Dio – Holy Diver Live

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Se eu fosse definir este DVD em uma só palavra, usaria a palavra “estranho”. Contudo, você está no DELFOS e um dos nossos maiores diferenciais são as resenhas que abordam os produtos com profundidade. Portanto ao invés de definir o bagulho em uma palavra, fa-lo-ei em 1493.

Para aqueles que não acompanham as notícias roqueiras e que têm uma capacidade de dedução pequena, o prato principal de Holy Diver Live é, tchananan… a apresentação ao vivo e na íntegra do clássico do Rock pesado Holy Diver. Quando eu ainda era um neófito no Rock, lembro-me de ver muita gente falando que você PRECISA ter alguns discos. Esses álbuns eram os três que Ronnie James Dio gravou com o Rainbow, os dois primeiros que fez com o Black Sabbath e os dois primeiros de sua carreira solo. Realmente, tirando os do Sabbath, banda da qual nunca gostei muito, eu adoro todos esses álbuns e todas as músicas deste DVD são tiradas desses sete discos. Mas, por melhor que Holy Diver seja, será que um show simplesmente focando nos greatest hits não seria mais legal do que focar em um disco inteiro? Ou existe alguém lendo essa resenha que sempre ficou triste por nunca ter ouvido Invisible ao vivo?

Pois é, e essa opção de setlist fez com que alguns grandes clássicos do Heavy Rock ficassem de fora, como a tremendaça Last in Line, por exemplo. Por outro lado, Ronnie decidiu também colocar algumas músicas diferentes, como a trilogia que abre o show. O início é com a divertida Tarot Woman, do classicão Rising, segundo disco do Rainbow. A seguir vem a chatinha The Sign of the Southern Cross, do Sabbath (particularmente, a substituiria pela Children of the Sea), que não é tocada na íntegra e é emendada à boa One Night in the City.

Nesse momento, o baixinho fala sobre o Holy Diver, as luzes se apagam e um vídeo hilário passa no telão, com um texto lembrando a introdução dos Star Wars, dizendo que no início dos anos 80, o maligno império Disco dominava a Terra e então o exército Dio chegou para mudar isso. Depois disso, o duende aparece no telão juntando os títulos de todas as músicas em uma historinha simples. Acabando o vídeo, a banda volta ao palco e mandam ver no empolgante riff de uma das minhas músicas preferidas, Stand Up and Shout. A partir daí, todo o restante do disco é tocado na mesma ordem. Todas as faixas são emendadas uma na outra, sem pausas nem conversa, o que achei que deu um jeito bem legal e diferente, pois são uns 40 minutos ininterruptos de boa música.

E aí começam as coisas estranhas, pois existem coisas não creditadas na caixinha e para as quais não existe divisão de faixas. Por exemplo, depois de Gypsy, vem um solo de bateria e no meio da péssima Shame on the Night vem um solo de guitarra e um de teclado, o que acaba aumentando a duração da música (que já é naturalmente chata e longa) para uns 16 minutos, tornando esta a única parte realmente fria do show. No final dela, emendam um pedacinho da Holy Diver, provavelmente para esquentar a platéia que a essa altura devia estar quase dormindo, dada a chatice dessa faixa.

Terminado o Holy Diver, é hora de mais nostalgia, já que mais faixas do Rainbow e do Black Sabbath habitam o setlist. A primeira é a mística e fenomenal Gates of Babylon, que já havia sido tocada no maravilhoso último show do duende em nossas terras. Curiosamente, a guitarra de Doug Aldrich está bem diferente da original. Parece mais presa e achei que isso prejudicou um pouco a música. A última do Black Sabbath é a arroz de festa Heaven and Hell, durante a qual um maluco sobe ao palco e abraça Ronnie, que o abraça de volta e o entrega para os seguranças, que o tiram do palco com a habitual violência e que, possivelmente, vão espancá-lo nos bastidores durante o restante da música. Aliás, durante essa mesma faixa, há uma extensão onde Ronnie convida a galera a cantar o ô-ô-ô do início. Aliás, como essa parte é legal, né? Deveria ser repetida mais vezes na música.

Enfim, é hora de Rainbow e, segundo a caixinha, de suas duas músicas mais conhecidas, que normalmente são unidas em um medley (alguém mais aí odeia medleys?). Man on the Silver Mountain é tocada na íntegra, para minha surpresa. Aliás, não satisfeitos, Dio e companhia emendam a ela um pedacinho da linda balada Catch the Rainbow, que não está creditada na caixinha e também não tem uma faixa para ela.

