De Volta Para o Futuro

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Bem-vindo à primeira parte de um completíssimo especial delfiano que visa aproveitar o lançamento do novo box de De Volta Para o Futuro para lembrar e homenagear esta série de filmes que são considerados por muita gente (e aí encaixo toda a equipe do DELFOS) como os mais divertidos da história do cinema. Este especial vai contar com textos de todos os delfianos, abrangendo as óbvias resenhas dos três filmes (cada uma escrita por um de nós) e muitas outras matérias especiais que vão sendo publicadas aos poucos, uma por semana. Por mais clichê que isso pareça, esperamos de coração que você se divirta lembrando a trilogia com esta série de textos tanto quanto nós nos divertimos quando preparávamos este especial. Para não sair do óbvio, começamos com a resenha para a primeira parte, já no próximo parágrafo. Nos vemos lá!

De Volta Para o Futuro tem tudo. Comédia, ação, romance, fantasia, uma trilha sonora cabulosa (que inclui uma das músicas temas mais famosas do cinema, digna de competir com os grandes clássicos) e, principalmente, uma história tremendona com a qual todo mundo pode se identificar. Neste primeiro filme, a viagem no tempo não é a grande estrela (como seria na segunda parte, cuja resenha você lê em breve), mas apenas a desculpa para tornar possível o que os roteiristas Bob Gale e Robert Zemeckis (que, além dessa trilogia, também dirigiu o tremendão Uma Cilada Para Roger Rabbit, o famoso Forrest Gump e o legalzinho O Expresso Polar. Pois é, o cara detona!) queriam contar.

E o que eles queriam contar? Ora, uma história sobre pessoas normais, com aspirações normais e uma situação na qual todos nós já nos imaginamos algum dia: como seria conhecer nossos pais quando eles eram jovens? Será que eles eram tão bonzinhos quanto querem nos fazer acreditar? Pois é, por mais que não pareça, todo adulto já foi criança e, em alguns casos, até adolescentes. 😉

O felizardo que vai ter a chance de conhecer os pais quando eram jovens é Marty McFly (Michael J. Fox, no papel que marcaria sua carreira). Marty é amigo de um cientista louco chamado Emmet Brown, mais conhecido como Doc (Christopher Lloyd, detonante como sempre, aqui interpretando um dos personagens mais queridos deste que vos escreve). A mais nova invenção de Doc é uma máquina do tempo, que ele pretende testar com a ajuda de Marty.

Chegando no local combinado, Marty descobre que a máquina foi construída em um DeLorean, carro que foi o maior sonho de consumo de 9 entre 10 pessoas que viveram sua infância nos anos 80 e 90. Meu, aquelas portas são muito legais. Mas voltando, os testes são um sucesso, mas algo dá errado. De repente, Marty está preso no ano de 1955, sem meios para gerar 1.21 gigawatts de energia para carregar o capacitor de fluxo e assim voltar para o presente (que hoje é passado), em 1985 (mas calma, você não precisa saber o que é um gigawatt nem para que serve um capacitor de fluxo para gostar do filme). Como manda a lógica, sua primeira decisão é procurar a única pessoa que pode ajudá-lo: o Doc Brown de 1955, 30 anos mais jovem e mais louco do que o cientista já louco que ele conhece.

O problema é que, enquanto tentava procurar Doc, Marty acaba conhecendo seus pais (Crispin Glover e Lea Thompson), na época que eles estavam no colegial (assim como ele) e interferindo na forma como eles se conheceriam e, conseqüentemente, se apaixonariam. Para piorar, sua mãe, uma tremenda safadinha, se apaixona por ele.

Isso coloca sua própria existência em perigo e ele precisa fazer o impossível para Lorraine (sua mãe) se apaixonar pelo nerd desajeitado que é seu pai. Isso deve ser feito rápido, pois a única chance que ele tem de voltar para casa vai ser no sábado seguinte, quando um raio (a única fonte de energia capaz de gerar 1.21 gigawats em 1955) vai atingir o relógio da cidade. Sua missão não vai ser fácil e acredito que a maior parte de nós sabe que meninas do colegial estranhamente não costumam dar muito mole para os nerds. Para piorar, ainda tem o grande valentão da escola, Biff Tannen (Thomas F. Wilson), que se realiza humilhando George e xavecando Lorraine. Biff é um grandalhão semi-retardado (como todo valentão de escola), completamente idiota e sem nenhum carisma. E é justamente isso que o torna um vilão tão legal. Biff é tão desagradável que o espectador realmente se diverte ao vê-lo se dando mal várias vezes em todos os filmes. Na verdade, a trilogia De Volta Para o Futuro pode ser considerada como um dos únicos filmes que não me fazem torcer pelos vilões, tradicionalmente os personagens mais legais no cinema.

