Armikrog

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É comum a gente falar por aqui de lançamentos que não esperávamos nada e que nos surpreenderam positivamente. Infelizmente, Armikrog, o tema de hoje, foi o contrário. Eu podia jurar que ia adorar este jogo, por tudo que tinha lido sobre ele.

Armikrog é divulgado como um adventure point and click, o que por si só já suscita meu interesse. Mas tem mais. Ele vem das mentes criadoras do divertido clássico Earthworm Jim e, para completar, tem um visual único em animação de massinha.

De fato, Armikrog é um jogo lindo. Tal como South Park: The Stick of Truth, seu visual é perfeito para o que se propõe e acho difícil que ele ficasse melhor mesmo em um PS9. Ele é basicamente uma versão em games de filmes em stop-motion como Wallace & Grommit, e o design dos personagens e cenários cheios de cores vivas são atraentes e charmosos.

Infelizmente, ele peca é no quesito jogo. Não se trata de um adventure old-school como Broken Age, porque quase não há história. Ao iniciar o jogo, a premissa é contada através de uma simpática música cantada, mas depois disso você vai apenas explorar o cenário solucionando puzzles sem conversar com ninguém e basicamente sem cutscenes. As poucas cutscenes que rolam são faladas em um idioma feito para o jogo e sem legendas, fazendo com que a única forma de seguir a história seja através dos desenhos que as acompanham.

Por causa dessa proposta, apesar de os personagens e o mundo do jogo serem absurdamente simpáticos, eles não são desenvolvidos como o tradicional em adventures, fazendo com que o que tenhamos aqui seja um jogo de puzzles. Seu principal pecado, no entanto, está no design desses puzzles, que envolvem coisas como adivinhar ordem de itens (como todos os que envolvem o nenê chorando) ou remontar imagens e códigos.

Um puzzle específico envolve montar uma imagem com peças que deslizam, mas ele aparece tantas vezes que, embora tenha conseguido resolver os primeiros sem problemas, simplesmente não tinha mais energia para ficar fazendo aquilo de novo e de novo a toda hora, e usei vídeos como este de guia.

E aí entra outro problema. No vídeo acima, ele soluciona o desafio em pouco mais de dois minutos, mas mesmo eu copiando o que ele faz, demorei mais de dez. Por quê? Por causa dos controles. Acontece que, toda vez que você move o cursor perto de algo clicável, ele é atraído para aquele negócio, o que pode parecer uma boa ideia quando você está procurando o que clicar em uma tela.

Não é uma boa ideia em puzzles como este, que exigem uma precisão maior para diferenciar cliques nas pedrinhas ou no centro giratório. Quando tem uma pedra encaixada no centro, a pedra atrai o cursor, deixando bem difícil selecionar o centro para movimentá-lo. Aparentemente, isso não é um problema na versão de PC usada para o vídeo, mas na de PS4 torna enervante, especialmente considerando a frequência com que este puzzle aparece.

Os problemas com o controle também rolam em outros momentos de forma menos grave, como a movimentação do carrinho, que parece “empacar” sempre que tem uma mudança de trilhos.

Também rolou um problema bem chato, justamente próximo a este momento do vídeo. Eu precisava colocar um código que movimentaria os trilhos do carrinho para permitir que eu acessasse a próxima área. Eu sabia o código, mas toda vez que saía da tela em direção ao carrinho, o código resetava. Felizmente, eu tinha um backup do meu save de não tanto tempo atrás, o que possibilitou que eu continuasse o jogo (tendo que pagar o preço de montar a imagem do vídeo novamente), mas se não tivesse feito este backup, teria perdido todo meu progresso.

Armikrog é um jogo bem curto. Na verdade, ele até poderia surpreender quando acaba, não fosse alguns momentos na leve história, que dão a entender que as coisas estão se aproximando de um clímax.

Quando ele terminou, no entanto, admito que senti um certo alívio. Até queria explorar mais o mundo e curtir o visual fantástico de Armikrog, mas graças a seus puzzles repetitivos e pouco inspirados, não foi uma jornada divertida como achei que seria. Tudo indicava que eu gostaria muito de Armikrog, mas infelizmente não foi o que aconteceu.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
armikrogAno: 30 de setembro de 2015<br> Gênero: Puzzles em point and click<br> Plataforma: PS4, Xbox One, PC, Wii U<br> Fabricante: Pencil Test Studios<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Versus Evil<br>