Sabe uma coisa que eu acho curiosa? A facilidade com a qual gráficos 2.5D me impressionam. Eu posso jogar games com câmeras totalmente livres sem achar nada demais, mas se um joguinho 2D faz um movimento de câmera estiloso ou às vezes até um zoom básico, eu já acho maior legal. Você não?
Embers of Mirrim, obviamente, é o novo lançamento do gênero plataforma 2.5D, que tem um lugar tão especial no meu coração. Mas apesar de ser um representante de um dos gêneros mais antigos dos games, ele é bastante criativo e jogá-lo é uma experiência única e bastante desafiadora.
Você controla um bicho semelhante a um gato. Ele pula e ataca o chão, mas o que realmente o diferencia da multidão é o poder de se dividir em duas esferas, uma clara e uma escura.
Você ativa cada uma das duas esferas com um dos gatilhos, e as movimenta de forma independente com as duas alavancas, sendo a direita para a escura e a esquerda para a clara. Este é o diferencial do jogo. Além dos desafios tradicionais, de pular e correr, você precisa ter uma destreza considerável para mexer seus polegares de forma independente.
Isso porque os desafios exigem que cada uma das esferas passe por um caminho específico. As coisas começam simples, com caminhos iguais para os dois lados, mas é óbvio que as coisas logo se complicam. Prepare-se para o tilt mental de quando o jogo exigir que a escura passe pela esquerda e vice-versa.
Felizmente, os checkpoints são sensacionais. Cada desafio vem acompanhado de um checkpoint e todos eles salvam imediatamente, então caso você morra, nunca volta muito, e pode parar de jogar a qualquer momento sem perder progresso. Além disso, você reaparece imediatamente após a morte, totalmente sem loadings, algo bem importante para um jogo tão focado na tentativa e erro.
O delfonauta dedicado sabe que eu sou bastante vocal no meu ódio por colecionáveis, mas eu não estaria sendo honesto se não elogiasse a criatividade do pessoal da Creative Bytes ao implementar esta mecânica. Os colecionáveis são escondidos, é claro, mas não basta achá-los. Eles são basicamente um joguinho de ligue os pontos, no qual você deve levar cada esfera para o próximo ao mesmo tempo até concluir um desenho. É bastante divertido, por mais que, como é tradicional, sejam três troféus de colecionáveis que me impedem de platinar Embers of Mirrim.
Não há inimigos tradicionais no jogo ou combate especificamente. Os desafios são basicamente de locomoção. Consiga levar seu personagem para o outro lado sem morrer e você progride. No entanto, há algumas batalhas com chefes, e elas são surpreendentemente legais, normalmente envolvendo um uso esperto das duas esferas para derrubar o chefe e então poder atacá-lo.
Há também algumas setpieces que são inesquecíveis. A cena da baleia, por exemplo, é uma que provavelmente vai ficar na minha memória por muito tempo, e o troféu que popa junto com a baleia tem um nome tão apropriado que eu estava para dizer exatamente aquela mesma palavra. Yeeeeah.
Visualmente, a principal força de Embers Of Mirrim é justamente o fato de ser em 2.5D. Embora seja um jogo bonito, os gráficos por si só não impressionam, mas o design é bem bacana. Gostei especialmente do design do seu personagem quando você pega o item que te dá uma armadurinha (o que na prática faz com que você precise ser atingido duas vezes para morrer). É muito bunda ruim!
O lado negativo do jogo é que alguns de seus puzzles são bastante obtusos. Fiquei um bom tempo travado em um, por exemplo, que exigia que eu fizesse uso de uma mecânica nunca demonstrada pelo jogo. Esta mecânica, que consiste em explodir tiros com seu ground pound é usada apenas neste puzzle e nunca mais repetida, então eu diria que é um erro crasso de gamedesign mesmo.
Há outros puzzles que me fizeram coçar a cabeça, mas este foi o único que realmente me pareceu injusto, uma vez que te obriga a fazer uso de uma habilidade que você não sabia que tinha.
Embers of Mirrim não é um jogo longo, mas é divertido e coça gostoso aquela coceira que todo gamer tem de jogar um plataforma que não tenha gráficos pixelados. Vale a compra.