Fazia tempo que não rolava um problema técnico em sessões de imprensa. Se você acompanha o DELFOS desde os primórdios, sabe que isso era bem comum lá pra 2006. Acredito que o mercado se profissionalizou bastante desde então, quando tudo era mato. Com o problema de hoje, a assessoria da Warner deu a possibilidade de voltar para uma outra cabine no dia seguinte, ou esperar mais de uma hora para ver o filme. Ora pois, eu precisava escrever minha crítica Godzilla vs. Kong o mais rápido possível (e o cinema fica literalmente na PQP), então resolvi esperar.
Para você ver, o que eu não faço por você, delfonauta. Favor manifestar seus agradecimentos e oferendas pelo meu sacrifício no espaço para comentários ou diretamente pelo Padrim.
CRÍTICA GODZILLA VS. KONG
E chegamos ao grande evento do monstroverso. Depois de dois filmes do Godzilla e um do King Kong, chegou a hora dos monstrengos saírem na porrada e assim decidir quem é mais tremendão. E, tal qual os heróis da Marvel, que são obrigados por contrato a brigar quando se encontram, essa é toda a profundidade da picuinha entre os dois.
Logo no início do filme, quando descobrimos que Kong está sendo contido à força, uma personagem justifica: “se libertarmos ele, o Godzilla vai atacar”. Aparentemente monstros gigantes vivem pelo código Highlander – só pode haver um.
Dito isso, que é uma grande ressalva ao desenvolvimento do roteiro, por outro lado a gente está falando de um filme chamado Godzilla vs. Kong. Isso é um filme espetáculo com monstros gigantes e parte de mim fica feliz que ele não tenta ser mais do que isso. Você sabe que eu sou muito a favor de mais ação descerebrada e descompromissada na cultura pop, e é isso que este longa visa – e consegue – alcançar.
E O NÚCLEO HUMANO?
Uma coisa que era engraçada quando conversava com o Cyrino sobre monstros gigantes no cinema, é que ele SEMPRE reclamava da parte humana da história. Não por acaso, ele inclusive imortalizou isso na sua resenha de Kong: A Ilha da Caveira. Sempre tive impressão que, para meu eterno colega de DELFOS, um filme sobre monstros gigantes deveria ser apenas uma sequência de lutas monstruosas. E sabe, agora que eu pensei isso, isso realmente parece ser muito legal.
Godzilla vs. Kong não chega a esse ponto, mas ao contrário de todos os outros filmes do gênero a que eu já assisti, o protagonista não é nenhum humano, mas o próprio Kong. Isso é refletido, claro, no fato de que ele é a força motriz que arrasta o filme todo, mas até mesmo no tempo de tela. Arrisco dizer que o macacão aqui aparece mais do que os atores que ilustram o elenco.
Já Godzilla é o antagonista – o que, veja bem – é diferente de um vilão. Ele não é mau, como já ficou estabelecido em seus filmes solo. Mas ele não vai muito com a cara de Kong, e não compartilha o respeito que o macacão tem com outras formas de vida – ou mesmo prédios e pontes.
CRÍTICA GODZILLA VS. KONG: SINOPSE MONSTRUOSA
Na verdade o filme começa com um ataque do seu Gojira a uma base humana, e geral fica sem entender o que aconteceu. Ao mesmo tempo, um grupo de cientistas resolve fazer uma expedição ao centro da Terra – onde especulam que é o berço dos titãs – e decidem usar o Kong como guia. É uma baboseira? É sim, mas é uma baboseira divertida.
Outra coisa que me marcou em meus papos sobre cinema com o Cyrilove é quando ele me falou que todo filme que coloca dois personagens famosos em rota de colisão tem três brigas. Cada um ganha uma, e a terceira empata. No caso, ele se referia a Freddy vs. Jason, e eu não vou dizer se isso acontece aqui por motivos de spoiler. Mas a verdade é que eu pensei nisso o filme inteiro.
Além dos dois monstrengos do título, há outros bichões, inclusive um robô bastante famoso para quem acompanha os personagens. De novo, sem spoilers sobre quem é, mas esse robô é responsável pelo meu maior incômodo com o filme. Está escondido no espaço abaixo. Se você não tiver medo de um pequeníssimo e vago spoiler, faça cara de machão e selecione para ler.
O robô em questão foi construído para ser controlado por um ser humano. Porém, ele absolutamente do nada resolve criar vida e sair causando pela cidade. Tipo, como assim? Os caras criaram vida inteligente? Esse deveria ser então o foco do filme, e não só um fanservice. Talvez tenha alguma explicação vaga aí relacionada a Ghidorah (o monstro vilão de Godzilla 2), mas se é que ela existe, não me convenceu.
FIM DO SPOILER VAGO, SEU MEDROSO!
Embora eu, como um fã de monstros gigantes, tenha achado legal quando esse robô apareceu, o uso que a história faz dele arrasta tudo que veio antes para baixo. E é uma pena, pois até então eu estava curtindo muito o filme.
Kong: A Ilha da Caveira ainda é, para mim, o melhor filme do King Kong. Mas Godzilla vs. Kong chega perto, sendo divertido de uma forma deliciosamente boba. E, como diria o Weird Al Yancovic, nós precisamos ousar ser mais bobos.
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