Arraste-me Para o Inferno

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Antes de falarmos sobre o filme em si, permita-me uma divagação. O título original deste longa, Drag Me To Hell não parece nome de música de Metal? Mais especificamente alguma faixa lançada pelo Judas Priest no Jugulator? Divagação feita, vamos à resenha.

Se você já ouviu falar de Arraste-me Para o Inferno, provavelmente é porque este é o primeiro trabalho do diretor Sam Raimi depois de muitos e muitos anos fazendo os três longas do Homem-Aranha. O que algumas pessoas não sabem, contudo, é que Samuel Raimundo começou a carreira fazendo filmes B de terrir. A trilogia cult Evil Dead, por exemplo, saiu das mãos dele. Assim, Arraste-me Para o Inferno é um retorno às raízes para o sujeito.

História: depois de ser uma evil bitch egoísta, Alison Lohman é amaldiçoada por uma simpática velhota que parece ser a avó do Marilyn Manson. A maldição consiste no fato de que, dali a três dias, um espírito maligno virá buscá-la e, como você deve imaginar, arrastá-la para o inferno. Pausa para o hell, yeah.

Evil monkey pra você!

Vai dizer que você esperava ler outra coisa aqui?

Porém, nosso simpático fantasminha camarada não é nenhuma Samara, que deixa a vítima sossegada até o prazo vencer. Assim, a moça não terá sossego pelos próximos três dias, pois o Gasparzinho from Hell vai querer conhecê-la melhor antes de assumir um compromisso.

A partir daí, prepare-se para muitas cenas nojentas, piadas de mal gosto e closes dramáticos, exatamente como tem que ser em qualquer filme B que se preze. Uma das virtudes do negócio é justamente sua capacidade em combinar de forma equilibrada o terror e a comédia. Se você é escolado no gênero terrir, sem dúvida sabe que o terror é sempre deixado de lado em favor da comédia. Assim, a maior parte dos “terrires” são, basicamente, comédias de humor negro repletas de violência.

Aqui não, pois, embora eventualmente eles se rendam aos aparentemente inevitáveis aumentos de trilha sonora quando um lenço passa voando, realmente tem algumas cenas que dão medo. E, pouco depois, você vai começar a rir de algo que um personagem falou ou do simples absurdo da situação que acabou de ver. E isso é legal. Convenhamos, terror e comédia combinam como ruivas e bacon. São coisas que simplesmente foram criadas para andar lado a lado.

Um dos problemas da franquia do Homem-Aranha, na minha opinião, é justamente a direção. Efeitos especiais ruins, atuações idem, soluções estúpidas para idéias ainda mais estúpidas… Porém, aqui é justamente a direção que brilha mais do que qualquer coisa. Afinal, dane-se se os efeitos especiais estão ruins. Isso é um filme B! Faz parte do charme! O mesmo pode ser dito das atuações. E os closes dramáticos são, na minha humilde opinião, uma das coisas mais legais para se fazer com uma câmera!

Porém, não posso te enganar aqui. Arraste-me Para o Inferno é bem inferior ao que essa resenha dá a entender até o momento. Isso se deve ao roteiro que, como todo filmeco de fantasmas, é ruim demais, clichê e com personagens mais burros do que alguém que dorme de boca aberta perto do Alfredo. Quer exemplos? Ok, mas prepare-se para spoilers leves no próximo parágrafo.

Segundo a lógica do filme, a maldição é feita através de um objeto. Assim, três dias depois, nosso amigo Mini Gaspar vem buscar o dono desse objeto. Se alguém te fala isso, o que você pensa imediatamente? Cacilda, eu daria o maldito botão imediatamente pro caboclo que me contou isso. Só que aparentemente, eu sou mais esperto do que a protagonista, pois a única coisa que passa pela cabeça dela é queimar o desgraçado. Assim não dá! Pior é que, muuuito depois, esse assunto volta à tona e só então… bem… chega de spoilers, né?

Para falar a verdade, apesar das risadas, o longa não me empolgou em nenhum momento. Porém, admito que o final realmente foi legal. Ok, é óbvio e todo mundo sabe que filminhos sobrenaturais nunca têm um final 100% feliz, mas convenhamos: aquela última cena é pintudona!

Assim, acabei subindo um pouco a nota e classifico Arraste-me Para o Inferno como uma fita levemente superior a um filme nada. Sem dúvida nenhuma, é o melhor filme sobrenatural em muito tempo, mas convenhamos, isso também não quer dizer muita coisa. Se você está carente de coisas legais com fantasmas, pode saciar sua sede por algum tempo, mas não espere nada no nível de um Os Outros.

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