Os EUA, todo mundo bem sabe, adoram uma guerra. Você também sabe que qualquer conflito armado é uma atividade bastante cara, ou seja, muito lucrativa para quem fornece os armamentos para tais confrontos. Este é o mote de Cães de Guerra, filme que equilibra muito bem drama e comédia para tratar de um assunto sério e baseado em fatos reais.
David Packouz (Miles Teller) é um jovem empreendedor sem sorte nos negócios. Um dia ele reencontra um antigo amigo de infância, Efraim Diveroli (Jonah Hill, enorme de gordo), que acaba de entrar para o negócio de fornecimentos de armas e munições para as Forças Armadas dos EUA através de licitações abertas pelo Pentágono.
Efraim convida David para trabalhar com ele e logos os negócios prosperam nesse meio moralmente condenável e sempre beirando (e muitas vezes entrando totalmente) a ilegalidade, com a dupla realizando diversas “mutretas” para cumprirem seus contratos.
Tematicamente, e até mesmo pela pegada bem humorada, ele lembra muito O Senhor das Armas. A maior diferença é que, enquanto o personagem de Nicolas Cage no filme de 2005 era um traficante de armas que vendia para qualquer dos lados de um conflito, aqui os dois são empresários que só negociam com o Pentágono, embora o resultado final de ambos seja muito similar.
A opção do longa ser narrado por David, sob a ótica do novato no ramo armamentício, se prova acertada, pois é através dele que o espectador vai se familiarizando com esse meio. Jonah Hill faz um personagem excêntrico (com a risada mais forçada do mundo) que lembra um pouco seu papel em O Lobo de Wall Street, e é responsável por algumas das melhores falas e piadas do longa.
Há ainda o conflito doméstico entre David e sua esposa, movido pelos segredos que ele passa a guardar dela. Aliás, ela é interpretada pela atriz com o nome mais apropriado possível para uma produção com essa temática, Ana de Armas, uma das mulheres mais bonitas a aparecer no cinema recente. Que olhos.
Embora não seja um filme de ação, ele é bastante movimentado (a sequência onde eles têm de entregar um carregamento de armas pessoalmente atravessando o Iraque via estrada é muito boa) e seu ritmo nunca decai. A temática interessante, cheia de zonas cinzentas e de verdades cruéis sobre o funcionamento do mundo, acaba por torná-lo muito interessante.
Cães de Guerra é um daqueles exemplos cada vez mais raros em Hollywood, de filme de diversão focado num público adulto, com um assunto sério, porém abordado de forma leve e divertida, o que não quer dizer que ele não suscite uma reflexão ao final. Se você gosta do que acabei de descrever nesse parágrafo, sem dúvida vale pegar uma sessão.