Eu estava um tanto ansioso para ver este filme pelo simples motivo de que ele parecia sair da trilogia máxima do clichê absoluto do cinema nacional (se você não sabe, temáticas relacionadas a nordeste, ditadura ou favela/diferenças sociais). Claro, encontrar um filme nacional sem esses temas é mais difícil do que misturar uma ruiva com bacon (as ruivas não gostam muito dessa sugestão, sabe-se lá por qual motivo) – e neste filme o nordeste está presente, assim como as diferenças sociais.
Esta é a história de Raimundo Nonato, nordestino que vai para a cidade grande em busca de uma vida melhor. Lá, ele acaba descobrindo que tem um dom para cozinhar e Estômago se torna basicamente um remake adulto e não-fofo de Ratatouille.
Mas essa é apenas uma das duas histórias do longa. Paralelamente, também acompanhamos a vida do Raimundo na cadeia, onde ele descobre que o caminho para o poder realmente passa pelo estômago das pessoas.
Esse negócio de alternar entre duas linhas de tempo ou mais de uma história é difícil de dar certo. Fica legal quando temos uma linha principal e a outra serve apenas para ajudar a desenvolver os personagens. Contudo, quando todas são igualmente importantes, costuma dar em algo chatonildo como isso aqui.
Estômago não chega em nenhum momento ao grau de pentelhação do filme supracitado, mas sofre pelo simples fato de ficar alternando entre as duas linhas. Quando você está se envolvendo em uma, muda para a outra. E isso é deveras fedegoso.
Claro, é óbvio que eventualmente vamos saber o que o personagem fez para ser preso, mas quando isso finalmente acontece, é tão clichezento que chega a ser decepcionante. O mesmo pode ser dito do final da história da cadeia. Sinceramente, ao ler a sinopse oficial, eu já imaginava esse caminho, que foi trilhado religiosamente – e isso não é bom. Aliás, o final é tão previsível e frustrante que me vi obrigado a tirar meio Alfredo da nota por causa dele (originalmente o longa ganharia quatro dragonildos).
Tirando o final e a semelhança com Ratatouille, até que o filme é legal. Tem algumas boas piadas e ótimas atuações, sobretudo do João Miguel, que faz o protagonista. Vale o ingresso, mas não é nada de especial.