Eragon

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O delfonauta mais dedicado sabe que desde nenê eu sonho em ter um dragão para mim e sair voando em suas costas ao redor do mundo. Isso provavelmente acabou influenciando na adoção do Alfredo como mascote, sem falar no meu gosto por filmes que apresentam relações de pessoas com dragões, como História Sem Fim e o tremendão e mais adulto Coração de Dragão. Eragon também vai nessa linha e a melhor forma de explicar sua história é dizer que ela segue à risca o mito do herói, que também gerou outras fantasias, como Harry Potter, Senhor dos Anéis e Star Wars. Aliás, as relações com o Episódio IV chegam a ser absurdas e eu as comentarei no próximo parágrafo, então não o leia se quiser evitar spoilers tanto da saga espacial quanto deste Eragon.

Vejamos: moleque camponês encontra algo especial (no Star Wars os dróides, aqui um ovo de dragão). Isso faz com que sua família seja assassinada. Convenientemente, logo a seguir, ele encontra um mentor, que o mostra que ele tem poderes mágicos e um destino muito importante. O mentor também dá uma espada para o moleque. Eles iniciam uma viagem para se juntar à resistência, mas no meio do caminho, o garoto decide mudar o rumo para salvar uma garota que ele nem conhece. Lá, seu mentor vai morrer. Durante todo o tempo, eles são caçados pelo governo corrupto, sobretudo pelo braço direito do governante, que também tem poderes mágicos. A história termina com eles vencendo a batalha, mas não a guerra, pois o governo ainda persiste.

O maior, e talvez o único pecado de Eragon é seguir muito a risca o mito do herói, o que faz com que qualquer pessoa com um mínimo de interesse em fantasia já saiba de tudo o que vai acontecer e até mesmo como o filme vai terminar.

A seu favor, o longa conta com uma relação muito legal entre o protagonista Eragon e a dragonesa (ou seria dragona? Draga talvez? Ou dragoa? Enfim…) Safira. A primeira vez que eles voam juntos e descobrem que podem se tornar um, inclusive enxergando pelos olhos do outro é lindíssima! E a trilha sonora também é deveras tremendona o que, aliás, é essencial em filmes de fantasia.

O final, por outro lado, pode deixar muita gente bem frustrada, já que o filme termina sem conclusão, então já vá avisado que haverá continuação. De qualquer forma, é um filme bem legal, bonito e bem feito e merece ser assistido por todos os que gostam de uma boa fantasia (e não me refiro às já famosas ruivas com bacon). Sem falar que o cinema está precisando de uma nova série de fantasia desde o fim de Star Wars e de O Senhor dos Anéis.

Provavelmente se tivesse assistido quando era criança, Eragon estaria entre meus filmes preferidos, pois infantes não se preocupam tanto se um filme não apresenta nada de novo (até porque para elas, tudo é novo). Se você tiver filhos, sobrinhos ou o que seja nessa idade, vá assistir com eles e você provavelmente vai gostar bem mais, pois isso vai ajudar a ver este longa como ele realmente deve ser assistido: pelos olhos de uma criança que ainda acredita na fantasia, e não como um cinéfilo que já conhece todos os artifícios de roteiro hollywoodianos.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
eragonPaís: EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Fantasia<br> Roteiro: Peter Buchman baseado no livro de Christopher Paolini.<br> Diretor: Stefen Fangmeier<br> Distribuidor: Fox<br>