Cara, o que eu fui fazer nessa cabine? Pleno domingão, hora do almoço e eu no cinema assistindo um documentário sobre um surfista de quem eu nunca ouvi falar. É verdade, eu não tenho problemas para assumir minha ignorância e se tem uma área do entretenimento que eu realmente não domino é a área de esportes.
Fábio Fabuloso é um documentário sobre um surfista chamado Fábio Gouveia que, segundo o filme, é um dos principais surfistas do mundo. Pois é, meus amigos nerds, se vocês também acharam que se tratava de um super-herói graças ao nome com duas inicias repetidas como Fantastic Four, Scott Summers, Peter Parker, Matt Murdock, Carlos Corrales ou Bruce Banner, você foi enganado, assim como eu. Se bem que, pela admiração com que todos falam do cara, ele parece ser um herói para muita gente.
É claro que é muito mais fácil falar de quem ganha. Mostrar o patrocinador dizendo algo como “quando eu vi o Fábio surfar, já sabia que ele ia dar certo” dá até um ar de vidência para o cara, mas a verdade é que todo patrocinador pensa isso de seus patrocinados, caso contrário, para que patrocinar? Encarar esse desafio foi justamente o motivo que levou Hollywood a fazer um filme sobre a Apolo 13 – a que deu errado – e não sobre a Apolo 11 – a que deu certo.
Mas verdade seja dita, se o documentário gira em torno de Fábio, o personagem que mais chama a atenção é o narrador, realizado por Pedro Cezar. Ao contrário da locução limpa e formal com a qual estamos acostumados, a de Fábio Fabuloso é realizada em um divertido sotaque nordestino que passa ao mesmo tempo humildade e aquela sabedoria do povo. Com uma lógica irrepreensível, é impossível não rir de suas tiradas, como quando ele diz que, quem não sabe “enrolar a língua” chama Kelly Slater de Carlos Leite.
E se o narrador rouba a cena e torna o filme divertido, é nas partes onde o motivo do documentário aparece que ele tem suas cenas mais entediantes – as que mostram Fábio surfando. E dos 63 minutos da projeção, pelo menos uns 30 devem ser clipezinhos com o rapaz mostrando suas habilidades. E são cenas tão longas que levam aqueles que não se interessam tanto pelo esporte – como eu – a bocejar. Por outro lado, quem não se interessa pelo esporte não vai pagar para ver esse filme, então fica tudo beleza.
Embora tenha sido uma sessão meio chata para mim, eu sei reconhecer que eu não faço parte do público alvo – mesmo na cabine não estavam os jornalistas tradicionais, mas representantes de revistas e veículos relacionados ao surfe – e que, para quem faz parte do público alvo, esse filme deve ser muito bom. E se você curte surfe e quando leu o título deste filme não pensou tratar-se de um filme de super-heróis, vai correndo assistir. É arretado, sô!
Fábio Fabuloso deveria estrear dia 26 de novembro e enquanto isso, já que estamos falando de esportes, eu sugeriria que você não deixasse de ler a resenha do Bruno para outro documentário do estilo, Pelé Eterno. O problema é que a data de estréia foi adiantada (o filme já está em cartaz) sem nenhum aviso à imprensa e só consegui abrir um espaço no DELFOS para publicar essa resenha (que já está pronta há mais de um mês) agora, que era o dia programado para ela ser publicada de qualquer jeito. Peço desculpas pelo atraso, mas não podia bagunçar os outros textos já programados apenas por causa da falta de organização da assessoria deste filme.