Essa talvez seja a comédia mais esperada do ano. Graças a diversas polêmicas e processos, Borat vem fazendo uma carreira de sucesso ao redor do mundo e finalmente chega ao Brasil, com meses de atraso. Mas ei, considerando que tanto o personagem quanto o comediante Sacha Baron Cohen são completamente desconhecidos por aqui, até que a demora é justificável. Aliás, completamente desconhecido talvez seja um exagero, já que aqueles poucos que são obsessivo-compulsivos o suficiente já devem ter visto o nome do cara nos créditos do tremendão Madagascar. Quem era ele, você quer saber? Bom, as palavras “Eu me remexo todo” significam algo para você? 😉
Borat é um meio termo entre um filme de comédia grosseiro naquela linha Todo Mundo em Pânico e um programa de câmera escondida. Se bem que aqui a câmera não é escondida, mas a sensação de assistir aos trechos de “documentário” do filme é mais ou menos a mesma. E esses são justamente os melhores momentos do longa. Mas voltamos a isso depois, pois imagino que você quer saber da história.
Borat é um repórter do Cazaquistão (nenhuma referência é feita aqui ao fato de ele ser o segundo melhor do país, como afirma o título tupiniquim) que decide fazer intercâmbio cultural nos Estados Unidos e, é claro, filmar tudo para um documentário. Chegando lá, ele logo assiste S.O.S. Malibu na TV e, como qualquer homem que se preze, se apaixona pela Pamela Anderson (hum… Pamela Anderson…). Pronto, o foco do documentário dele não é mais o intercâmbio cultural. Agora o cara quer mesmo é chegar até a Califórnia e convencer a peituda a liberar o acesso à vagina dela. E quer saber? O filme seria muuuuuito melhor se não tivesse essa historinha e fosse apenas o personagem entrevistando pessoas reais.
Nessas cenas, Borat se depara com o lado mais hipócrita e imbecil dos Estados Unidos. E, embora algumas das atitudes dos estadunidenses sejam reações a coisas que ele fez ou disse, muitas são espontâneas e bem mais chocantes do que as ações do comediante.
Por exemplo, em determinado momento ele vai a um rodeio e um caubói fala que os estadunidenses um dia vão conseguir matar todos os muçulmanos. Não satisfeito, o animal (que deveria ser cavalgado pelos quadrúpedes, de tão estúpido) ainda declara que depois eles deveriam matar todos os gays. E isso tudo é espontâneo, foi falado por vontade própria, não foi uma reação a algo dito pelo Borat. Logo em seguida, o personagem faz um discurso para o público do rodeio, onde diz que apóia a “Guerra de Terror” e que espera que os EUA consigam destruir todos os iraquianos, para fazer com que nenhuma forma de vida volte a nascer ali. E o pior: ele é aplaudido de pé pelos caubóis presentes. O.o
Tem outros ótimos momentos como esses citados acima, como quando o repórter pergunta para um vendedor de armas qual ele recomendaria para matar um judeu. E o cara responde naturalmente! Parece até um documentário do Michael Moore, só que muito mais irritante, não por causa de Borat, mas pela estupidez dos estadunidenses que fica ainda mais explícita aqui do que nos filmes do simpático gordinho nerd.
Infelizmente, nem todas as cenas de documentário devem ser reais (tem uma que definitivamente não é, veja a parte de curiosidades abaixo) ou Sacha teria sido preso, já que o cara desrespeita muitíssimas leis no decorrer do filme. Ainda assim, contudo, é divertido.
A parte chata é justamente a historinha e a busca do cara pela peituda sagrada (todo homem procura a sua, mas apenas aqueles que são puros de coração a encontram – e não, essa frase não está no filme, eu acabo de inventá-la). E, ao contrário do que eu esperava, mais da metade do filme trata disso. São poucos os momentos “documentais” e o restante apresenta pouco mais do que piadas sobre fluidos corporais e coisas do tipo. Isso deixa o filme bem inferior ao que eu gostaria de ver. Vale pelas pessoas reais, mas os momentos “fictícios” maculam uma obra que, não fosse por isso, teria tudo para ser genial.
Curiosidades:
– A cena com a Pamela Anderson é claramente ensaiada. Tem alguns erros de continuidade e Pamela e Sacha são amigos de longa data. Ela até já participou do programa de TV do cara (Da Ali G Show), o que deixaria bem absurdo que ela não o reconhecesse.
– O título desse filme é tão grande que não sobrou espaço para colocarmos a tradicional frasezinha no destaque da capa.
– Se já é extremamente irritante termos que ver os estadunidenses chamando seu país de América, pior ainda é quando brasileiro faz a mesma coisa. Por que diabos não mudaram o América do subtítulo para Estados Unidos, cacilda?
– A imagem aí da galeria não aparece no filme, mas eu achei que você não se importaria com isso. 😉