De Volta Para o Futuro – O Novo Box

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De Volta para o Futuro – O primeiro filme

Diz aí, existe coisa mais frustrante do que gastar seu rico dinheirinho em um produto apenas para vê-lo sendo lançado novamente em uma versão turbinada uns poucos anos depois? Acho que qualquer colecionador de DVDs, CDs e etc concorda comigo que isso é deveras chato. Pois mais um produto vem se agregar nessa lista: De Volta Para o Futuro – Box de Colecionador. Convenhamos, colecionador que é colecionador já comprou o box anterior. Mas será que vale a pena comprar outra vez pelos novos extras? Continue lendo para descobrir. Mas vamos começar falando sobre o box anterior.

Os problemas de enquadramento nas partes II e III:

Pois é, amigão. Se você comprou o box anterior na primeira leva, saiba que você levou filmes em “tela cheia cortada”. Explico: o widescreen do box não está no formato original do cinema. Ele na verdade é um tela cheia com as partes de cima e de baixo cortadas. Isso significa que você não apenas perdeu as imagens para os lados, como é comum em DVDs adaptados para tela cheia, como também perdeu imagem em cima e em baixo.

Por algum motivo que escapa da minha compreensão, os DVDs foram para as lojas sem a Universal ter percebido o problema. Quando percebeu, tirou os box de catálogo e voltou a vendê-los alguns meses depois, já corrigidos. Mas… Mas… e quem comprou os antigos?

Bem, delfonauta, a primeira coisa que você deve fazer é se certificar que o seu é o bichado. Para ter certeza, coloque o DVD da Parte II e vá até a cena onde Doc dá a Marty as suas “roupas do futuro”. Em determinado momento, Doc aperta um botão na jaqueta de Marty que encolhe as mangas. Se você conseguir ver esse botão, o seu já está corrigido. Se o botão ficar para fora da tela, o seu é bichado.

E como proceder? Bão, ligue para a Universal no telefone (11) 2105-1234 e solicite a troca. Eles vão dizer que não têm o box em estoque, então, como consumidor indignado, exija a troca pelo novo box. Eles vão pedir para você enviar seu produto (às custas deles) e, em 2 a 3 semanas, você vai receber o box com 4 DVDs, novinho, na sua casa. Foi assim que eu fiz com o meu.

A embalagem e os discos de filmes do novo box:

No que concerne à embalagem, esse novo pacote piorou. Não tem mais aquele encarte legalzinho que tinha no antigo, mas o pior é que os filmes não têm mais caixinhas individuais, com capas que reproduzem os pôsteres originais. Agora vem tudo numa simplória embalagem digipack. É bonita e tal, mas eu preferia ter continuado com meu pacotinho antigo.

Os discos de filmes são exatamente os mesmos do box antigo, com os mesmos extras e mesmas opções de áudio e de legendas. Pois é, nostálgicos de plantão, a dublagem ainda não é a mesma que marcou nossas infâncias na Sessão da Tarde. A Universal refez a dublagem pelo seguinte motivo: a antiga estava em mono. Em uma tentativa de fazer um produto decente, decidiram começar todo o trabalho do zero para nos presentear com uma gloriosa trilha em Dolby Digital 5.1. Infelizmente, o tiro saiu pela culatra, pois quase todo mundo preferia a dublagem da TV. Eu, particularmente, apóio a Universal nesse caso. Dificilmente assisto aos meus DVDs em português, mas quando faço, prefiro ter toda a experiência sonora possível. Acho assaz ridículo um filme cheio da grana como Star Wars ter o som em inglês em Dolby Digital EX e o som em português em estéreo. Ora, faça-me o favor, né, Lucasarts?

Enfim, como os discos são os mesmos, os extras também são os mesmos e por isso não serão comentados nesse texto. Até a tradução cocô dos menus foi mantida. Como exemplo-mor devo citar a ridícula tradução que fizeram de “ZZ Top Music Video: Doubleback” para “O Melhor Clip ZZ: Doubleback”. O tradutor que fez isso, além de ser um tremendo ignorante musical por não conhecer ZZ Top ainda demonstra como fez seu trabalho “nas coxas” por não ter pesquisado ou nem mesmo pensado se ZZ Top não seria o nome da banda. “Alô, McFly, tem alguém aí?”.

Os novos extras:

Novos? Ora, não é para tanto. Acredito que você já sabe que vários extras foram tirados do box tupiniquim antigo, em comparação com o estadunidense. Por exemplo, sabe aquele comentário podre que tem no primeiro filme? Pois é, na versão estadunidense, tem isso para os três filmes, entre outras coisas também excluídas. Em troca desses extras, a Universal colocou na versão tupiniquim a trilha em DTS 5.1, enquanto a estadunidense tem apenas a Dolby Digital. Para aqueles com Home-Theater e que não se importam com extras, é uma troca que valeu a pena, mas acho que escolheram o país errado para fazer a troca. Afinal, quantas pessoas que têm Home-Theater você conhece?

O disco de extras se divide em três partes, cada uma representando um filme. Então vamos analisar o box dessa forma.

Parte 1: O comentário que você já deve conhecer (que está presente no primeiro filme do box antigo e desse) não é exatamente um comentário, mas o áudio de uma sessão de perguntas e respostas com Robert Zemeckis e Bob Gale que era reproduzido durante o filme. Pois entonces, nesse disco temos apenas o áudio, sem a reprodução do filme. Se já era chato tendo imagens, mais chato ainda é com a tela preta. Sem contar que é um extra repetido. Acho muito difícil que alguém assista isso mais de uma vez.

