Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro já me conquistou no seu título. Imediatamente lembrei de Matadores de Vampiras Lésbicas e outros filmes B com títulos divertidos. Daí continuei lendo sobre o filme, vi as pessoas envolvidas e já fiquei meio de cara.
Afinal, a proposta é até legal, mas a atitude do Danilo Gentili após o lançamento de Como se Tornar o Pior Aluno da Escola fez com que eu tivesse por ele a mesma rejeição que tinha pelos políticos que disputaram a última eleição presidencial. Se você não sabe, o comediante incitava seus seguidores nas redes sociais a “enquadrarem” os jornalistas que não gostaram do filme, resultando em stalkeamento, humilhação online, e até um sujeito que perdeu o emprego.
MAS VAMOS DEIXAR ISSO DE LADO E FALAR DO FILME
Aqui conhecemos um grupo formado pelos personagens dos comediantes Gentili, Murilo Couto, Léo Lins e Dani Calabresa. Eles têm um canal de Youtube onde caçam fantasmas. Mas eles são charlatões e estão nessa apenas pelos views. É então que o diretor de um colégio os contrata para investigar um suposto ataque da Loira do Banheiro na escola. Nem o diretor, nem os contratados, acreditam que se trata de uma assombração real. Daí já sabe, né? Big mistake!
O que começa prometendo ser uma versão nacional de Caça-Fantasmas logo se aventura por um gênero de comédia totalmente diferente. Sai o jeitão Sessão da Tarde, amigável para crianças, e entra a violência extrema e o gore de Uma Noite Alucinante 2 e 3 (ou Evil Dead para os puristas).
É um gênero que muito me agrada. E o tom é bem semelhante aos clássicos do terrir de Sam Raimi. Os protagonistas passam quase toda a duração do filme literalmente cobertos de sangue, o que me fez imaginar quão divertidas devem ter sido as filmagens. Afinal, assim que os atores chegavam no set, tinham que se preparar virando um balde de sangue falso na cabeça.
Tem alguns detalhes muito bem sacados, como o segurança, que se chama Conan, e trabalha para uma empresa de nome Ciméria. É quando segue este tipo de linha mais nerd que Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro mais se destaca.
E há várias outras boas referências. Os personagens não param de citar coisas como os próprios Caça-Fantasmas e outras incursões da cultura pop nesta temática de sobrenatural.
EXTERMINADORES DO ALÉM CONTRA A LOIRA DO BANHEIRO
Também gosto muito de o filme se utilizar de uma figura do folclore brasileiro, especialmente algo que assusta as crianças. Usar temas de terror infantil em filmes de terror de verdade é algo que os filminhos de medo da gringa fazem há décadas, e estava mais do que na hora da gente seguir esta linha por aqui. E quem nunca tentou invocar a Loira do Banheiro?
Apesar de ter um humor ocasionalmente nerd do tipo que agrada o povo que frequenta o DELFOS, o filme dá suas recaídas para aquele tradicional humor de banheiro, envolvendo coisas como cocô e esperma. Isso o aproxima consideravelmente de produções que até têm as influências no lugar certo, mas pecam na execução, como Todo Mundo em Pânico.
Mas este não é o principal problema, já que, embora haja piadas deste tipo, ele não foca tanto nelas quanto as produções dos Irmãos Wayans. A questão é que o filme todo é muito derivativo. E além de pecar na criatividade, repetindo várias cenas conhecidas do gênero, peca também no timing.
Tem uma piada, por exemplo, que o cara descreve os sustos com aumento de trilha sonora que permeiam os filmes de terror ruins. É óbvio que vai rolar algo exatamente como o descrito, mas ele passa tanto tempo descrevendo antes de acontecer que até o cérebro mais lento já vai ter matado a piada antes da punchline ser mostrada.
No final das contas, Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro acerta no gênero e na temática, mas falta talento e criatividade para fazer algo realmente especial com isso. Não é especialmente ruim. Eu gostei bem mais do que esperava, mas no final das contas fica difícil classificá-lo como algo acima de um filme nada.
