vontade de comprar a HQ? Na Comix tem.