Atenção: o texto abaixo pode conter SPOILERS àqueles que não são familiarizados com Lost ou não assistiram até o fim. Leia por sua própria conta e risco.
Bem, amiguinhos, Lost chegou ao fim. Apesar de não ser uma atração unânime na preferência do público, é fato que o seriado tornou-se um fenômeno no mundo todo, conseguindo manter uma base leal de fãs que, pacientemente, acompanhou Jack, Hurley, Sawyer e companhia, em sua luta pela sobrevivência dentro e fora da Ilha mais famosa da televisão.
Nestas seis temporadas que se passaram, alguns personagens receberam destaque demais, outros, de menos, e há ainda aqueles que sequer tiveram a chance de sair de sua concha. Isso porque uns acabaram virando comida de urso polar, outros foram mortos por uma coluna de fumaça misteriosa, ou algo do tipo.
A divisão não foi necessariamente justa, mas convenhamos, em um elenco com mais de uma dúzia de personagens principais, não deve ser fácil administrar o tempo de cada um nos holofotes.
Isso sem mencionar as caras novas que apareciam a cada nova temporada. Alguns viveram (e morreram) como meros coadjuvantes, outros foram extremamente importantes, cativando os telespectadores e ganhando um lugar vitalício (ou não) no clubinho dos tremendões.
Nesta salada mista de tremendões, coadjuvantes e derivados, há uma turminha que merece destaque: os injustiçados. Ou melhor, merecia destaque, mas a série chegou ao fim e suas histórias acabaram passando batidas.
Personagens queridos pela grande maioria do público que, por ironia do destino (e dos roteiristas), não obtiveram o espaço que mereciam. Não soubemos suas origens, suas motivações ou seus anseios. Agora que tudo acabou, jamais saberemos.
E o pior: às vezes tínhamos de assistir uns três episódios da chata da Kate em uma mesma temporada, e nossos pobres injustiçados permaneciam à margem da turminha dos flashbacks.
Como se isso não fosse o bastante, tivemos ainda personagens sem relevância nenhuma, como o casal Paulo e Nikki, que surgiram de repente, não acrescentaram nada à trama (o Paulo só apareceu para usar o banheiro), particparam de pouco mais de meia dúzia de episódios, e ainda assim tiveram um episódio exclusivo. Fala sério, eu trocaria o episódio deles por um do Vincent numa boa!
Enfim, o que importa é que o DELFOS, justiceiro que só, presta uma homenagem a estes pobres-diabos que mereciam, no mínimo, um episódio focado em cada um. Como não dá para mencionar todos, elaboramos um Top 5. Confira abaixo e regozije-se de nostalgia:
Menção Honrosa – ETHAN ROM – Este é um cara que foi facilmente odiado por todos, desde a primeira temporada. Isto porque se infiltrou entre os sobreviventes do Oceanic 815 (a mando de Ben, conforme vimos posteriormente no episódio A Tale of Two Cities, terceira temporada) para sequestrar Claire e seu vindouro baby. Pô, o Ben tem uma pira de seqüestrar bebês, hein?
Em uma seqüência de desastres, Ethan, mostrando que é um cara extremamente pintudo, escova o queridinho Jack de porrada, quase mata o drogadinho Charlie e, de quebra, leva a pobre Claire consigo (episódio All The Best Cowboys Have Daddy Issues, primeira temporada).
Mesmo perpetrando estes atos medonhos, Ethan mostrou-se um cara dedicado e cuidadoso com Claire no período em que a manteve cativa. Isto durou pouco, pois a pobre gestante fugiu de seu cativeiro (com a ajuda de nossa quarta colocada e sua filha) e, em um episódio absurdamente tenso (Homecoming, primeira temporada), nosso célebre injustiçado foi morto por um precipitado e irracional Charlie.
Antes de tudo isso, porém, vimos vários momentos da vida de Ethan em flashbacks de outros personagens. Foi ele quem ajudou a “recrutar” a gatíssima Dra. Juliet Burke para seu trabalho na Ilha. Posteriormente, na realidade paralela, Ethan trabalha em um hospital de Los Angeles e, por ironia do destino, atende a mesmíssima Claire que estava tendo contrações (What Kate Does, sexta temporada).
