Enslaved – Axioma Ethica Odini

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O Enslaved é uma das bandas de metal que mais estão chamando atenção ultimamente. O CD cuja capa você está vendo ao lado recebeu prêmios, saudações e homenagens do vento preto ano passado, inclusive aqui no DELFOS, já que ele apareceu na lista feita pelo delfiano Guilherme Viana. E, assim como todo mundo, eu concordo que ele merece o posto, mas talvez o hype tenha sido um pouco grande demais.

Fui atrás do CD logo que fiquei sabendo que ele foi lançado no Brasil. Já tinha comprado os últimos três, ouvido alguma coisa do começo da carreira dos caras e pirado o cabeção com a banda.

Que tipo de som eles fazem? Eles misturam aqueles riffs característicos de black e viking metal com todo tipo de influência louca que você consiga imaginar. Pode ser alguma coisa mais ambiente, uma parte mais Iron Maiden, um pouco de doom metal, um riff mais tradicional ou algo até que lembra o Pink Floyd.

Apesar de o som ser bem variado e ter diversos elementos novos, o álbum não foge tanto dos últimos trabalhos. A melhor comparação é como a carreira do Death: a banda do Chuck Schuldiner foi evoluindo aos poucos, e os três discos finais são bem diferentes entre eles, mas ao mesmo tempo são do mesmo estilo, certo? É isso que aconteceu aqui, com o Enslaved mantendo a mesma direção dos últimos dois álbuns, mas adicionando vários elementos que o fazem completamente diferente.

Assim como várias bandas de metal extremo hoje, o Enslaved tem dois tipos de vocal: um limpo, às vezes meio enjoado, e outro, gutural, totalmente black metal. Não existe um meio termo entre eles e todas as músicas possuem os dois estilos. Neste CD, achei que os vocais limpos não estão mais tão aleatórios como anteriormente, e eles combinam com o que a banda está fazendo em cada música. Ponto positivo. Já os guturais perderam a qualidade, e o vocalista Grutle Kjellson força muito em quase todas as faixas, deixando a performance bem genérica na maior parte das músicas.

Além dos vocais, a banda vai do muito leve ao super pesado (trüe norwegian bläk metal) em quase todas as músicas, diversas vezes. Surpreendentemente, eles conseguem fazer isso bem. Quem não está acostumado com esse tipo de som talvez estranhe, mas isso é uma coisa que eles conseguem trabalhar bem.

PROBLEMAS

O tanto de charme e cuidado que Axioma Ethica Odini tem de positivo infelizmente não o priva de defeiros. Uma coisa que eles precisam resolver é a repetição de algumas ideias, problema que tem sido suavizado, mas continua irritante. Não é repetição do disco em si, mas como nas introduções, por exemplo, em que eles repetem um mesmo riff durante um ou dois minutos. Não tenho nada contra repetição aqui e ali mas, para fazer isso, as ideias têm que ser MUITO boas e, nesses casos, infelizmente não são (ouça as introduções de Waruun e Giants).

Uma coisa que eu senti muita falta são os solos. O Enslaved não investe muito nisso, mas todos os que ouvi da banda achei brilhantes. É algo que eles fazem muito bem, sem ficar mostrando técnica e cheios de melodias cantantes, sempre tornando as músicas ainda melhores. Pena que não usem mais.

Além disso, o CD é muito complicado de ouvir. Em parte por ele ser complexo, mas também por algumas músicas serem longas sem necessidade (aquela história das introduções repetitivas).

DESTAQUES

Algumas das composições beiram o absurdo em termos de criatividade. A que abre o álbum, Ethica Odini, é um metal extremo fofo e bonitinho (!). Pena que eles não se aventuraram mais por esse caminho. Night Sight é uma daquelas músicas que passam muito sentimento e é cheia de mudanças interessantes. Lightning tem os melhores vocais guturais e os limpos mais bizarros.

Raidho, The Beacon) (como tive vontade de escrever bacon) e Giants são as mais pesadas, mas cheias de vocais limpos doidões. São boas, mas não têm tantos elementos surpresas como as outras e vêm com algumas partes fracas.

Sendo um CD difícil, é algo que cresce a cada audição e confesso que achei o troço horrível na primeira vez que ouvi. E na segunda também. Mas aos poucos comecei a gostar mais e talvez passe a gostar até mais daqui a um tempinho.

VALE A PENA COMPRAR?

Sim, mas se você não acompanhou alguns dos últimos álbuns do Enslaved, não comece por este aqui. Ele é quase sempre “introspectivo”, totalmente diferente do que você espera de um disco médio de metal (que deve ter ação, riffs e helicópteros). Comece pelo CD Isa. Apesar do nome esquisito, ele é intenso, excelente e muito fácil de se encontrar. Depois, recomendo tanto esse novo como o anterior, Vertebrae. Comente aqui embaixo para dizer se você gosta, gostou ou se eu preciso ouvir pagode.