Eu sempre gostei da série Call of Duty. Inclusive, resenhei o primeirão por aqui próximo à sua época de lançamento. Desde então, joguei vários de seus lançamentos anuais, embora não todos.
Minha opinião sempre foi a mesma. Trata-se de uma excelente série, com campanhas intensas e divertidíssimas, mas cujo foco no multiplayer competitivo não era para mim. Quando comprava um Call of Duty, costumava curtir muito a campanha, mas terminá-la em um ou dois dias e depois ficava meses até sequer ter vontade de testar o multiplayer.
Desta forma, minha última experiência com a série foi com Modern Warfare 2, quando ela ainda se dividia entre Segunda Guerra Mundial e guerra moderna. O jogo do qual vamos falar hoje é a terceira parte da série Black Ops, que é muito menos realista e mais focada em ficção científica do que os que eu conhecia.
A CAMPANHA
O início da história de Black Ops III lembra muito Robocop. Após uma simples criação de personagem (que envolve basicamente escolher o sexo e o rosto), você é enviado a uma missão na qual o protagonista é mutilado.
Entre a vida e a morte, seu carinha é submetido a uma cirurgia que o torna um ciborgue com habilidades sobre-humanas. Logo, você se acostuma a sua nova condição, mas acaba se vendo perseguindo seus antigos colegas que estão tomando algumas atitudes inexplicáveis e colocando o mundo em perigo ao fazer isso.
Obviamente, a principal forma de interagir com o mundo é nos pipocos. Sair atirando em tudo que se mexe é, afinal, a fórmula de Call of Duty que tanto gostamos. Porém, você tem outros poderes que lembram bastante os plasmids de Bioshock. Um desses poderes envolve até o envio de insetos que matam os desafetos, exatamente como no joguinho da Irrational.
Mas tem outros poderes bacanas, como um que faz robôs explodirem e outro que faz os seres humanos passarem mal até morrerem. Usar essas habilidades é muito divertido, e admito que eu me sentia um jedi enquanto jogava.
O lado ruim é que você não pode brincar com todos os poderes ao mesmo tempo. Ou melhor, pode depois que passar do level 20 (em todo meu tempo com o jogo, cheguei apenas ao 14). Antes disso, deve escolher uma das três combinações. Como alguns poderes são mais úteis para robôs e outros para humanos, acaba sendo uma limitação chata, pois você pode se ver lutando contra robôs tendo equipados apenas poderes úteis contra humanos.
Outra limitação são as armas que você pode equipar. Você sempre tem uma arma principal e uma sidearm. Só que a sidearm é sempre uma pistolinha quase inútil. Assim, você acaba se vendo obrigado a jogar o jogo inteiro com uma arma multiuso na linha de uma metralhadora. Afinal, já pensou se você se vê armado com um sniper em um combate num lugar fechado, sem a possibilidade de trocar?
Seria bom se pelo menos desse para você equipar duas armas quaisquer, possibilitando que você estivesse sempre com uma metralhadora e com a segunda se alternando entre um sniper e uma escopeta.
MAIS DA CAMPANHA
A história é bacana e a campanha, como é tradição na série, é empolgante e intensa. Como agora ela não tem mais nenhum compromisso com a realidade, acaba sendo até mais descompromissada e mais divertida do que nos Call of Duty que eu conhecia, embora, verdade seja dita, também é menos marcante do que as da sub-série Modern Warfare. Confira abaixo um vídeo que fiz durante a campanha e repare na quantidade de explosões.
Trata-se de uma campanha rápida, na qual você passa o tempo todo em meio a tiroteios com pouquíssimo tempo para respirar. Seria legal se ela se aproveitasse dos poderes dos seus personagens para colocar mais variação. Por exemplo, entre suas habilidades, estão um wall run e a possibilidade de assumir o controle de robôs. No entanto, como é possível você não equipar essas coisas, nunca é de fato obrigado a utilizá-las. Penso que a campanha seria mais marcante se houvesse momentos em que fosse necessário usar determinado loadout para obrigar o jogador a brincar com tudo que o jogo disponibiliza.
Sobre a história, devo dizer que a possibilidade de escolher entre um homem e uma mulher gerou problemas na narrativa. Eu escolhi uma mulher, por exemplo, e em determinado momento da história rolou um romance lésbico que pareceu que realmente foi programado para aparecer na história se o jogador fosse um cara. Poderia ter pequenas diferenças na história caso você jogasse com alguém provido ou desprovido de pênis, e não apenas a voz do ator que está lendo as falas. Ou então podiam ter colocado um personagem de sexo pré-escolhido que, convenhamos, não faria muita diferença.
Outra coisa que vale a pena dizer é que os cenários são em sua maioria bem abertos, mas é comum se você andar muito na direção errada receber uma contagem regressiva para voltar ou então morre. Valeria um pouco mais de cuidado para fechar o cenário em áreas que você não pode explorar, como acontece com The Last of Us, por exemplo.
O maior dos problemas, no entanto, foi um erro que aconteceu com os saves. Sempre que voltava a jogar a campanha, o botão “continuar história” me colocava de volta na terceira fase, não interessa qual tivesse sido a última que joguei. Por causa disso, sempre tinha que escolher a fase mais avançada pelo menu.