5 – LESLIE ARZT – O professor de ciências que foi literalmente pelos ares teve um ou outro papel importante no decorrer da série (destaque para a fatídica excursão ao Black Rock em busca de dinamite), mas nunca soubemos muito de seu passado. O que se sabe foi apenas o que ele comentou casualmente na ilha: era professor de ciências, teve três esposas (como visto no episódio Exodus: Parte II, na primeira temporada), e estava em Sidney para se encontrar com uma garota que conheceu pela internet (como vimos no mini webisódio Tropical Depression). Seu encontro não foi muito bem-sucedido (talvez por que ele mostrou uma foto que não era dele à moça), por isso ele decidiu voltar mais cedo para Los Angeles, e acabou no vôo 815 da Oceanic.
Como hobbie, Arzt coleta e cataloga insetos, com destaque para a aranha Latrodectus Regina, vulgarmente conhecida como Aranha Medusa (por seu veneno causar paralisia temporária). Tal aranha posteriormente é roubada por Nikki, que a atira em Paulo, mas acaba se dando mal também (no episódio Exposé, da terceira temporada). Fora da ilha, vimos Arzt interagindo com outros personagens no aeroporto, e atuando como professor (na realidade paralela durante a última temporada).
4 – DANIELLE ROUSSEAU – Essa coitada pagou todos os seus pecados na Ilha, pois chegou lá mais de 15 anos antes da queda do vôo 815 da Oceanic. Eu sei que pudemos ter um vislumbre de seu passado durante um dos movimentos temporais da Ilha, mas sua vida nunca foi devidamente esmiuçada na telinha.
Praticamente tudo o que se sabe sobre a francesa (se é que esta é mesmo sua nacionalidade) nunca pôde ser efetivamente comprovado, valendo-se apenas de sua palavra e do pouco que vimos. Sabe-se que sua equipe chegou à ilha após naufragar em uma tempestade. Coincidência ou não, Rousseau e sua trupe estavam tentando encontrar a fonte de um sinal que transmitia continuamente a famigerada seqüência numérica 4, 8, 15, 16, 23, 42 (episódio Numbers, primeira temporada). Teoricamente, ela ficou meio doida por conta dos sussurros que ouvia pela floresta e matou todos os integrantes de sua expedição, afirmando que a Ilha lhes havia “mudado”. O fato de sua filha, Alex, ser raptada por Ben ainda bebê não contribuiu muito com a sanidade mental da coitada.
Para aguentar tanto tempo na selva, a amazona espalhou várias armadilhas pela mata, e manteve-se afastada de quaisquer outros habitantes, bem como do monstro de fumaça. De fato, todas as vezes que se encontrou com os sobreviventes do vôo 815 da Oceanic foram obras do acaso. Na realidade paralela, uma versão menos maltratada de Danielle Rousseau andou dando umas cantadas no professor de sua filha, Alex (episódio What They Died For, sexta temporada). Adivinha quem é este professor? Benjamin Linus!
3 – PIERRE CHANG – Uma das figuras mais misteriosas durante a segunda temporada, Pierre Chang (mais conhecido como Dr. Chang posteriormente) foi por um bom tempo a “cara” da Iniciativa Dharma, pois apresentou os vídeos explicativos das diferentes estações Dharma aos sobreviventes. Parte de seu mistério estava no fato de utilizar diferentes nomes nos vídeos em questão, entre eles Dr. Marvin Candle e Dr. Edgar Halliwax. Além disso, as informações passadas aos indivíduos de cada estação Dharma eram contraditórias, o que tornava seus reais propósitos uma incógnita.
Ele é o pai do personagem Miles Straume, e aparentemente um dos cabeças no projeto de descobrir as propriedades eletromagnéticas e temporais da ilha. Só o que sabemos sobre seu passado é o pouco que foi visto sobre o passado de seu filho, Miles. Em um vídeo divulgado durante o Dharma Initiative Recruiting Project, que foi uma brincadeira oficial sobre a mitologia de Lost, que rolou entre a quarta e a quinta temporadas (Lost teve muito destes joguinhos para os fãs, como o Lost Experience e, mais recentemente, o Lost University), viu-se que o Dr. Chang sabia de muitas coisas sobre o futuro, inclusive sua própria morte e o fim da Dharma. Na realidade paralela, Pierre Chang apresentou um prêmio ao honrado empresário Hugo Reyes, aka Hurley (no episódio Everybody Loves Hugo, sexta temporada), bem como apresenta a parceria entre Daniel Faraday e a banda Driveshaft, em um jantar beneficente (sexta temporada, episódio The End).
