“A história de dois jovens que descobrem um mundo que não conheciam” é a descrição do diretor Walter Salles para o filme. Uma verdadeira produção globalizada, Diários de Motocicleta vem sendo mundialmente alardeado como uma das grandes promessas para o festival de Cannes 2004.
Baseado nos livros Notas de Viaje, de Ernesto “Che” Guevara e Con el Che por Sudamérica, de Alberto Granado, o filme visa contar como foi a viagem do jovem Che Guevara e de seu amigo Alberto pela América Latina, munidos apenas de uns poucos trocados e de uma moto caindo aos pedaços, batizada de La Poderosa.
Diários de Motocicleta começa e termina de forma bem diferente, ambas com muitos pontos positivos. No início do filme, são apenas dois jovens que querem se divertir, conhecendo muitas pessoas, países e culturas diferentes. Nesse ínterim, eles vão passar por vários problemas e confusões, a maioria protagonizada por La Poderosa e descobrir que o mundo é menos justo do que pensavam. Podemos sentir o idealismo dos amigos aflorando aos poucos durante o filme e ambos deixando de ser crianças para, enfim, penetrar no mundo adulto.
Um dos maiores trunfos do filme é o fato de os dois serem caras normais, passando por situações normais. Nada de inverossimilhança. O que acontece com os dois é o que aconteceria comigo ou com você se nos aventurássemos em uma viagem dessas. O tom cômico vem do personagem de Rodrigo de La Serna (Alberto Granado). Sua cara de pau parece não ter fim, bem como as confusões em que se mete.
Um dos momentos mais emocionantes é quando os dois vão para um acampamento de leprosos (Ernesto é estudante de medicina e Alberto é bioquímico). Lá, se deparam com uma situação ridícula onde os próprios médicos não têm coragem de chegar perto dos pacientes e começam sua primeira revolução, quebrando as regras e tratando os pacientes como qualquer ser humano merece ser tratado: com respeito. Os doentes, é claro, retribuem com muito carinho e verdadeiras amizades se formam, transformando até o próprio espectador, que também aprende a ver as pessoas por trás dos rostos marcados por uma das piores doenças da história.
Devo admitir que este não é meu tipo de filme. É um filme que eu dificilmente veria por entretenimento, mas ele conseguiu me cativar. A narrativa bem contada, os personagens carismáticos e, principalmente, as boas atuações, valem o filme. Resta saber se o pessoal que manda em Cannes vai pensar do mesmo jeito.
Diários de Motocicleta estréia esta sexta-feira, dia 7 de maio.
Não deixe de ler a cobertura do Delfos para a entrevista coletiva com a equipe do filme (incluindo o diretor Walter Salles). É só clicar aqui.