Guerra Civil é um dos filmes que estava mais animado para assistir desde, sei lá, Guerra Civil. Eu amo a Guerra Civil da Marvel, mas este filme mostraria algo mais realista e moderno. Uma divisão dos EUA que reflete os extremos políticos atuais, e se pá reflete até o que vemos no Brasil desde o governo Dilma. Pelo menos é o que esperava.
Na verdade, Guerra Civil foca muito mais na tensão do suspense e da guerra do que na discussão política. Quando o filme começa, a guerra da secessão estadunidense já está rolando. A gente fica sabendo que a Califórnia está querendo se separar, mas ele nunca vai muito além disso nas motivações. Para nós, que não nos interessamos pela geografia estadunidense, até mesmo as nomenclaturas são confusas. O filme fala muito das “forças do oeste”, mas você sabe se isso se refere ao governo ou aos separatistas? Então (no caso, são os separatistas).
CRÍTICA GUERRA CIVIL
O filme acompanha um grupo de jornalistas em uma road trip para Washington. A ideia deles é chegar lá e entrevistar o presidente, que não dá uma entrevista há meses. Porém, o país inteiro está em guerra, então eles vão passar por maus bocados até chegar lá. Se chegarem, claro.
Estes maus bocados poderiam e deveriam ser muito mais políticos. A mensagem que eles passam é “guerra é ruim, mmkay?”. Como os jornalistas estadunidenses têm essa ideia falsa de imparcialidade, eles apenas registram o que está acontecendo, e deixam as reflexões para as outras pessoas. Ou pelo menos é exatamente isso que a Kirsten Dunst fala para sua protegida. Sinceramente, o último Noite de Crime foi bem mais político do que Guerra Civil, o que me decepcionou. Mas o lado bom é que, mesmo sem ser político, o filme é excelente, tenso e emocionante.
TEAM CAP OR TEAM IRON MAN?
O timing é realmente bom, alternando entre momentos de banalidades e momentos de altíssima tensão, exatamente como uma história dessas precisa ser. As atuações e a cinematografia, em especial, são excelentes, tornando Guerra Civil um daqueles filmes que dá gosto de ver no cinema.
Como estamos no Brasil, acredito que todo mundo quer saber do Wagner Moura, e ele também está muito bem. Já cobri muitos filmes com atores brasileiros que chamam a nossa atenção por aqui e têm nome no pôster nacional, mas em geral são pouco mais do que pontas na gringa. Mas aqui Wagner Moura realmente tem um papel de destaque. Se Kirsten Dunst é o mais próximo de um protagonista, Moura sem dúvida é o primeiro coadjuvante.
Brasileiros têm um jeito muito peculiar de falar inglês, que para nós é tão claro quanto o sotaque nordestino ou carioca, por exemplo. E isso é visível no inglês de Moura. Ele fala bem, e dá para entender direitinho, mas é claramente um brasileiro falando inglês, não um nativo. E tudo bem. O curioso é que seu personagem é nativo. Mas isso é picuinha de brasileiro vendo “nosso inglês” em Hollywood.
A GUERRA CIVIL DA VIDA REAL
Eu gostei muito de Guerra Civil. Não foi exatamente o que eu procurava, uma vez que evita discussões políticas, mas é muito bom no que se propõe: ser um fascinante thriller sobre os perrengues de um grupo de jornalistas no meio de uma guerra.