E lá vamos nós mais uma vez para uma notícia que vai gerar ameaças de morte para a minha família.
Quem foi no show de São Paulo do Guns N’ Roses e não é um fanático idiota com cegueira seletiva presenciou a maior demonstração de estrelismo, antipatia e falta de respeito desde o episódio do Malmsteen, Derek Sherinian e o hino dos EUA em 2001 (se não me falha a memória).
O show estava marcado para começar às 21:30, mas o Sebastian Bach, que abriu para o Axila Rosa, entrou no palco só às 21:45. Fez um show esbanjando simpatia, com um setlist deveras legal. A única decepção foi a falta de potência vocal do sujeito durante Youth Gone Wild, composição que entraria fácil em um Top 5 meu com as melhores músicas da história.
O show do sujeito terminou pouco depois das 23 e aí fomos agraciados com um intervalo de 90 longuíssimos minutos até o Axila Rosa resolver aparecer. Já era quase uma da matina quando a intro do Guns começou a soar.
Apesar de antipático e anti-profissional, atrasos são até toleráveis no mundo do Rock. Então ok, a banda subiu ao palco com Chinese Democracy, a melhor música do disco em questão, na minha opinião. E a primeira impressão foi ótima. Grande visual, presença de palco excelente de todos os membros e um espetáculo de fogos, luzes e efeitos especiais que deixaria o Kiss com inveja. Essa ótima impressão inicial durou menos de um minuto.
Isso mesmo, menos de um minuto depois da banda ter subido ao palco, Axl Rose grita alguma coisa e a música para imediatamente. A velocidade com a qual a banda parou de tocar apenas denuncia que essa é uma atitude frequente do vocalista, o que torna tudo ainda mais patético.
Aparentemente, alguém jogou alguma coisa no palco. Já li por aí que foi uma garrafa ou um copo de água. Sinceramente, não vi o que foi e nem me importa, a não ser que tenha sido uma faca ou algo REALMENTE perigoso, o que duvido muito.
Nesse ponto, Axl começou a xingar alguém da pista premium, literalmente chamando o cara (ou mina) pra porrada, se sentindo um machão com frases como “if you’re gonna fuck with me and my boys, we’ll just leave“. Claro, só ele se sentia um machão, porque qualquer pessoa que visse isso presenciava a atitude de um moleque de quase 50 anos, chorão e mimado como qualquer molequinho de sete anos que se acha melhor que os outros por ser o dono da bola.
Confira esse momento patético no vídeo abaixo. Começa lá pelos 2 minutos e 20 segundos.
Eu já vi muitos shows na vida. Já vi roqueiros mimados (o vocalista do Hammerfall xingando a plateia porque alguém pegou um alfinete ou algo assim da sua bota – isso aconteceu no show de São Paulo durante a turnê do Renegade) e já vi coisas muito profissionais, como bandas sendo hostilizadas e vaiadas e mesmo assim se esforçando para fazer um bom show. Porém, esse momento ganhou o posto de atitude mais patética que um rockstar já teve.
Cara, ele atrasou 90 minutos para entrar no palco (estou contando a partir do ponto que o Sebastian Bach encerrou o show), não pediu desculpas nem nada do tipo e ainda chega com essa atitude? Sinceramente, nesse ponto eu preferia mesmo que a banda saísse do palco e devolvessem meu dinheiro, pois depois dessa, realmente me arrependi de ter pagado para estar lá.
E Axl foi o responsável por todos os momentos ruins da noite. Os músicos contratados que o acompanham são todos excelentes e tocam as músicas antigas com uma fidelidade de tirar lágrimas dos olhos. Axl, por outro lado, dava um vexame atrás do outro. Em You Could Be Mine sequer era possível ouvir o vocal, por exemplo. Sem falar das longas pausas entre uma música e outra, provavelmente para Axl conseguir recuperar o fôlego (e nem assim dava certo). O show durou duas horas e meia, mas de música mesmo, deve ter sido menos de 90 minutos.
E, para um show de uma banda de tamanha importância, é curioso pensarmos que os melhores momentos foram protagonizadas pelos músicos que não estavam lá quando a banda era realmente importante. Aliás, os solos individuais, que compareceram em músicas instrumentais, não naqueles solos masturbatórios que todos conhecemos, estão entre os melhores momentos.
Curioso, não? Um show basicamente de dois vocalistas daquelas que foram, talvez, as duas bandas mais importantes do Hard Rock nos anos 90, foi prejudicado justamente pelos vocalistas.
Mas o Sebastian Bach dá para perdoar. O cara tinha tudo para ser antipático e arrogante depois do que rolou com o Skid Row no Monsters of Rock e mesmo assim foi extremamente simpático e fez um show excelente.
Já Axl tocou um monte das músicas mais chatas do Chinese Democracy, não conseguia cantar os poucos clássicos presentes (convenhamos, quão difícil é cantar Sweet Child O’ Mine, por melhor que seja a música?), fez pausas imensas, enrolou pra caramba para entrar e, logo que entra, já o faz ameaçando sair do palco.
Aspirantes a músicos que estão lendo isso, a atitude do Axl é um manual de como não se portar com o público. Como entrar no palco com o jogo ganho e, mesmo assim, perder. Claro, internet afora deve ter gente aplaudindo a postura dele. Tem gente que gosta de ser desrespeitada. São pessoas que aplaudiriam até se Axl submetesse a plateia a um golden shower.
Ah, e o show do Rio de ontem foi cancelado. Não foi culpa do Axl, já que foi a chuva que derrubou o palco. Porém, não consigo parar de pensar que foi um castigo de Thor! =)
Aliás, só por curiosidade, compare a atitude de Axl com o vídeo abaixo:
O vocalista Timo Kotipelto queimou a mão nos fogos do palco, devia estar numa dor absurda (ele precisou fazer até cirurgia plástica reconstrutiva) e mesmo assim terminou não só a música, mas o show inteiro, sem ameaçar sair do palco nem xingar ninguém. Isso não é uma discussão musical, mas de profissionalismo e respeito aos fãs. Quem agiu como um profissional e quem agiu como um amador nesses dois vídeos? A resposta é óbvia, não? Para você e eu, sem dúvida, mas talvez não seja para a turminha fanática da cegueira seletiva.