Assim que vi o trailer de Buscando…, me lembrei imediatamente de um filme que vi e resenhei aqui no DELFOS anos atrás. Só não conseguia me lembrar do nome do dito cujo, afinal, ele era muito ruim. Após uma rápida pesquisa no meu banco de dados, recuperei o nome do lazarento: Amizade Desfeita.
Lembrei-me dele porque ambos se escoram no mesmo gimmick, o de ser todo mostrado através de uma tela de computador, com o protagonista abrindo várias janelas e aplicativos diferentes enquanto tenta solucionar um mistério.
Só que o filme de terror lançado por aqui em 2015 é ruim de doer. Já esta nova produção é bastante superior e segura muito bem seus 102 minutos de duração. E até mesmo o truque dele ser todo centrado em telas de computador, celulares e por aí vai, funciona muito melhor desta vez.
A trama é bem simples: a filha adolescente de David Kim (John Cho) desaparece e ele fica desesperado. Enquanto a polícia, na figura da detetive Vick (Debra Messing) inicia as investigações e o processo de busca, David começa a mexer no laptop da filha e em suas redes sociais em busca de pistas do que poderia ter acontecido a ela. Logo ele descobre que talvez não a conhecesse tão bem quanto pensava.
O longa é bastante eficiente em manter a tensão por toda sua duração, e brinca muito bem com as pistas falsas, em vários momentos apontando para potenciais suspeitos e situações, só para pouco depois isso cair por terra.
DIGITE SUA SENHA
Muito de sua qualidade também se deve à interpretação de John Cho, totalmente desesperado como o pai em busca de qualquer pista do paradeiro da filha. Grande parte do filme é praticamente ele sozinho, mexendo no computador e falando com as pessoas por telefone ou por facetime. É o tipo de papel (quase um solo) que deve ser apetitoso para um ator, e ele certamente aproveitou e entrega uma ótima performance.
Vale falar também do fato de que todas as telas, menus, conversas por mensagens de texto e por aí vai, foram traduzidas para o português, como se os personagens usassem a versão PT-BR dos programas e aplicativos. Os diálogos, claro, foram mantidos no som original.
Mas como é muita informação visual, com múltiplas telas abertas ao mesmo tempo, essa opção é bem melhor do que apenas legendar as informações mais pertinentes à trama, o que poluiria ainda mais as cenas e certamente deixaria passar outras informações potencialmente importantes. Parabéns à distribuidora que, com esta decisão, demonstrou um cuidado enorme com um filme que está longe de ser um blockbuster campeão de bilheterias.
Contudo, entretanto, todavia, o longa guarda uma reviravolta final totalmente estapafúrdia. É abusar demais das coincidências para o meu gosto. Poderia ter passado sem essa. Até entendo que fosse necessário um desfecho mais chamativo para o enredo, mas podiam ter pensado em algo que não fosse tão forçado.
Mesmo com sua conclusão que força a amizade, a maior parte do longa funciona tão bem que até dá para relevar esse desfecho e no geral ele é muito mais positivo do que apenas essa escorregada final. Assim, se você gosta de um bom suspense, vale a pena dar uma conferida neste aqui.