A coisa mais interessante a respeito de A Sereia – Lago dos Mortos, é que se trata de um filme de terror russo. E não costumam chegar muitos desses por aqui. De resto, era melhor que este não tivesse vindo parar em nossas telas, porque ele é ruim “bagarai”.

A trama é a seguinte: Marina e Roman estão noivos. Roman vai com os amigos para a tradicional despedida de solteiro numa casa à beira do lago que herdou de seu pai. No lago em questão, encontra uma sereia que o encanta, e vai aos poucos exercendo cada vez mais seu domínio sobre ele.

Delfos, A Sereia, Lago dos Mortos, CartazAgora cabe a Marina, à irmã de Roman e ao seu melhor amigo tentar desvendar o segredo da criatura macabra para tentar salvar o sujeito de ir parar no fundo do lago de uma vez por todas.

É preciso dizer que o longa até tinha potencial para construir uma mitologia interessante a respeito da sereia e de seu modus operandi, mas a coisa fica mesmo só no campo do “poderia”. Em nenhum momento ele se torna interessante. Aliás, prender a atenção na tela e não deixar meu cérebro vagar para paragens mais legais foi um esforço hercúleo.

Também não espere ver um rabo de peixe, aqui a sereia lembra muito mais uma assombração genérica que fica assustando suas vítimas até finalmente decidir levá-las de vez. Parece mais um encosto tipo a Samara de O Chamado do que uma sereia tradicional.

No resto, é um monte de cenas chatas, arrastadas, com sustos óbvios e manjados. E claro que tudo tem que envolver água. O mocinho é um nadador, a mocinha não sabe nadar, e até mesmo uma pia entupida acaba sendo utilizada na narrativa. É ridículo a esse ponto.

Delfos, A Sereia, Lago dos Mortos

Daí não sei se a Rússia não sabe fazer filmes de terror, se apenas os envolvidos nesta produção é que são toscos ou se simplesmente decidiram apenas copiar tudo de pior que o terror estadunidense possui, porque em termos de linguagem e má qualidade, ele não deixa nada a dever aos piores exemplares advindos da terra do Tio Sam.

Enfim, A Sereia – Lago dos Mortos não é aquele filme ruim que até fica bom. É o filme ruim que é tão chato que faz você desejar fazer qualquer outra coisa com seu tempo. Em sua consideração, caro delfonauta, eu não podia simplesmente desencanar no meio, mas você, que pode escolher o que quer assistir no cinema, certamente vai querer passar longe disso aqui.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorEu descanso quando morrer: relembrando a Telltale Games
Próximo artigoCrítica O Menino que Queria Ser Rei: Excalibur moderno
Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
critica-sereia-lago-dos-mortosTítulo: Rusalka: Ozero Myortvykh<br> País: Rússia<br> Ano: 2018<br> Gênero: Terror<br> Duração: 90 minutos<br> Distribuidora: Paris Filmes<br> Data de estreia: 31/01/2019<br> Direção: Svyatoslav Podgaevskiy<br> Roteiro: Natalya Dubovaya, Ivan Kapitonov e Svyatoslav Podgaevskiy<br> Elenco: Viktoriya Agalakova, Efim Petrunin e Sofia Shidlovskaya.