Che & Che – A Guerrilha

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A entrevista com a turminha do barulho que fez este filme.

O amigo delfonauta já assistiu a um filme de quatro horas e meia? E que tal se forem quatro horas e meia de um oscarizável? E se for falado a maior parte do tempo em espanhol (com trechos em inglês) e, para deixar ainda mais legal, não tiver legendas? Não parece muito promissor, né? Ok, depois de dez minutos de filme, voltaram tudo, fizeram uma pausa e ligaram as legendas. Mas ainda assim, eram quatro horas e meia de um oscarizável. Mas eu decidi encarar o desafio que nem macho e o vento preto havia de me ajudar.

Quando você tiver a oportunidade de ver este filme em circuito comercial (esta resenha foi escrita em outubro de 2008), não vai sofrer durante quatro horas e meia como eu. Isso porque, na verdade, são dois filmes e vão estrear separadamente no Brasil. Essa semana, estreia apenas a primeira parte.

O primeiro, chamado simplesmente de Che, é composto de mais de duas horas mostrando o Ernesto Guevara andando pelas florestas de Cuba, com o intuito de dar o golpe que colocou Fidel Castro no poder. Já o segundo, Che – A Guerrilha, é bem diferente. Nele, vemos Ernesto Guevara andando pelas florestas da Bolívia por mais de duas horas, com o intuito de dar o golpe que nunca foi dado, pois ele foi eventualmente capturado.

Sério, os dois filmes são exatamente iguais. E são daqueles onde você assiste, assiste, assiste, assiste mais um pouco e não acontece nada. Nada. Nada. Nada. Nada. NADA! Durante a primeira projeção, eu até considerei um filme razoável, mas quando o segundo começou e, ainda assim, continuava sem acontecer nada, fui obrigado a diminuir a nota do bichinho. E ficou sinceramente difícil continuar prestando atenção quando se está diante de quatro horas e meia do mais puro nada!

Pode parecer que estou sendo radical, mas temos muito pouco aqui da filosofia ou dos motivos de Che. Sem exagero, ambos os filmes são simplesmente um bando de homens andando pela floresta, eventualmente abaixando no chão e atirando em inimigos invisíveis que nunca aparecem. Faltam diálogos, falta motivação, falta ideologia. Sem falar que, para um filme que mostra a história de um revolucionário, falta revolução! Criatividade! Enfim, falta história! E tudo isso tem de sobra na biografia do senhor Guevara.

E, cacilda, como podem fazer uma cinebiografia do caboclo sem mostrar o momento em que ele foi imortalizado naquela foto que seria posteriormente vendida em camisetas, lancheiras, action-figures, caixões, camisinhas e tudo mais que só o capitalismo e o Kiss trazem para você? O filme até mostra ele tirando uma foto antes da execução, mas não é AQUELA foto tirada por Alberto Korda.

Se você é fã do maior ícone dos comunistas de shopping, e tem aí no seu guarda-roupa uma camiseta da Ralph Lauren com a famosa foto, definitivamente não é aqui que vai aprofundar seu conhecimento sobre a vida e a causa do nosso amigo. Che por Che, Diários de Motocicleta é muito mais legal. E o ícone comunista transformado em ícone do capitalismo ainda não recebeu a cinebiografia que merece.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
che-che-a-guerrilhaPaís: EUA / França / Espanha<br> Ano: 2008<br> Gênero: Oscarizável<br> Duração: 268 minutos<br> Roteiro: Peter Buchman<br> Elenco: Benicio Del Toro, Santiago Cabrera, Damián Bichir, Catalina Sandino Moreno, Rodrigo Santero, Franka Potente e Lou Diamond Phillips.<br> Diretor: Steven Soderbergh<br> Distribuidor: Europa<br>