Isso depois que descobri o problema, pois no meu primeiro dia com o jogo, joguei até a metade da quarta fase e, quando voltei, o jogo queria me mandar para a terceira de volta. Quando percebi o que aconteceu, escolhi a quarta fase no menu, mas por causa disso tive que jogá-la desde o começo novamente. Isso também significava que eu não poderia parar o jogo no meio de uma fase, pois da próxima vez que jogasse, teria que começá-la de novo, o que foi bem inconveniente. Imagino que esse problema dos saves deve ser resolvido com um patch e espero que seja mesmo, pois é algo muito bizarro e que detrai bastante da experiência geral.
Claro, apesar dos probleminhas, a campanha traz o que se espera de um Call of Duty e é muito divertida durante as horas que dura. É claro que a campanha é só o começo quando se fala dessa série.
MULTIPLAYER COMPETITIVO
Provavelmente o prato principal de um Call of Duty, que é um dos grandes jogos online dos últimos anos. O multiplayer de Black Ops III traz uma grande quantidade de modos de jogo diferentes, mas nenhum deles é de fato novidade.
Do sempre ótimo team deathmatch ao tradicional capture the flag, passando por aqueles em que os times têm que dominar zonas, tudo aqui é conhecido, mas admito que eu nunca tinha visto todas essas formas de jogo estarem disponíveis em um único lançamento.
Infelizmente, meus testes com o multiplayer competitivo tiveram sérios problemas de conexão. Era comum outros jogadores e eu ficarmos parados no mesmo lugar ou sermos constantemente teleportados para locais pelos quais já tínhamos passado. Isso tornava o jogo praticamente não-jogável. Veja abaixo um vídeo que fiz da minha experiência.
É uma pena, pois ele parece ser bem legal, e não tenho dúvidas que seja, dada a importância do multi para a série. Achei até que fosse um problema de conexão, mas testei ao longo de vários dias e, nesse meio tempo, testei com Destiny (que também é da Activision) e outros jogos que funcionaram perfeitamente.
Além disso, há nos menus um aviso de que o multiplayer está em beta, então imagino que ele possa melhorar quando sair do beta. Acabou sendo mais um caso de jogo que chega às lojas sem estar exatamente completo.
ZUMBIS
Esta é uma outra forma de jogo multiplayer, mas este funciona muito bem. Trata-se de colocar até quatro jogadores em um belíssimo cenário noir para matar alguns zumbis e ver quanto tempo conseguem sobreviver.
Há alguns power ups no cenário, como armas mais fortes ou a possibilidade de se transformar em um monstro super-poderoso. Deveria ser uma forma de jogo cooperativa, mas pela minha experiência, os jogadores gostam de competir até aqui.
Um exemplo, as partidas começam em frente a um power up de virar monstro, mas leva alguns minutos até realmente ter zumbis suficientes para valer a pena usá-lo. No entanto, sempre um dos jogadores vai correndo para pegar o negócio, mesmo que isso signifique que ele vai ficar simplesmente parado até dar o tempo do power up sem matar quase ninguém.
Claro, isso aconteceu porque joguei com genéricos online (e neste modo de jogo não teve lag). Imagino que jogar com amigos (o jogo possibilita também tela dividida) seja uma outra experiência bem mais prazerosa. E o visual do modo zumbis é muito diferente do resto do jogo e também bastante atraente. Seria legal se tivesse mais do que um mapa, pois com apenas um, o seu potencial fica bem limitado.
FREE RUN E ARCADE
Escondido nos menus de multiplayer, há o modo free run, que lembra bastante o Mirror’s Edge. São circuitos fechados pelos quais o jogador deve correr, escalar e nadar no menor tempo possível e são muito divertidos. É uma pena que há apenas quatro cursos, mas fazer os quatro deve gerar cerca de uma hora de diversão.
Por fim, há um outro modo escondido na campanha, um arcade que coloca o jogador contra zumbis em um twin-stick shooter que é simplesmente muito divertido. Tem até alguns itens que você pode pegar que modificam a jogabilidade para um FPS tradicional e admito que, tirando a campanha, foi o que mais gostei em Black Ops III.
Lembrou-me quando o Cyrino jogou New Super Mario Bros. e passava mais tempo nos minigames do que no jogo propriamente dito. Admito que eu também sempre dava uma jogadinha neste arcade antes de cair no tiroteio da campanha.
OPERAÇÕES AFRODESCENDENTES
Call of Duty: Black Ops III teria levado pelo menos 4,5 Alfredos se não tivesse apresentado os problemas relatados com o save da campanha e com o lag do multiplayer.
Com tudo funcionando como deveria – o que espero que aconteça em breve através de patchs – Black Ops III é um jogo com muita coisa para fazer que é capaz de gerar muitas horas de diversão, especialmente para jogadores que gostam de um mata-mata online.
Comparando apenas a campanha single-player, não está no mesmo nível de um Halo 5, mas como pacote completo, aqui temos muitas outras formas de jogo que possibilitam uma vida útil considerável ao jogo.
CURIOSIDADE:
– Se você ainda não tem um videogame da geração atual, fique ligado. No PS3 e no Xbox 360, Call of Duty: Black Ops III não inclui o modo história.
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