Corrida Mortal

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Em um passado remoto (1975), foi feito um filme que se passaria em um futuro distante que hoje já é passado recente. Trata-se de Corrida da Morte – Ano 2000. O que Roger Corman, David Carradine e companhia não imaginavam é que, em um futuro ainda mais distante, o longa seria reimaginado para se adequar a um então futuro próximo, mas ainda mais distante do que o já distante ainda mais distante futuro no qual o bicho seria refilmado. Entendeu? Nem eu.

O que importa é que Corrida Mortal é um remake de Corrida da Morte. O motivo da mudança de nomes na tradução em português é algo que somente o Deus Metal pode responder. E, enquanto ele não manda o Vento Preto, seu mensageiro e braço direito vir falar com a gente, é melhor eu parar de enrolar e começar a falar sobre o novo filme.

Jason Statham é um caboclo deveras macho que é incriminado pela morte de sua fêmea e forçadamente separado de sua pimpolha. Assim, ele vai parar em uma cadeia que produz um reality show que eu assistiria com certeza se passasse por aqui. E você também. Neste programa, vários manos apostam uma corrida em carrões lotados de armas. Sim, exatamente igual a Corrida Maluca, com a diferença de que as Penélopes Charmosas ficam apenas no banco do passageiro, já que, como todos sabemos, mulher ao volante não rola (aposto que alguma feminista em TPM não vai sacar que isso foi uma piada e colocar este link em algum fórum exclusivo para mulheres que nenhum homem quer pegar). Não demora muito e Jasão é recrutado para a corrida. E daí a gente vê um monte de velocidade, explosões e câmeras tremendo.

Tudo indica que esse filme seria um Testosterona Total de primeira. Porém, a ausência de humor o torna menos divertido do que poderia ser. Paul Anderson, o diretor de Resident Evil e Alien Vs. Predador (Yikes, alguém mais considera a presença desse cara um mau sinal?), disse que quis tornar a história mais densa e mais sombria. Eu não entendo essa mania por coisas sombrias (ao contrário do que pensam alguns, isso vem de bem antes de Cavaleiro das Trevas) e, nesse caso, foi uma péssima decisão, pois esse filme poderia ser muito mais legal com mais humor e exagero.

Tá, se eu dissesse que falta ação ou explosões no longa, estaria mentindo. Mas falta aquele humor típico dos Testosteronas Totais. Aquele clima de que o troço é tão absurdamente exagerado que o herói vai virar para a câmera a qualquer momento e dar uma piscadinha para dizer que é tudo brincadeira, manja? A ausência de um bom diretor também faz falta, pois quase todas as cenas adrenalísticas trazem câmeras que parecem ter sido seguradas por Michael J. Fox de tanto que tremem. E filmar ação assim, até eu, pois o espectador não enxerga nada. Se você filmar peixinhos no aquário e ficar tremendo como se estivesse sendo eletrocutado pelos trovões de Thor e colocar uns barulhos de explosão testosterônicos, todo mundo vai achar que foi um carro explodindo. Em determinada cena, uma das personagens pergunta o que aconteceu e eu compartilhei de sua dúvida, pois não fazia a mínima idéia do que tinha acabado de ser projetado na tela. A meu ver, isso não pode acontecer. NUNCA!

Apesar do novo emprego do Marty McFly não ser o mais ideal para ele, Corrida Mortal ainda é divertido. Tem a maior cara de videogame e, em boa parte das cenas, é impossível não lembrar de jogos como Mario Kart ou Rock ‘n’ Roll Racing. Os carros até passam por power ups no chão para ativar as armas, defesa ou armadilhas. Fico imaginando se os jogos em questão não tiraram isso justamente do filme original. Aliás, até apostaria nisso.

Corrida Mortal é bom e merece ser assistido. Mas eu sinto falta do Jason Statham mais fanfarrão de filmes como Adrenalina ou Carga Explosiva. Será que ele agora vai cismar de querer ser ator de verdade e abrir mão do trono de sucessor do Schwarzenegger? Pô, Jasão, não faz isso com a gente. Help us, Jason Statham. You are our only hope!

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
corrida-mortalPaís: EUA<br> Ano: 2008<br> Gênero: Ação<br> Roteiro: Paul W. S. Anderson<br> Elenco: Jason Statham, Joan Allen, Tyrese Gibson, Ian McShane e Natalie Martinez.<br> Produtor: Paul W. S. Anderson, Paula Wagner e Jeremy Bolt.<br> Diretor: Paul W. S. Anderson<br>