Champions of Norrath

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Este ano parece que vai ser interessante para os jogadores de videogame e computador. Teremos excelentes lançamentos ainda no primeiro semestre e jogos que vêm criando uma grande expectativa (como com o Half Life 2), tanto por parte da mídia quanto dos jogadores. Este Champions of Norrath veio dessa “onda” de expectativa e ansiedade pois é, afinal, um jogo da própria Sony, que mais do que todas as outras fabricantes, conhece o potencial de seu videogame. Além disso, o jogo se passaria no mundo de Everquest, um dos RPGs online – também da Sony – mais famosos e lotados do mundo. Mas será que a espera valeu a pena?

Primeiramente, os gráficos são poligonais, mas com excelentes texturas, uma boa variedade de inimigos e belos cenários que exploram bem os recursos do Playstation 2. O efeito da água se mexendo em tempo real conforme você caminha sobre ela, em especial, é muito bonito. O personagem principal apresenta uma boa quantidade de movimentos. Os combos, dependendo da arma que você está usando, são visualmente bem legais.

Falando nisso, como não poderia deixar de ser, o jogo tem inúmeras opções de combinações de armaduras (para o corpo, para as pernas, para a cabeça e para as mãos) e vários estilos de armas que vão desde um arco e flecha para ataques à distância, até aquele machado insano que fatia o inimigo sem dó.

A jogabilidade é exatamente igual a um clássico dos PCs, a série Diablo. Ou seja, um RPG com muita ação, onde você vai explorando os inúmeros calabouços e cenários que o jogo oferece, colhendo as armas e armaduras dos derrotados e, quando estiver lotado de itens, volta para a cidade, vende tudo, faz uma grana e aproveita para comprar as poções de energia, de mana ou um equipamento mais forte. Assim como o Diablo II, aqui você também pode acrescentar cristais ou outras pedras preciosas em seu armamento para ganhar poderes especiais (bônus de eletricidade quando você ataca um inimigo, por exemplo) e assim ir se fortalecendo até a luta com algum chefe.

A parte sonora é açucarada demais para um jogo deste gênero. As músicas lembram mais filmes dramáticos, daqueles que você tem vontade de chorar, do que um jogo onde você deve salvar o mundo. Elas simplesmente não se encaixam com a ação.

Os sons, por outro lado, são competentes e fornecem barulhos variados, dependendo da arma que você está utilizando, e o tipo de inimigo que você enfrenta. São sons bem característicos para quem já jogou algo desse gênero, portanto nada de especial.

Até aqui, a impressão que se tem é que Champions of Norrath é ótimo e divertido. Mas a verdade engana, pois agora chegamos no ponto crucial: o que é um RPG sem estória? De que adianta gráficos de última geração e músicas orquestradas se você não tem nada de útil para contar?

É exatamente este o grande problema que simplesmente destrói toda a parte técnica do jogo: Champions of Norrath não tem estória. Quer dizer, até tem, mas é tão bobinha, que você fica sempre esperando alguma coisa acontecer para se sentir motivado a jogar. Basicamente, você é um candidato a herói que deve salvar o mundo de Everquest dos inimigos de Norrath, os Orcs e Goblins.

Como você pôde perceber, a estória é totalmente clichê e sem inspiração, mas o pior é como ela se desenvolve. Nada mais vai ocorrer o jogo todo, nem uma reviravolta, absolutamente nada. E o pior são as missões totalmente chatas e entediantes que você vai ter de cumprir.

Um exemplo: Tem coisa mais broxante enquanto você salva o mundo, do que parar tudo para buscar cinco gatinhos perdidos de uma anãzinha mal educada? E o pior é que esse tipo de missão “super interessante”, está presente em todo o jogo e não como missões alternativas (que aliás, neste jogo são poucas – mais um ponto negativo), mas como parte da estória principal. Se você não encontrar os malditos gatos, a anã não deixa você descer em uma caverna para enfrentar um dos chefões do jogo.

Como se isso já não fosse o bastante, o pior é o vai e vem que você deve fazer para achar algum item precioso. O limite de “peso” que seu personagem carrega é muito pequeno. Você até pode aumentá-lo quando passa de nível, mas, certamente existem coisas mais importantes para se preocupar do que isso.

Honestamente? Se você gosta de RPGS, passe longe deste Champions of Norrath. O Playstation 2 possui opções muito mais interessantes como Baldur´s Gate ou a série Final Fantasy para você se rebaixar a este aqui.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).