No início deste filme tailandês, quando um chumaço de cabelo negro começa a sair de uma pia que transborda água, pensei: “Não é possível que seja outra cópia dos japoneses!”, afinal seria muita falta de criatividade imitar O Chamado e O Grito, sendo que de ambos foram feitas versões americanas, a do primeiro com Naomi Watts e a do segundo com Sarah Michelle Gellar. Quatro filmes com mulheres fantasmas de cabelos longos e pretos já foram suficientes. Mais um desses, ainda que tailandês e não japonês, seria redundante, não aterrorizante.
Felizmente eu estava enganado. Talvez os orientais tenham mesmo medo de cabelos molhados saindo de ralos e pias, vai saber. O fato é que essa cena é uma das poucas que não assustam em Espíritos. O enredo é simples e bem comum aos filmes de terror do oriente: o jovem fotógrafo Tun e sua namorada Jane atropelam uma estudante numa estrada, à noite e, obviamente, não prestam socorro à vítima. A partir daí, Jane começa a ter pesadelos com a defunta e Tun percebe que, nas últimas fotos que tirou, estranhas imagens aparecem, que lembram a estudante atropelada. Além disso, os amigos do rapaz, com os quais ele tinha se encontrado naquela noite, pouco antes do acidente, começam a se suicidar sem motivo.
O grande trunfo do filme está na atuação realista de seu elenco, principalmente do protagonista Ananda Everingham. O rapaz interpreta muito bem o papel do jovem fotógrafo e tem reações verossímeis quando acontece algo sobrenatural. Assim como ele, eu também tremi na cadeira em vários momentos, tamanho susto que essas aparições causam.
Graças à dupla que dirige o filme, Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom (nomes que eu nem ouso tentar pronunciar), o longa tem o clima soturno ideal para a história e mantém um ótimo ritmo de suspense entre cada susto, o que deixa o espectador aflito nos momentos “calmos” que antecedem ou que se sucedem aos “Tammm… Pammmm…. AAAAAAAHHHHHH!”. Outro ponto positivo está na edição de som, que alterna as onomatopéias citadas acima com silêncios e a trilha sonora comum aos filmes do gênero, fazendo a maioria dos sustos ser eletrizante. O roteiro também tem grandes méritos, pois joga informações um tanto vagas no início, para amarrá-las e deixar tudo satisfatoriamente explicado nos últimos minutos. Não chega a ser um final surpresa, mas é inusitado o esclarecimento de alguns infortúnios pelos quais o fotógrafo passa durante o filme.
Depois desses elogios, a pergunta que deixo é: pensaram em Scarlett Johansson e Heath Ledger para um possível remake americano? Façam suas apostas, pois é bem possível que aconteça.