2 – VINCENT – Sim, meus caros, o adorável cão labrador de Walt também é um personagem injustiçado. O produtor Damon Lindelof chegou a confirmar que Vincent teria seu próprio flashback ao final da primeira temporada, mas a imprensa acabou descobrindo e a ideia foi por água abaixo. O cachorro é tão importante que, se você parar para pensar, ele foi o primeiro personagem que vimos na série (Jack abre os olhos após a queda do avião, olha para o lado e lá está Vincent, feliz da vida). Além disso, a mascote protagonizou uma das cenas mais cuti-cuti da série, ao se jogar na água e nadar atrás da balsa onde estava seu dono (no episódio Exodus: Parte II).
Como se isso não fosse o bastante, ele foi responsável, mesmo que indiretamente, por alguns acontecimentos importantes na trama. Por exemplo: Shannon estava atrás dele quando viu Walt na mata (segunda temporada, episódio Abandoned). Hurley também perseguia o cão quando encontrou a Kombi da Dharma (Tricia Tanaka is Dead, terceira temporada).
Depois que a Ilha começou a se mover pelo tempo, Vincent aparentemente ficou preso no ano 1974, junto de Bernard e Rose (episódio The Incident, quinta temporada). Após a explosão da bomba de hidrogênio, que estabilizou a zoeira temporal e todos foram parar em 2007, Bernard e Vincent tiraram Desmond de dentro do poço no qual foi jogado pelo Vento Preto/Locke.
Posteriormente, em um intenso clima de déjà vu, na última cena da série vemos Vincent chegar de fininho e lamber o rosto de um moribundo Jack, antes deste supostamente bater as botas (episódio The End, sexta temporada). A cena é praticamente idêntica (embora ao contrário) à primeira cena da série, lá do episódio Pilot Parte 1, da primeira temporada, quando o médico acorda e vê o Vincent ao seu lado, após a queda do Oceanic 815.
1 – LIBBY SMITH – Esta é praticamente uma unanimidade quando se fala em personagens injustiçados. Todo mundo foi cativado pela (auto-intitulada) psicóloga, torceu pelo seu romance com Hurley e amaldiçoou Michael por matá-la a sangue frio.
O mais frustrante é que vários outros personagens que entraram junto com ela na série (como a Ana Lucia e o Mr. Eko) tiveram o merecido destaque (leia-se episódios e flashbacks exclusivos) e ela, infelizmente, manteve-se à margem do reconhecimento.
Os poucos vislumbres do passado de Libby (todos vistos em flashbacks de outros personagens), foram absurdamente enigmáticos, e deixaram todo mundo com a pulga atrás da orelha.
Só o que sabemos de fato é: Libby foi casada com um tal de David, ficou viúva e, em algum momento de sua vida, foi paciente do Instituto de Saúde Mental Santa Rosa, juntamente com Hurley (visto no episódio Dave, segunda temporada). O que a levou àquela situação permanece um mistério, embora as especulações apontem a morte de David como o estopim de sua crise.
Mesmo após sua morte, pudemos vê-la em diferentes momentos no que seriam alucinações (ou não) de Michael, o motherfucker que a matou (como visto em Meet Kevin Johnson, na quarta temporada).
Foi graças a Libby que o coitado do Desmond foi parar na Ilha inicialmente, uma vez que ela emprestou o barco de seu falecido marido (batizado Elizabeth em sua homenagem) para que o brotha participasse de uma regata (como visto em Live Togethet, Die Alone, durante a segunda temporada).
Na realidade paralela, pudemos enfim ver Libby e Hurley terem seu momento a dois, o esperado piquenique na praia, que todos queríamos ver desde a segunda temporada (episódio Everybody Loves Hurley, sexta temporada). No derradeiro encontro dos personagens, pudemos ver Libby de relance em companhia do gorducho Hurley (episódio The End, sexta temporada).
Bom, é isso pessoal. Se o seu personagem injustiçado favorito não apareceu aqui, foi apenas por questões de espaço. Se quiser deixá-lo para sempre gravado nos anais da história delfiana, manifeste-se nos comentários!
P.S. Minha memória não é tão boa quanto parece na matéria, a ponto de lembrar de todos os detalhes mencionados acima. Para redigir o texto, eu me vali da Lostpédia, uma das melhores fontes sobre Lost da internet. =]