O Mundo das Trevas está na moda, caro delfonauta transmorfo! Alguns meses atrás, tivemos aquele divertido jogo de ação baseado em Lobisomem: O Apocalipse e também aquele VR baseado em Aparição: O Limbo. Desde então, vários outros games inspirados por Vampiro: A Máscara saíram. Hoje vamos falar do mais recente deles. A nova criação da Big Bad Wolf, os tremendões que nos trouxeram The Council. Adivinha só! Esta é nossa análise Vampire The Masquerade Swansong.
Então afie seus caninos e vamos lá tomar uma bloody mary.
ANÁLISE VAMPIRE THE MASQUERADE SWANSONG
Se você jogou The Council, Vampire The Masquerade Swansong será bem familiar. Por outro lado, se não jogou, não acho que há outros jogos parecidos. A forma mais concisa de descrever o estilo é a que usei antes: Telltale + RPG.
Temos aqui um adventure moderno, uma história interativa. Porém, não basta tomar as decisões pelos seus personagens. Você precisa ter as estatísticas para bancá-las.
Na imagem acima, por exemplo, escolher a opção selecionada, de “intimidar”, vai me custar seis quadradinhos azuis de um total de 16. E só terá 18% de sucesso. Ou seja, não é uma boa escolha. É caro e nada eficiente.
CONVERSAR DÁ XP
O que você pode escolher nos diálogos ou usar durante a exploração vai depender das habilidades e estatísticas que escolher evoluir entre as missões. É um sistema único e bastante interessante, que gamifica fortemente um estilo de videogame que muita gente não considera jogo.
Tudo custa recursos. A maioria custa quadradinhos azuis, que podem ser recuperados “vencendo” diálogos ou usando itens. Porém, usar seus poderes vampíricos aumenta sua fome (as gotinhas rosas que você vê na imagem acima). Para afastar a fome, é necessário usar itens, ou se alimentar.
Para se alimentar, você precisa de uma vítima e de um lugar seguro. Há salas seguras limitadas em cada fase, e levar uma vítima a uma delas a deixa ocupada. Então há uma quantidade pré-estabelecida de possibilidades de alimentação. No desespero, dá para você morder ratos que habitam a área, mas isso aumenta a “suspeita”, que dubla de dificuldade para o game. E isso aumenta as estatísticas dos NPCs.
GERENCIAMENTO DE RECURSOS
Então Vampire The Masquerade Swansong é tanto um game de gerenciamento de recursos quanto uma história interativa. Você precisa ter recursos e estatísticas suficientes para levar a história para onde deseja, ou será levado por ela. E isso é muito interessante.
Na verdade, embora seja um jogo sem combate, há uma quantidade enorme de mecânicas que você deve administrar por aqui. Vampire The Masquerade Swansong é de fato um RPG completo, e não um game mais casual, como os da Telltale. Especialmente no início da campanha, simplesmente não para de popar tutoriais, o que deixa tudo um tanto confuso.
Some à profundidade de mecânicas o mundo absurdamente profundo de Vampiro: A Máscara e a coisa fica realmente overwhelming. Os menus trazem vários textos que explicam os pormenores do Mundo das Trevas, como um glossário para termos ou as características de cada clã de vampiros. Isso ajuda bastante, mas também significa que você vai passar boa parte do seu tempo lendo. E, para completar, tem a história, que simplesmente já começa te jogando do lado fundo da piscina.
ANÁLISE VAMPIRE THE MASQUERADE SWANSONG: A HISTÓRIA
A história de Vampire The Masquerade Swansong começa após um alerta vermelho. Aparentemente, aconteceu algo em uma festa, e a príncipe de Boston (isso não é erro de digitação) chama os três personagens jogáveis para investigar a situação. Eu boiei, delfonauta. Porém, isso é intencional. A sensação de que você entrou no meio de uma história é forte e confusa. Mas ao longo da campanha tudo vai ficando mais claro. Desde que você tenha as estatísticas para solucionar o mistério, claro.
A exploração aqui é muito mais legal do que a de The Council. Lá você passa todos os episódios/fases dentro de uma mansão. Assim, embora novas áreas sejam liberadas conforme avança, acaba passando boa parte da história nos mesmos cenários. Aqui há a base dos vampiros, por onde passa algumas vezes na história. Mas em geral, cada fase te coloca em um cenário diferente, totalmente independente dos outros. Eu gostei muito disso.
A maioria das fases tem um quê de Hitman. Você popa em um cenário relativamente aberto, repleto de caminhos e NPCs, e precisa pensar em formas de atingir seus objetivos. Normalmente há mais de uma solução, e cada uma leva a história para caminhos ligeiramente diferentes. Alguns capítulos, no entanto, envolvem explorar e chegar do ponto
A ao ponto B através da solução de puzzles. Isso é uma excelente variação para a jogabilidade mais point and click da maior parte da campanha. Porém, os quebra-cabeças simplesmente não são muito legais, e via de regra eu acabava procurando soluções na internet.
O CUSTO DO BAIXO ORÇAMENTO
Vampire The Swansong Masquerade está longe, bem longe, de ser um jogo de alto orçamento. Embora os cenários sejam bem bacanas, os personagens são um tanto duros e totalmente no uncanny valley. Além disso, tem um monte – um monte mesmo – de bugs e coisas que não deveriam acontecer.
Foi realmente comum na minha campanha o jogo travar em telas de carregamento e até coisas extremamente bizarras. A mais estranha foi quando eu perdi o controle da câmera. Podia movê-la para esquerda e direita, mas não para cima e para baixo. Precisei fechar o jogo e abrir de novo para resolver. Mas coisas assim aconteceram O TEMPO TODO. Vampire The Masquerade Swansong é ambicioso, mas falta a ele o polimento técnico que um jogo de exploração 3D precisa ter. E isso incomoda bastante.
O FIM DA ANÁLISE VAMPIRE THE MASQUERADE SWANSONG
Dito isso, sim, esses problemas técnicos foram bem incômodos. Mas o jogo em si é tão criativo na mescla de suas mecânicas, que o saldo acabou sendo extremamente positivo. Eu simplesmente não conheço outros games como Vampire The Masquerade Swansong, com a única exceção de The Council. E você deve se lembrar que coloquei The Council entre os melhores jogos de 2018.
Em comparação com The Council, Vampire The Masquerade Swansong tem um escopo maior, com mais personagens, habilidades, estatísticas e variações de cenários. Além disso, aqui você precisa desenvolver três personagens, o que dá a possibilidade de deixar os três iguais, ou seguir caminhos diferentes para cada história.
Por outro lado, Vampire The Masquerade Swansong não traz mais a novidade do jogo anterior – supondo que você tenha jogado The Council, claro. Ele é também tecnicamente muito mais cru, mais repleto de problemas técnicos do que o anterior. Talvez isso se deva ao escopo aumentado, ou ao fato de este não ser lançado em episódios. Mas não cabe a mim especular os motivos da crueza técnica que vemos aqui. O que importa é que quem gostou de The Council tem aqui um game maior e mais ambicioso, passado no extremamente interessante mundo de Vampiro A Máscara. Eu recomendo com força, tanto Swansong quanto The Council.