Em Boa Companhia

0

Em sua campanha publicitária, o filme é anunciado como sendo a nova comédia do diretor de American Pie. Seria mais justo vendê-lo como a nova comédia do diretor de Um Grande Garoto, pois o estilo de comédia equipara-se mais a este último.

O diretor Paul Weitz, que junto com seu irmão Chris, estreou com uma comédia adolescente cheia de piadas de mau gosto, surpreendeu a crítica com sua obra seguinte, a boa adaptação do romance Um Grande Garoto, de Nick Hornby. Acertou a mão no humor inglês que o romance apresentava e fez um filme divertido e sem apelação. Este Em Boa Companhia, escrito e dirigido apenas por Paul (Chris desta vez apenas produz), segue os passos da adaptação da obra de Hornby.

A vida é boa para Dan Foreman (Dennis Quaid, de O Dia Depois de Amanhã), encarregado da venda de espaços publicitários numa revista de esportes. Sua mulher está grávida e sua filha mais velha acaba de ter a transferência aceita para a prestigiada Universidade de Nova York. Mas sua editora acaba sendo comprada por uma megacorporação, que trata de destacar um de seus funcionários para tomar conta do setor.

A princípio aliviado por não ter perdido o emprego, logo ele terá uma surpresa ao descobrir que, além de ser rebaixado de posto, seu novo chefe tem praticamente metade de sua idade.

Carter Duryea (Topher Grace, o Eric Forman da série That ‘70s Show – sacou a semelhança com o sobrenome de Dan?) é bem sucedido para sua pouca idade, porém sua dedicação ao trabalho acaba por ser a ruína de seu casamento com Kimberly (Selma Blair, de Hellboy).

Sozinho e sem vida além do trabalho, ele se convida para um jantar na casa de Dan e acaba se aproximando da filha mais velha de Foreman, Alex (Scarlett Johansson, a musa de Encontros e Desencontros). Mais alguns encontros depois e eles começam um namoro escondido.

Porém, ao contrário do que faz parecer o trailer do filme, a relação entre eles e o fato de Alex namorar o chefe do seu pai, não são o foco principal da história. Tanto que o desfecho desta linha narrativa não cai no óbvio, como em A Família da Noiva, o que faz com que esta película ganhe pontos extras.

O filme é centrado mesmo no confronto entre o novo – Carter com seu conhecimento das novas técnicas de mercado – e o velho, na figura de Dan, executivo da velha guarda, considerado um dinossauro.

Há pequenas críticas sobre as grandes corporações e como, hoje em dia, diversos setores de negócios se interligam, o que nem sempre é bom. Porém não espere muito aprofundamento delas, pois se percebe claramente que este não é o objetivo do filme.

Também não é uma comédia de risos soltos. A graça é mais contida, proporcionada pelas situações cotidianas do trabalho. Por isso, quem for funcionário de uma grande empresa pode se divertir mais com o humor apresentado.

Todos os atores estão bem – este não é um filme que exige muito – mas o destaque fica para Topher Grace, provando que pode ter uma boa carreira no cinema. Ele é bem mais versátil que seu parceiro de seriado, Ashton Kutcher (Leia a resenha de seu melhor filme, Efeito Borboleta) e já trabalhou com Steven Soderbergh em Traffic, Onze Homens e um Segredo e Doze Homens e Outro Segredo, ou seja, sabe escolher seus papéis.

Completam o elenco Marg Helgenberger (a Catherine Willows de CSI), como a esposa de Dan, e Malcolm “Laranja Mecânica” McDowell, numa ponta não creditada como o chefão da megacorporação que adquire a empresa onde Foreman trabalha.

Menção honrosa para a trilha sonora, que lembra a de Um Grande Garoto. No fim das contas Em Boa Companhia é um passatempo agradável, um bom filme, mas nada que já não tenha sido visto antes. Se você optar por assisti-lo estará “em boa companhia” (essa foi horrível). Se não, também não vai fazer a menor diferença para a sua cultura cinematográfica.

Galeria

Galeria