Guerra Civil é um dos filmes que estava mais animado para assistir desde, sei lá, Guerra Civil. Eu amo a Guerra Civil da Marvel, mas este filme mostraria algo mais realista e moderno. Uma divisão dos EUA que reflete os extremos políticos atuais, e se pá reflete até o que vemos no Brasil desde o governo Dilma. Pelo menos é o que esperava.

Na verdade, Guerra Civil foca muito mais na tensão do suspense e da guerra do que na discussão política. Quando o filme começa, a guerra da secessão estadunidense já está rolando. A gente fica sabendo que a Califórnia está querendo se separar, mas ele nunca vai muito além disso nas motivações. Para nós, que não nos interessamos pela geografia estadunidense, até mesmo as nomenclaturas são confusas. O filme fala muito das “forças do oeste”, mas você sabe se isso se refere ao governo ou aos separatistas? Então (no caso, são os separatistas).

CRÍTICA GUERRA CIVIL

Guerra Civil, Alex Garland, Wagner Moura, Kirsten Dunst, Delfos

O filme acompanha um grupo de jornalistas em uma road trip para Washington. A ideia deles é chegar lá e entrevistar o presidente, que não dá uma entrevista há meses. Porém, o país inteiro está em guerra, então eles vão passar por maus bocados até chegar lá. Se chegarem, claro.

Estes maus bocados poderiam e deveriam ser muito mais políticos. A mensagem que eles passam é “guerra é ruim, mmkay?”. Como os jornalistas estadunidenses têm essa ideia falsa de imparcialidade, eles apenas registram o que está acontecendo, e deixam as reflexões para as outras pessoas. Ou pelo menos é exatamente isso que a Kirsten Dunst fala para sua protegida. Sinceramente, o último Noite de Crime foi bem mais político do que Guerra Civil, o que me decepcionou. Mas o lado bom é que, mesmo sem ser político, o filme é excelente, tenso e emocionante.

TEAM CAP OR TEAM IRON MAN?

Guerra Civil, Alex Garland, Wagner Moura, Kirsten Dunst, DelfosO timing é realmente bom, alternando entre momentos de banalidades e momentos de altíssima tensão, exatamente como uma história dessas precisa ser. As atuações e a cinematografia, em especial, são excelentes, tornando Guerra Civil um daqueles filmes que dá gosto de ver no cinema.

Como estamos no Brasil, acredito que todo mundo quer saber do Wagner Moura, e ele também está muito bem. Já cobri muitos filmes com atores brasileiros que chamam a nossa atenção por aqui e têm nome no pôster nacional, mas em geral são pouco mais do que pontas na gringa. Mas aqui Wagner Moura realmente tem um papel de destaque. Se Kirsten Dunst é o mais próximo de um protagonista, Moura sem dúvida é o primeiro coadjuvante.

Brasileiros têm um jeito muito peculiar de falar inglês, que para nós é tão claro quanto o sotaque nordestino ou carioca, por exemplo. E isso é visível no inglês de Moura. Ele fala bem, e dá para entender direitinho, mas é claramente um brasileiro falando inglês, não um nativo. E tudo bem. O curioso é que seu personagem é nativo. Mas isso é picuinha de brasileiro vendo “nosso inglês” em Hollywood.

A GUERRA CIVIL DA VIDA REAL

Eu gostei muito de Guerra Civil. Não foi exatamente o que eu procurava, uma vez que evita discussões políticas, mas é muito bom no que se propõe: ser um fascinante thriller sobre os perrengues de um grupo de jornalistas no meio de uma guerra.