O fato de Man on the Silver Mountain ter sido tocada em sua versão completa me deu esperanças de que o mesmo seria feito com o grande clássico do Rainbow, Long Live Rock and Roll, mas, infelizmente, os caras não gostaram da idéia e fizeram uma versão deveras estranha. Eliminaram completamente a segunda estrofe, o que significa que o solo vem logo depois do primeiro refrão e é seguida da tradicional paradinha para a galera cantar junto. E a música não continua depois. Bizarro.

Para terminar o show, como sempre, a escolhida foi a empolgante We Rock. No geral, é um show realmente muito bom, mas não dá para não imaginar quão melhor poderia ter sido. Pensemos: algumas músicas poderiam ser excluídas e substituídas por clássicos maiores (e clássico é o que não falta para o baixinho). Assim de sopetão, penso nas divertidas Neon Knights e Mob Rules, do Sabbath, a pesada Kill the King e a mística Stargazer, ambas do Rainbow, além da já citada Last in Line. Aliás, melhor ainda, todas essas podiam entrar no lugar dos solos individuais e da Shame on the Night, assim, nenhuma música legal precisaria ser excluída.

Sobre a performance, eu a classificaria como razoável. Ronnie James Dio é um dos meus vocalistas preferidos e manda muito bem, mas esta noite não parece estar tão tremendão como de costume, já que dá umas deslizadas que nunca tinha visto. Mesmo assim, ele é melhor do que 90% dos vocalistas de Metal. Doug Aldrich é suficiente, já que, principalmente nas músicas do Rainbow, deixa um pouco a dever. Mas é infinitamente melhor que Tracy G, é claro. O baterista Simon Wright tem bem o estilo AC/DC, ou seja, suas viradas são duras e simples e isso traz saudades de Vinny Appice. Quanto ao baixista Rudy Sarzo e o tecladista Scott Warren, não tenho muito a declarar, mas como fã do Rainbow, gostava de ver Ronnie tocando com Jimmy Bain.

A imagem não é perfeita, mas é muito boa, bem melhor do que a imagem de VHS velho do DVD anterior dos caras. O formato é widescreen anamórfico 16X9, o que significa que deve ficar bem legal para aqueles sortudos com uma TV widescreen.

Já o som tem opção para Dolby Digital 2.0 e 5.1, além do DTS 5.1. A qualidade dos três é boa, mas é claro que fãs que tenham um equipamento que permitam desfrutar do DTS não vão nem pensar duas vezes. O som DTS é cristalino e alto e a única coisa que deixa a dever é a mixagem, que parece não aproveitar todos os canais. As caixinhas de trás, principalmente são quase inutilizadas, o que é bem estranho, já que é praxe em shows utilizá-las para os sons da platéia (que aqui saem da frente). Curiosamente, lá pelo final do show, a guitarra de Aldrich começa a sair da caixinha traseira esquerda, o que deixa ainda mais estranho, considerando que no vídeo, ele está sempre do lado direito.

Uma coisa legal e óbvia, que normalmente não tem nos DVDs é a opção de ligar as letras das músicas, o que possibilita que você faça um Holy Diver karaokê na sua casa. Infelizmente, se você escolher legendas em português, terá apenas as conversas com a platéia traduzidas, já que as letras não aparecem.

Como extra, temos uns 10 minutos de entrevista com toda a banda (um de cada vez) que tem como momento mais interessante a explicação de Ronnie para o tradicional sinal das mãos, tão relacionado ao Metal. Segundo ele, esse sinal se chama Moloch e tem origem italiana. Serve para você se proteger do mal, ou seja, não tem nada a ver com chifrinhos ou satanismo, como as pessoas costumam pensar. Outra curiosidade é que, se você deixar não apenas o indicador e o mindinho levantados, mas também o dedão, se torna um sinal havaiano e o significado muda para “eu amo todo mundo”. Legal, né?

Veredicto final? Cara, este provavelmente será um dos DVDs que mais vou assistir. Não é perfeito, mas é bem melhor que o Evil or Divine. Recomendado para todos que gostam de um bom Rock pesado. E, se você é um deles, clica aqui e compre. Você não deve se arrepender.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
dio-holy-diver-liveAno: 2006<br> Gênero: Hard & Heavy<br> Duração: 120 minutos<br> Artista: Dio<br> Gravadora: ST2/Eagle Vision<br>