Bom, antes de começar esta resenha, eu tenho que admitir que não conheço muito o trabalho do Annihilator. Meu primeiro contato com a banda foi o clipe de Alison Hell e fiquei impressionado com o que ouvi (que riff, cara!). Depois de um tempo, acabei comprando o primeiro disco da banda, Alice In Hell, que é justamente o que tem essa música, e o segundo, Never, Never Land. Demorei um pouco até conseguir ouvir os dois com a devida atenção mas, quando ouvi, gostei bastante. Calhou da minha primeira resenha de CD para o DELFOS (a ser escrita, não necessariamente publicada) ser justamente a do novo disco do Annihilator, Schizo Deluxe. Mas e aí?
Para começo de conversa, achei esse disco bem diferente dos dois primeiros (que também eram diferentes entre si, mas não tanto). Acho que isso é mais do que normal, pois o último disco que ouvi, Never, Never Land, é o segundo da banda, e este, Schizo Deluxe, é o nono. Poucas bandas passam tanto tempo sem atualizar o seu som, mesmo que apenas um pouco. No caso do Annihilator, a atualização foi bem grande. Quase grande demais.
Após ouvir várias vezes, posso dizer: eu gostei do disco, mas isso não foi fácil. Aí o delfonauta vai perguntar o porquê dessa dificuldade toda, e eu, como o cara legal e compreensivo que sou, vou explicar. Geralmente você diz que um disco é difícil porque ele é complicado e cheio de detalhes, tipo alguma coisa do Opeth ou do Dream Theater. Bom, este aqui foi complicado porque eu esperava outra coisa.
O Annihilator sempre foi classificado como uma banda de Thrash Metal. Cara, eu adoro Thrash, tanto o das bandas estadunidenses quanto o das alemãs. É um gênero bem agressivo, geralmente com vocais ásperos, coisa e tal. Os dois primeiros discos que eu tinha escutado encaixavam-se mais ou menos bem nessa categoria. Daí já mando minha primeira dica: para ouvir Schizo Deluxe, livre-se dessa expectativa. A minha maior dificuldade foi que eu estava esperando um disco de porradaria, e não é bem o caso. O disco tem um pouco de Thrash sim, mas também tem Heavy tradicional e até um pouco de Hardcore.
A alma da banda sempre foi o “dono” dela, o guitarrista canadense Jeff Waters. O cara é dito como um sujeito temperamental, mas eu entendo isso. Pô, a banda é dele. Se os outros músicos estão atrapalhando a visão musical, têm mais é que dançar mesmo. Por conta disso, o Annihilator nunca lançou dois discos com a mesma formação.
O som muito “atualizado” da banda assustou um pouco este filho de Odin e vosso irmão no Metal, até porque eu nunca ouvi alguém elogiar Thrash Metal atualizado. Todo mundo fala bem do Thrash “das antigas”, né? Até o Andreas Kisser perguntou o que seria Thrash moderno… Então, no começo da música Too Far Gone, por exemplo, quase tive um ataque cardíaco, pois me lembrei de St. Anger do Metallica – Aliás, olha aqui a resenha de Load. Felizmente a impressão logo passou e a música fica bem legal. Invite It, por exemplo, me lembrou um System Of A Down mais pesado. Tem gente que gosta, mas não é o meu caso. Tirando essa música, entretanto, a “atualização” não me incomodou muito, e eu até passei a gostar do som diferente.
Schizo Deluxe tem dez faixas e elas são bem variadas. Culpa do tio Jeff, pois o cara é um guitarrista de respeito. Aliás, acho que é impossível falar do Annihilator sem elogiar o sujeito. São riffs e mais riffs, todos bem interessantes. Não são muitos guitarristas que conseguem fazer o que esse cara faz em termos de criatividade.
Agora vou falar do que, para mim, é o ponto mais baixo do disco – o vocalista Dave Padden. Em algumas faixas, o cara manda muito bem, mas em outras ele tenta soar como outros vocalistas e a coisa desanda um pouco. É meio oito ou oitenta. Dá uma ouvida na faixa Too Far Gone para sacar a tentativa de soar como o James Hetfield do Metallica, na fase do Black Album, por exemplo. Ele se dá bem quando é agressivo (no final de Warbird o cara dá um grito que deixaria qualquer um rouco, não é fácil fazer isso), mas a interpretação dele deixa a desejar. O cara é novo, coisa e tal, e tem grande potencial, mas por enquanto a performance dele não desce muito bem. Isso me fez pensar em como o Gary Holt do Exodus deu sorte – pegou para o disco novo um vocalista totalmente desconhecido e o cara destruiu.
As letras são bem interessantes, e isso é uma coisa que o Annihilator também sempre fez bem. Plasma Zombies, por exemplo, fala sobre videogames violentos e a exposição de crianças a eles. É, cambada, Jeff é pai e se preocupa com sua cria.
A cozinha é simples e eficiente. O baterista faz muito bem seu trabalho. A mixagem, entretanto, não ajudou muito o baixo (tocado pelo próprio Jeff) a aparecer, mas o que dá para escutar é legal.
Ah, sim, de vez em quando aparece um ruído meio psicodélico, como um telefone tocando. No final da última faixa, por exemplo, aparecem uns gritinhos constrangedores. Não sei para quê isso. Deve ser arte.
O disco tem pérolas como Maximum Satan, a faixa de abertura, que me lembra um pouco o Slayer, e Drive. Aliás, putz, que música boa – riff animal e solo de guitarra destruidor. Até o Dave manda muito bem nela, soando bastante agressivo. Viu, Dave? Você consegue quando tenta!
Resumindo: o disco tem alguns pontos fracos, mas nada que comprometa a qualidade do dito cujo. Leva quatro Alfredinhos e eu recomendo! E se você for meu Brother of Metal vai clicar aqui, comprar o disco e dar uma força para os seus amigos delfianos. E que nossos laços sejam abençoados por Odin.