A Lenda dos Guardiões

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Se você me dissesse hoje de manhã que Zack Snyder era um tremendão e que tem uma filmografia intocável, eu concordaria com você. Ora, Zacarias foi o responsável por obras como Madrugada dos Mortos, 300 e Watchmen que, se não são perfeitas, são no mínimo boas pra diabo! Hoje, infelizmente, isso mudou.

CORUJAS SÃO FOFAS

Qual não foi minha surpresa ao chegar ao cinema e constatar que tinha alguns caboclos segurando corujas de verdade, para você tirar fotos ou simplesmente fazer um carinho. Obviamente, não perdi a chance e fiquei espantado com quão fofas e macias são os populares nerds da natureza. Aliás, corujas são muito mais fofas do que ovelhas. Dá para acreditar? Esse é o Chewbacca e isso não faz sentido.

O APERITIVO

Tal qual rolou em outro filme excepcional, a Warner colocou aqui de brinde um curta inédito do Papa-Léguas. E, assim como da outra vez, é um curta bem curto, mas muito engraçado e divertido. Bem melhor, aliás, que o filme principal. De novo. Acho que vou começar a ficar com medo quando rolar um Looney Tunes antes de um longa.

O PRATO PRINCIPAL

Soren e seu irmão são raptados por um grupo de corujas espartanas, cuja cultura é voltada para a guerra. Depois de algumas confusões, Soren consegue escapar, mas seu irmão prefere ficar por ali. A partir daí, o protagonista e alguns novos amigos vão procurar pelos Guardiões, corujas lendárias e pintudonas, que eles acreditam serem as únicas capazes de vencer as espartanas malvadas. Caramba, falando assim parece até 300 do ponto de vista do Xerxes. Mas não se engane, 300 é bem mais legal.

Zack Snyder continua um bom diretor e a qualidade visual do filme, aliada à fofura tradicional das corujas, são os únicos pontos positivos da película. A habilidade que Zack parece ter perdido foi a capacidade de escolher bons projetos, porque se isso aqui tem um roteiro (e eu aposto que não tem), é uma bomba.

Pense em qualquer filme de fantasia que você já assistiu e pode ter certeza que todas as características deles estarão aqui. Para começar, os personagens são os mesmos. Temos o líder inseguro com quem o espectador se identifica, a garota inteligente, a dupla de patetas engraçadinhos, mas fiéis; a viradinha com um personagem traidor, o vilão que é mau simplesmente pelo prazer de ser mau, enfim.

A história também é exatamente a mesma, incluindo as viradinhas previsíveis, morte dos mentores e o gancho para a continuação. Caramba, até as cenas de ação são repetidas. SPOILER LEVE: Você sabe desde o início que os dois irmãos vão lutar no clímax. Você sabe que o irmão mau vai perder a luta e implorar por piedade. Você sabe que o bonzinho vai perdoar o irmão e tentar salvá-lo, apenas para ser imediatamente traído. E, claro, essa traição será o fim do vilão. FIM DO SPOILER

Você sabe disso, não sabe? Caramba, todo mundo já viu essa fuckin’ cena! Por que diabos Hollywood sente a necessidade de repetir isso em absolutamente todas as oportunidades?

Se tem algo que realmente me faz abaixar a nota são filmes requentados e feitos no piloto automático. Uma coisa é você fazer uma porcaria tentando criar algo. Pelo menos você se esforçou e fez um trabalho com alma. Outra bem diferente e muito menos louvável é requentar filmes que já não são bons nem criativos há mais de 20 anos, apenas para ganhar uns trocados. Isso, meu amigo, é digno de nota zero aqui no DELFOS. E A Lenda dos Guardiões só não leva zero porque a coruja que eu acariciei era realmente fofinha! =)

A SOBREMESA

– Ao escrever o primeiro parágrafo desta resenha, constatei que toda a filmografia do Zack Snyder tem resenha delfiana – e todas feitas por mim. =)

– Esta resenha e sua temática alimentícia me deram fome.

– Sacrifico meus bodes para que o Zack Snyder, um dos cineastas mais legais dos tempos recentes, não siga o caminho do Shyamalan. Faça isso também, pelo bem da cultura nerd, por Tutatis!