Confissões de Adolescente nasceu no teatro (baseado nos diários da atriz Maria Mariana) e depois foi adaptado em um programa de TV que era muito elogiado tanto por crítica quanto por público. Eu nunca assisti, mas conheço bastante gente que acompanhava e se lembra do seriado com carinho até hoje. Pois bem, para matar a saudade dos nostálgicos e também apresentar a história para uma nova geração, Confissões estreia agora em outra mídia, o cinema.
A história gira em torno de quatro irmãs da classe média do Rio de Janeiro e os problemas e descobertas da adolescência. O primeiro beijo, o primeiro namoro, a primeira transa, a indecisão na escolha de uma faculdade, e por aí vai. Temos aqui a popular mistura de drama com comédia (a dramédia) no estilo slice of life, mostrando um período determinado da vida delas.
Devo dizer que, por nunca ter assistido à série, não sabia o que esperar. A única referência que tinha de algo popular sobre adolescentes produzido por essas bandas era Malhação. E esta definitivamente não é uma boa referência para se ter. Ainda bem que são duas coisas completamente distintas.
Dada minha total ignorância quanto ao teor da obra, este foi um daqueles casos de surpresa positiva. Acabei gostando mais do que poderia imaginar. OK, não há grandes novidades aqui, os temas apresentados e a forma como são abordados não deixam de ser batidos. Mas, por outro lado, não dá para fugir disso, pois os problemas e descobertas da adolescência são sempre os mesmos. Essa é a proposta do longa e ele a trata com competência.
Legal ver também adolescentes agindo de acordo como tais, bebendo, mentindo para os pais e fazendo besteiras. Também ajuda termos jovens de idades diversas, indo desde o pessoal mais novo, que acabou de entrar na puberdade, até a irmã mais velha, que já saiu de casa e está enfrentando os primeiros perrengues da vida adulta.
Todos os personagens são bem desenvolvidos e o nível das atuações é muito bom. O roteiro poderia ter lapidado um pouco melhor os diálogos, que às vezes não fluem naturalmente, e por conta disso, às vezes deixam uma ou outra performance dos intérpretes mais artificial. Mas fora isso, a qualidade aqui é muito boa.
Ponto também para o humor. Quando ele resolve ser engraçado, consegue tirar boas risadas. Principalmente os dois moleques mais novos (e doidos para pegar alguém), que são o alívio cômico oficial da película. Só a grande zoação com Crepúsculo já valeria sozinha uma assistida. O fato do resto do filme ter um nível bem elevado só ajuda.
Dessa forma, imagino que quem gostava da série de TV provavelmente vai curtir o longa-metragem também. E para quem está tendo o primeiro contato com a história, vale a pena assistir. É um bom filme nacional sobre a juventude. Que venham mais desse tipo.