Essa primeira parte também conta com um extra que já estava presente na versão estadunidense do box antigo e que tinha sido cortado da edição tupiniquim. É uma entrevista com Michael J. Fox que apareceria em determinados pontos do filme. Aqui você pode assistir à entrevista direto, sem ter que passar pelo filme para chegar nela. Apesar disso, a entrevista é mostrada em uma janelinha, com cenas do filme passando ao lado, o que mostra claramente que é um extra previamente utilizado.

O último extra da primeira parte é outro repetido: cenas excluídas. O diferencial é que aqui temos algumas cenas a mais que não estão no disco do filme e um comentário opcional de Bob Gale explicando porque essas cenas foram cortadas.

Parte 2: Mais uma repetição, embora para nós, brasileiros, seja inédita. É o áudio da sessão de perguntas e respostas que tocaria junto com o segundo filme na versão estadunidense. Novamente, é algo apenas para die-hard fans e, mesmo assim, para uma única vez. A seguir, as cenas excluídas. Novamente temos cenas repetidas do disco do filme e cenas inéditas, com a opção de comentários de Bob Gale.

E finalmente começam os documentários em si. Temos os seguintes títulos: Elaboração da Produção, Fazendo o Storyboard, Projetando o DeLorean, e Projetando a Viagem no Tempo. Pode parecer bastante coisa, mas cada um desses documentários dura menos de 5 minutos. A maior parte deles está entre 1 e 2 minutos de duração. Além disso, a única entrevista que vemos aqui é com Bob Gale o que dá uma das duas possibilidades: ele foi o único que se envolveu com esse novo box, tratado pela Universal como um lançamento secundário, apenas para ocultar o fiasco dos erros de enquadramento do box anterior OU pior ainda, esse é o material que não foi utilizado no box anterior por não ser considerado suficientemente interessante, provando de uma vez por todas quão secundário é esse novo box para a Universal.

Nessa segunda parte, ainda temos um troço chamado “Evolução das Cenas de Efeitos Visuais”, que mostra algumas etapas de várias cenas, desde a filmagem crua até a cena final. Chato para burro.

Finalmente, um extra que não se sabe porque não foi incluso no primeiro lançamento: o clipe para a música Power of Love, de Huey Lewis and the News. O vídeo conta com a participação especial do tremendão Christopher Lloyd reprisando o papel de Doc, mas não é tão legal quanto poderia. Tem muita falação e pouca música. E porque colocaram o clipe na Parte II se a música é bem mais importante na Parte I está além da minha compreensão.

Parte 3: Aqui estão os melhores conteúdos. Temos um mini-documentário sobre De Volta Para o Futuro III, feito na época do lançamento do filme. É mais ou menos no mesmo estilo do documentário incluído no DVD do primeiro e do segundo filmes.

Temos também a sessão de perguntas e respostas que já estava na versão estadunidense do terceiro filme, chata como as outras e uma cena excluída, a mesma que você já viu no box anterior, agora com a opção de comentários do Bob Gale. Não existem cenas inéditas para esse filme.

Existe apenas um novo documentário aqui, chamado “Projetando a Cidade de Hill Valley”, contando apenas com entrevistas com Bob Gale. Temos também um trocinho chamado “Criando a Campanha”, onde vemos vários conceitos para pôsteres dos três filmes, enquanto o onipresente Bob Gale fala como foi chegar naqueles famosos pôsteres com os personagens principais de cada filme olhando para o relógio.

E então chegamos no extra mais legal: “Os Segredos da Trilogia”, um documentário feito para a TV em 1990 apresentado pelo ator Kirk Cameron, da sitcom Growing Pains, onde várias cartas de fãs são lidas e respondidas. Uma das coisas a serem abordadas é a famosa entrevista de Robert Zemeckis onde ele declarou que o “skate voador” existia de verdade, o que fez muita gente percorrer lojas de brinquedos à procura do dito-cujo. Como qualquer pessoa sensata sabe, isso foi uma brincadeira de Zemeckis e neste documentário temos a prova. Com duração de 20 minutos, esse acaba sendo o único conteúdo que vale a pena nesse box, mas mesmo assim é muito pouco para justificar a recompra.

Por fim, temos alguns extras estranhos. Na Parte III, temos um FAQ bem curioso com um monte de perguntas respondidas por Zemeckis e Gale (apenas texto e apenas em inglês). Aqui eles abordam erros de continuidade e a filosofia da viagem no tempo, indo de respostas fantásticas a respostas ridículas em um piscar de olhos. Nas três partes, temos um outro texto com “Notas da Produção” (também sem tradução para o português e uma para cada filme). Por fim, na Parte I, temos um trecho do roteiro original, em inglês. Novamente, são interessantes para os die-hard fans, mas dificilmente serão acessados mais do que uma única vez. E o fato de não existir a opção em português torna-os ainda menos interessantes para os que não são versados na língua de Shakespeare. O que torna estes extras estranhos é o fato de que eles não são acessíveis pelo menu em português, o que demonstra uma atitude estranha da Universal, do tipo: “Ah, nem vamos pagar um tradutor para isso, simplesmente tira do menu”. Para acessá-los, você deve escolher o menu em inglês. Fazendo isso, você também assistirá uma propaganda anti-pirataria antes de ter acesso ao menu. Bizarro, muito bizarro.

O Veredicto:

A embalagem é pior e os extras não valem a pena. Só recomendo a compra se você não tiver o box anterior. Caso você já tenha o box, ele tenha os problemas de enquadramento e você não faça questão da embalagem, troque através da Universal. Caso seu box já seja o “consertado”, fique com ele. É pena, mas um filmaço como De Volta Para o Futuro não deveria ter sua história manchada por um box oportunista e mequetrefe como esse.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
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