DiRT Rally

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Olha só que curioso. Até pouco tempo atrás, que eu me lembre eu nunca tinha jogado um jogo de rally antes. Daí, praticamente na mesma semana, dois jogos de rally chegam à redação. E sabe o que é mais curioso? DiRT Rally é muito parecido com Sébastien Loeb Rally Evo. Tão parecido, aliás, que boa parte das coisas que descrevi no jogo do Tião também se aplicam aqui, como as joker laps e as instruções do seu co-piloto. Vamos focar então no que ele tem de diferente.

UM SIMULADOR IMPLACÁVEL

Na minha resenha de Sébastien Loeb Rally Evo, eu comentei o fato de que ele é um simulador bastante inacessível, especialmente se comparado a Project Cars, que permite uma maior customização da dificuldade.

Pois DiRT Rally é ainda mais implacável. No Rally Evo, por exemplo, você tem a possibilidade de rebobinar um trecho da corrida se perder o controle do carro ou fizer alguma barbeiragem muito feia. Aqui, se isso acontecer, você tem que esperar um prompt aparecer na tela e só então apertar triângulo, o que retorna o carro para a pista. Porém, você leva uma penalidade de até 15 segundos por usar este artifício.

Isso se torna ainda mais hardcore pois os carros são ainda mais sensíveis, as pistas cobertas por gelo, neve ou terra realmente afetam o controle, e você ainda precisa consertar o veículo sempre que tiver uma oportunidade, o que por sua vez tem seu custo.

Curiosamente, a versão que testei não tem idioma em inglês. Assim como em Diablo III, quando rodei pela primeira vez ele ficou em espanhol. Eu precisei sair do jogo e mudar a configuração do PS4 para português (eu normalmente uso tudo em inglês) para ativar a versão nacional.

Curiosamente, a dublagem em português parece ter sido feita por um nativo do idioma castelhano. Ele fala em português, sem dúvida nenhuma, mas tem um sotaque muito forte. Por exemplo, uma coisa que ele fala muito é “não corta”, mas o que ele realmente fala é algo tipo “no cortá”, o que é bem engraçado.

Há algo errado com o co-piloto, no entanto, pois em uma situação ele começou a dar informações invertidas, me avisando de curvas para a direita quando elas eram para a esquerda e vice-versa. Acho que ele é meio disléxico. Felizmente, isso só aconteceu uma vez, mas uma coisa que aconteceu mais de uma vez é suas instruções verbais não estarem sincronizadas com as que aparecem na tela. Na prática, aparecia na tela a próxima curva enquanto ele me avisava de uma seguinte, o que também foi confuso. Parecem ser coisas que podem ser corrigidas em um patch, no entanto.

ISSO É HARDCORE!

Assim como em Rally Evo, você vai passar boa parte do seu tempo por aqui correndo sozinho tentando fazer um tempo melhor do que os outros corredores, que por sua vez também correram sozinhos. Os melhores tempos levam as medalhas.

Aqui, no entanto, cada evento é composto de quatro corridas, e a cobiçada medalha vai para aquele que tenha o melhor tempo somado de todas elas. Há uma outra forma de jogo, que são corridas mais tradicionais.

Nesta modalidade, cada corrida é composta de quatro voltas (sendo que uma deve ser a volta coringa). Você deve fazer quatro corridas (ou seja, 16 voltas) na mesma pista e os 12 primeiros colocados vão para a semi-final. Daí, os vencedores vão para a final, onde finalmente o vencedor é eleito. Eu achei que essa modalidade acaba ficando repetitiva demais, pois são muitas voltas na mesma pista.

Além disso, é deveras difícil. Logo na largada, todos os corredores me deixavam comendo poeira (pelo jeito a aceleração do meu carro é bem inferior do que as da AI) e eu não conseguia mais alcançá-los.

Para completar o jeitão hardcore de DiRT Rally, nesta modalidade você não tem o co-piloto descrevendo a pista para você, e também não há um mapa onde seja possível ver as próximas curvas e a entrada para a “volta coringa”. No Rally Evo, ainda tinha um mapa, ainda que ele não girasse de acordo com a posição do carro como é comum em jogos de corrida.

Por fim, há uma outra funcionalidade que torna este jogo ainda mais hardcore e que eu nunca tinha visto antes. Há uma convenção em games de corrida. Se você fica segurando o botão de freio, após parar o carro começará a dar ré. Se durante a ré, você segurar o acelerador, depois de parar o carro volta a andar para frente.

DiRT Rally manda essa convenção ouvir um pagodão suado. Aqui freio é freio, ré é ré. Ou seja, se você quer dar ré, deve segurar o freio até o carro parar totalmente, soltar o botão e apertá-lo novamente para começar a dar ré. A mesma coisa para voltar a correr para frente.

Parece que não faz muita diferença, mas quando o carro derrapar na pista e você tiver que manobrar rapidamente, vai perder valiosos segundos por causa deste toque mais realista.

RALLY NA TeRRA

DiRT Rally tem uma apresentação audiovisual mais elaborada do que Sébastien Loeb Rally Evo. O visual aqui é bem legal, com ótimos efeitos de terra e neve voando na câmera, além de um som bem elaborado que faz você realmente se sentir no carro, especialmente na câmera em primeira pessoa.

Mesmo assim, admito que me diverti mais com seu primo mais pobre, muito por causa de sua acessibilidade maior. Se você procura um simulador mais difícil e mais realista, no entanto, DiRT Rally é para você. Trata-se de um simulador implacável, sem nenhum dos mimos tradicionais dos games. É você, a estrada, e sua cara de mau. Vai encarar?

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
dirt-rallyAno: 7 de dezembro de 2015 (PC) e 5 de abril de 2016 (consoles)<br> Gênero: Simulador de corrida<br> Plataforma: PS4, Xbox One e PC<br> Fabricante: Codemasters<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Deep Silver<br>