O príncipe dos ladrões. Aquele que rouba dos ricos para dar aos pobres. Robin Hood e sua história já foram adaptados para o cinema dúzias de vezes. De comédias do Mel Brooks a filmes sérios dirigidos pelo Ridley Scott, passando por desenhos da Disney com uma raposa sexy no papel principal. Robin Hood – A Origem conta esta história novamente, mas faz isso com a intenção de focar no início da batalha de Robinho Capuz.

Robin Hood - A Origem, Robin Hood, Jamie Foxx, DelfosROBIN HOOD – A ORIGEM

Robin de Locksley (Taron Egerton) é um nobre bon vivant que só quer saber de morgar e curtir a vida. Após ser convocado para a guerra, ele vê o rosto feio do governo e, com uma ajudinha do João Pequeno (Jamie Foxx), resolve treinar para iniciar uma revolução fazendo o que todo mundo espera do personagem: roubar dos ricos e dar para os pobres.

Sabe, apesar do excesso de adaptações cinematográficas do personagem, acredito que nunca tinha assistido a um de seus filmes mais sérios. Eu curtia bastante A Louca, Louca História de Robin Hood quando era criança, e assisti ao desenho da Disney. Mas não vi nem o filme estrelado por Kevin Costner nem o por Russel Crowe.

Ainda assim, trata-se de uma história tão conhecida que tudo aqui é absurdamente familiar. Não ajuda o fato de a narrativa ser bastante simplória. O roteiro a gente já conhece, mas o diretor Otto Bathurst não mede mãos ao repetir cena após cena que todo mundo já viu em dezenas de filmes antes.

MAS TEM AÇÃO!

Curiosamente, nas cenas de ação o diretor até acerta. Não que ele esbanje estilo, mas estas partes são belas e empolgantes, fazendo um bom uso da intercalação entre câmera lenta e velocidade normal, estilo Zack Snyder mesmo. Conta pontos a arma de escolha de Robin, o arco e flecha, ser tão estiloso e elegante quanto seria inútil em uma guerra hoje em dia (“eles têm bombas, eu tenho um arco e flecha!“).

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O mais estranho é que o filme é, claro, uma história de origem. Ainda assim, conta o embate de Robin Hood com o tradicional vilão, o Xerife de Nottingham. No final da projeção, o personagem chega ao ponto em que o conhecemos. Mas a história clássica já foi contada. O roteiro resolve isso fazendo um gancho bem cara de pau, que cria um setup para que uma eventual continuação conte novamente esta mesma história. Eu ri.

O principal ponto negativo é quão batida esta história está. Ver um filme do Robin Hood em 2018 é como ver novamente o assassinato dos pais de Bruce Wayne. Eles podiam ter criado uma personalidade própria, talvez, dando motivações mais tridimensionais aos vilões.

No entanto, o Xerife, o cardeal e todos os outros malvadões são rasos como um pires. Eles são maus apenas por serem maus, e não dão dúvida nenhuma disso a nenhum momento. A começar até pela escolha de elenco. Afinal, o cardeal matou o Mozart!

Eu até queria gostar de Robin Hood – A Origem, mas admito que fiquei entediado. E isso mostra quão sem novidades é o filme, considerando que eu até gostei das cenas de ação. Se quer um filme com o personagem, melhor ficar com a comédia de Mel Brooks.

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REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
critica-robin-hood-a-origem-reviewTítulo original: Robin Hood<br> País: EUA<br> Ano: 2018<br> Distribuidora: Paris Filmes<br> Duração: 1h56m<br> Diretor: Otto Bathurst<br> Roteiro: Ben Chandler e David James Kelly<br> Elenco: Taron Egerton, Jamie Foxx, Ben Mendelsohn, Eve Hewson, Jamie Dornan e F. Murray Abraham.