Ainda falando sobre os vilões, como todo bully que se preza, Biff só ataca em grupo. Um dos membros do grupo é Billy Zane, que depois faria o papel do Fantasma no cinema e ficaria mundialmente conhecido como o rival do Leonardo DiCaprio em Titanic.

Como dá para perceber, a viagem no tempo é completamente coadjuvante. A maior graça do filme é ver como os pais de Marty, em especial sua mãe, mudaram com a idade e como ela agia exatamente como os jovens que condenaria 30 anos mais tarde. Vai dizer que você não gostaria de ver seus pais fazendo as traquinagens normais da juventude para jogar isso na cara deles quando eles viessem chamar sua atenção? 🙂

Início de spoilers: não leia este parágrafo e o próximo se não tiver assistido ao filme Tudo isso leva ao baile onde seus pais teriam dado o primeiro beijo, onde acontece uma das cenas mais famosas do cinema: a apresentação em que Marty toca Johnny B. Goode (embora infelizmente tenham pego alguém com a voz completamente diferente da de Michael J. Fox para cantar, o que é um dos pouquíssimos defeitos desse filme) que, segundo a história do longa, seria posteriormente plagiada por Chuck Berry, e culmina em uma emocionante batalha contra o tempo para Marty conseguir passar com o DeLorean pelo relógio a 88 milhas por hora (velocidade necessária para a viagem no tempo acontecer) exatamente no momento em que o raio atingir a torre do relógio.

Depois que tudo está bem e Marty volta para 1985, Doc revela que estava usando um colete à prova de balas, para alegria geral dos espectadores que, como eu, passaram o filme inteiro deprimidos por causa de sua suposta morte. No dia seguinte à volta de Marty para seu tempo, Doc aparece dizendo que algo precisa ser feito sobre seus filhos no futuro. Marty entra no carro e fala para Doc: “É melhor ir mais para trás. Não tem rua suficiente para chegar a 88 milhas por hora”. Doc olha para ele, sorri e diz: “Rua? Aonde vamos, não precisamos de ruas”. E assim, do nada, o carro levanta vôo e viaja para o futuro naquela que é uma das cenas mais marcantes da minha infância. Na verdade, ela só não é tão legal porque termina o filme em um cliffhanger e eu odeio esse tipo de coisa. E o pior é que esse final era mais para ser uma piada que não deu certo do que um cliffhanger, já que não estavam programadas continuações para a história. Felizmente, hoje podemos assistir aos três filmes de uma vez em DVD, então o teor dramático de ter que esperar quatro anos para ver o final da história se perdeu.

Fim de spoilers: Aproveitando o gancho, vou contar como foi a primeira vez que assisti a esse filme. Creio que era 1989. Estava chegando em casa à noite com dois bonequinhos novos, um do Batman e um do Jaspion. Empolgado com os brinquedos recém comprados, fui chamar um amigo para brincar. Ele estava assistindo ao filme, que passava na TV e ainda estava no começo. Achei que era um filme de adulto e nem me interessei, mas alguns minutos depois, já tinha deixado meus bonequinhos de lado para torcer pela família McFly. O final, comentado acima, me deixou empolgadíssimo e, ao mesmo tempo, triste por terminar do nada. Felizmente, naquela mesma semana, a Parte II estrearia no cinema e fiz questão de assistir no primeiro sábado. Os seis meses de espera até a Parte III então, devem ter sido os mais longos da minha vida.

Desde criança, meu sonho era ser um cientista louco quando crescesse. As pessoas perguntavam para mim o que eu queria ser e eu respondia: “Cientista louco”. Então, obviamente, meu personagem preferido sempre foi o Doc. Eu queria até fazer um tremendão dele para esse especial, mas os outros delfianos não toparam. O Cyrino sugeriu um tremendão do George McFly, mas enfim fechamos em um tremendão muito mais original, que tenho certeza que você vai adorar.

De Volta Para o Futuro é uma aula de cinema de entretenimento. Não é um filme de adultos, como imaginei naquela noite de 1989, mas também não é um filme de crianças. É uma história que simplesmente pode maravilhar e divertir a todos, independente da idade. Desde que essa pessoa ainda tenha uma centelha de fantasia no seu coração.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
de-volta-para-o-futuroPaís: EUA<br> Ano: 1985<br> Gênero: Comédia/Fantasia<br> Duração: 115 minutos<br> Roteiro: Bob Gale<br> Produtor: Steven Spielberg<br> Diretor: Robert Zemeckis<br> Distribuidor: Universal<br>