Tenho certeza de que todos os fãs brasileiros de Metal se lembram do desastre sem tamanho que foi o Metal Open Air. E, felizmente, não deixaram que o fiasco se repetisse.
Descobriu-se que Felipe Negri, o sujeito muito maduro e responsável que (não) organizou o traumático festival pela Negri Concerts, está de volta ao trabalho sob uma nova alcunha: a Indestructible Entretenimento, aka produtora que estava cuidando dos shows que o Destruction faria por aqui em dezembro.
Sendo assim, começou-se uma campanha nas redes sociais para boicotar a nova empreitada de Negri, e a divulgação foi tanta que a própria banda ficou sabendo. O líder, Marcel Schmier, postou em seu Caralivro a seguinte declaração: “Para acabar com os rumores e o drama, decidimos adiar todas as datas sulamericanas de dezembro! Muitas preocupações dos fãs nos alcançaram nos últimos dias, então voltaremos em 2013 com parceiros diferentes! É uma droga, mas foi o único jeito”. Ou seja, deu certo. Os fãs ficaram sem o show, mas boicotaram os responsáveis por tantos fracassos anteriores através de uma iniciativa muito digna. É desse tipo de postura que a cena brasileira precisa.
Essa notícia foi sugerida no Facebook do Delfos pela Thays Kannab. Se você tiver alguma sugestão, fique à vontade para deixá-la também.
ATUALIZADA 5/10 às 21:17
Felipe Negri postou no site da Negri Concerts a seguinte carta aberta:
A todos que se interessarem:
Infelizmente após toda a confusão e polêmica envolvendo meu nome, novamente tenho de vir a público falar sobre os ocorridos e dar uma satisfação sobre tudo.
A criação da empresa “Indestructible Entretenimento” não é e nem foi um artifício para “encobrir” atividades da Negri Concerts. A “Indestructible” foi criada para ser uma empresa de booking, em que investidores entram com a parte financeira e eu trabalho apenas como booker (agendando shows). A Negri Concerts continua e continuará trabalhando normalmente, e, isso não é uma afronta aos fãs nem a ninguém, é apenas a verdade dos fatos. Após o Metal Open Air, a empresa foi responsável pela vinda das bandas Therion, Fear Factory e Coal Chamber e todos os shows aconteceram normalmente, sem nenhum tipo de problema aos consumidores desses espetáculos.
Sei dos problemas que centenas de pessoas enfrentaram ao ir ao Metal Open Air, e infelizmente eu ainda não posso comentar nada sobre isso, pois o assunto corre em justiça e estou não só orientado a ainda não comentar, como não quero falar nada para não soar uma briga cega entre promotores, um tentando jogar a culpa no outro. Peço que reflitam comigo apenas uma vez…
Em 2009 comecei nesse mercado de shows e eventos e desde então a Negri Concerts foi responsável pela vinda ao Brasil de 49 artistas e mais de 73 shows no Brasil e América Latina (Dentre eles Accept, Anvil, Annihilator, Amorphis, Blind Guardian, Grave Digger, Saxon, Disturbed, Dir en Grey, U.D.O., Therion, Primal Fear, Kamelot, Iced Earth, Doro Pesch, Deicide, Megadeth, entre outros), sendo que nós nunca frustramos os fãs. Mesmo em shows com baixa venda de ingressos, jamais cancelamos apresentações, assumimos o prejuízo e sempre fiz questão de entregar espetáculos decentes com som, luz, segurança e estrutura corretas.
O único show cancelado da Negri Concerts até hoje foi o Forbidden, pois a banda infelizmente encerrou suas atividades, porém, todos os fãs foram ressarcidos normalmente.
O que quero dizer com tudo isso? Bem, se eu fosse realmente o canalha salafrário que muitos bradam por aí, artistas dessa magnitude simplesmente me ignorariam e trabalhariam com outros promotores, o que não acontece, portanto, será que eu sou esse ser abominável? A resposta pode vir após uma reflexão dos fãs. Tenho visto diversos comentários na internet não só de pessoas massacrando meu nome, mas o lado positivo é que existem fãs que compraram ingressos para as apresentações anteriores e posteriores ao festival e atestam: nunca tiveram problemas com a Negri Concerts.
Gostaria, no entanto, de ressaltar um ponto muito importante: minha família não tem nada a ver com meus negócios. Uma das minhas irmãs trabalhou para mim em diversas ocasiões como freelancer justamente por ser uma pessoa extremamente capaz e experiente, assim como todas as outras pessoas que freqüentemente trabalham comigo. É deprimente (e revoltante) ver ataques às pessoas que não tem nada a ver com isso tudo.
Peço a gentileza de pensarem antes de atacar com palavras quaisquer pessoas que trabalharam nesse festival e ficaram dedicadas até o último minuto, não só por um ideal, mas porque é isso que elas fazem para viver. Se coloquem na pele dessas pessoas, entendam que do outro lado do computador estão seres humanos que têm sentimentos.
Quem mais saiu prejudicado nesse drama todo foi a banda DESTRUCTION e seus verdadeiros fãs. A banda precisou adiar seus planos e teve de mudar todo um planejamento devido à grande pressão que lhes foi imposta e os verdadeiros fãs terão de esperar meses, talvez até anos, para vê-los voltando ao nosso país. Além disso, os promotores de outras cidades e os investidores perderam, enfraquecendo mais um pouco a nossa cena.
Finalmente, sou extremamente grato por todas as vitórias que consegui ao longo desses anos como promotor. Comecei isso tudo sem um centavo no bolso, apenas com o suor e uma idéia e o pensamento de que qualquer um pode ser o que quiser. Passei por poucas e boas e não desisti dos meus sonhos, então, não farei isso agora.
Não espero e nem desejo com esta carta, ganhar a simpatia de pessoas que foram lesadas com o fracasso do festival. O que desejo, sinceramente, é que as pessoas aguardem todos os lados da mesma história antes de tirarem conclusões precipitadas. E tão logo esse meu lado possa ser exposto em público, tão logo o farei.
Obrigado a todos os que, apesar do Metal Open Air, foram nos outros shows da Negri Concerts e aos que acreditam que existe sim mais de um lado nessa história toda e depositam sua confiança em mim, adquirindo ingressos e prestigiando artistas que são tão importantes para a cena.
Felipe Negri