Senti-me mal quando o CD do Dynahead chegou aqui no Oráculo e eu nunca tinha ouvido falar da banda. Senti que não estou me dedicando corretamente ao metal. Mas o Corrales ordenou que eu resenhasse o disco para me redimir, então o delfonauta agora vai me acompanhar em mais uma espadaúda resenha delfiana.
Eu acho que estou ficando poser.
Bem, minha aposta básica é que a maioria dos delfonautas nunca ouviu falar da banda também, certo? Então é meu dever falar das origens dela. Formada em Brasília em 2004, o Dynahead lançou o seu debut em 2008 e Youniverse é o segundo álbum, lançado em 2011. Agora vem a parte difícil, que é descrever o som deles.
O Dynahead tem um som extremamente variado. À primeira audição, pode parecer que não, já que a sensação ao ouvir o disco não é de “ir do quente ao frio” como acontece quando o som varia muito. O CD tem uma boa coesão e cada faixa segue a outra muito bem, mesmo que sejam musicalmente muito diferentes em alguns momentos. Nesse quesito, eles lembram muito o Eternal Malediction, que indicamos no Especial do Rock deste ano, que tem a mesma característica. Além disso, ambas as bandas alternam vocais rasgados/guturais com limpos.
Ok, eu disse que o CD tem muita variação, mas que estilo de música eles fazem? Fica difícil responder em apenas um parágrafo, então eu separei algumas faixas para explicar um pouco melhor.
A abertura, chamada Ylem, tem um riff que poderia facilmente estar no clássico Heartwork, do Carcass. Não apenas por lembrar muito o estilo daquele disco, mas também pela alta qualidade do negócio. Algumas pessoas vão provavelmente associar ao Arch Enemy, e com razão, mas vale lembrar que o Arch Enemy pegou muito do Carcass (o guitarrista Michael Amott, por exemplo, tocava originalmente no Carcass). De qualquer forma, é esse o tipo de som que ajudou bastante a formular o que vemos como metal moderno hoje e que encontramos em vários momentos de Youniverse.
Os vocais agressivos lembram muito o que ouvimos de bandas populares de metalcore e, se o delfonauta desprevenido ouvisse a sétima música, My Replicator, poderia concluir que o disco então se enquadra nesse estilo. Mas não é verdade, claro.
Para complicar ainda mais como definir o som dessa banda, é só analisar algumas outras músicas, como Unripe One, que tem um andamento mais cadenciado, com um refrão que lembra bastante um Black Label Society muito inspirado. Ainda nesta faixa, há algumas passagens mais calmas que me lembraram do Dream Theater. O que mais ajuda a passar essa sensação é o vocalista Caio Duarte, versátil pra chuchu. Eu fiquei impressionado ao saber que ele fez todos os vocais. O vídeo para Eventide mostra a qualidade dos vocais:
A música que eu mais gostei, de longe, foi Inception (nome em inglês do filme A Origem, aliás). O riff inicial é um thrash moderno, tem umas passagens com uns coros meio doidos que lembram o Cradle of Filth ou algo até saído de Hogwarts (e eu falo isso da forma mais positiva possível, já que adoro coisas loucas assim) e os versos da música são meio jazzísticos, com uns vocais muito bons. E de alguma forma, os caras colocaram um pouco de death/black metal em algumas partes, tudo sem perder sentido.
Apesar de tudo isso de positivo, o CD tem defeitos. A produção é boa, mas ela não diferencia os caras em nenhum aspecto das outras milhares de bandas recentes de metal que estão por aí. Esse é o maior problema que eu tenho com discos atuais. As influências modernosas demais também não me agradam (alguns riffs e vocais puxam até para o new metal), e o disco tem consideravelmente bastante delas.
De qualquer forma, o Dynahead tem muito talento e qualidade e não se limita a fazer o mesmo som que todo mundo faz. Eu espero que eles ousem mais nos próximos álbuns, porque com certeza me interesso pelos (vários) momentos mais criativos deles.
CURIOSIDADES:
– No site oficial, é possível baixar o primeiro disco na íntegra gratuitamente. Fica outra dica para conhecê-los, apesar de eu não ter tido tempo de ouvir esse ainda e não saber se é tão legal quanto o Youniverse.
– Aí embaixo você confere o videoclipe da música Circles, que não se parece com as outras músicas do CD, mas é a mais acessível: