Conduta de Risco

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Esse é um daqueles casos em que o trailer passa uma idéia completamente errada do que realmente é o filme. Pô, o simples fato de ver Tom Wilkinson, do tremendão O Exorcismo de Emily Rose falando “Eu sou Shiva, o deus da morte”, dá a entender que se trata de um suspense psicológico na mesma linha da assustadora possessão da Emília Rosinha. Só que essa cena, colocada dentro do contexto da história, deixa claro que é apenas uma metáfora para como o personagem estava se sentindo e nada tem a ver com possessão, assim como o longa nada tem de suspense. Uma dica para quem edita os trailers é tomar muito cuidado com esse tipo de frase fora do contexto, pois o principal motivo para um filme ser considerado ruim é a expectativa criada em cima dele.

Na verdade, a história é bem simples. Arthur, o personagem de Tom Wilkinson, depois de décadas na advocacia, tem um faniquito (sério, eu passei alguns minutos decidindo qual seria a palavra mais engraçada para aplicar aqui: faniquinho ou piripaque) por pensar que nem sempre estava defendendo o lado certo. Acredito que qualquer advogado do mundo, com exceção de Matt Murdock, consegue se identificar com isso e até é um bom ponto de partida para um longa. O problema aqui é que ele nunca sai da segunda marcha.

Conduta de Risco é um longa lento e chato, com pouquíssima história e muita falação. Não confunda. Ao contrário da obra de Kevin Smith ou de Antes do Amanhecer, este não é um filme de diálogos, existe uma história, mas ela é lenta e chata e, para piorar, as extensos e complicadas conversas cheias de jargões legais parecem não levar a lugar nenhum.

Por causa disso tudo, quando a projeção estava terminando, tinha decidido que concederia ao dito-cujo um único Alfredo, talvez um e meio. Mas então veio a cena final, um diálogo tão legal, mas tão legal, que eu me senti obrigado a aumentar a nota para dois Alfredos completos. Não, essa cena não vale o filme, mas se você foi engolido pelo trailer mentiroso e ficou preso na sala por duas horas da mais pura enrolação, ela pela menos vai tirar as lágrimas de tédio dos seus olhos. É uma pena que toda a história não siga por esse caminho.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
conduta-de-riscoPaís: EUA<br> Ano: 2007<br> Gênero: Advocacia<br> Duração: 119 minutos<br> Diretor: Tony Gilroy<br> Distribuidor: Imagem<br>