“O filme amaldiçoado”. Esta é a forma pela qual O Homem que Matou Dom Quixote ficou conhecido. Entre idas e vindas, ele está em alguma forma de produção desde 1989, e até um documentário sobre seus perrengues foi feito e lançado anos atrás. Pois após fazer uma tour por festivais, inclusive na Mostra de Cinema de São Paulo, ele agora estreia comercialmente no Brasil, exclusivamente na rede Cinépolis. Daí já sabe: é hora da nossa crítica O Homem que Matou Dom Quixote.
CRÍTICA O HOMEM QUE MATOU DOM QUIXOTE
Aqui conhecemos Toby (Adam Driver, dos novos Star Wars). Dez anos atrás, ele fez um filme estudantil na Espanha chamado, veja só a coincidência, O Homem que Matou Dom Quixote. Como atores, ele optou por usar os habitantes da região. Agora, ele volta para lá para gravar um comercial, e descobre que seu filme teve profundos efeitos nos aborígenes. Em especial em Javier (Jonathan Pryce), um humilde sapateiro, que foi escolhido pelo diretor para fazer seu Dom Quixote.
Acontece que desde então o velhinho teve surtos de loucura, achando que era de fato Dom Quixote. Shenanigans vêm, shenanigans vão, ao reencontrar Toby, Javier decide que ele é seu fiel escudeiro Sancho Pança. E juntos eles vão aprontar as maiores confusões.
É impossível dizer que O Homem que Matou Dom Quixote é clichê. Na verdade, ele é um filme bem único. Digamos que sua história segue por um caminho que eu classificaria como nonsense light. Mas não é aquele nonsense que o diretor Terry Gilliam fazia com o Monty Python. O nonsense não vem para fins necessariamente humorísticos, mas, sei lá, artísticos. Tipo uma versão mais comercial de David Lynch.
MINHA DOCE DULCINEIA
A narrativa acontece toda em tempos atuais, mas os personagens nem sempre se comportam desta forma. Toby, em especial, chega a assumir a persona de Sancho Pança em momentos em que ele não teria porque fazer isso.
Desta forma, a sensação que a obra causa é a de “isso está mesmo acontecendo ou é só mais uma cena de sonho”? E sim, para deixar tudo mais confuso, às vezes é sonho mesmo. Isso deixa o longa um tanto forçado. Ele exige uma suspensão de descrença bem forte, e leve em consideração que quem está falando isso é um caboclo que curte filmes onde guaxinins falantes são amigos de árvores e que realmente gosta de Monty Python.
Visualmente, o filme é bastante belo, cheio de figurinos coloridos e brilhantes. A cena dos gigantes que rola perto do final, em especial, é realmente legal, e mostra as habilidades de Terry Gilliam, o Ringo do Monty Python, como diretor.
Dito isso, sua história não me pegou de jeito. Ele até me entreteve, mas a sensação de confusão que permeou toda a projeção (ainda que ele faça sentido ao final, de uma forma deturpada) prejudicou minha curtição.