Tyler: Model 005 é um plataforma indie, mas com bastante ambição. Para começar, ele traz um visual em 3D moderno, com movimento de câmera e tudo. Ele tem também bastante coração, contando a história de um grupo de simpáticos robozinhos que desenvolvem uma bonita amizade enquanto viajam no tempo. A par com a ambição, as cutscenes são todas animadas e dubladas (em inglês), e os atores mandam relativamente bem, dado o escopo limitado da obra.

TYLER: MODEL 005

Todo o jogo acontece dentro de uma casa. Não uma mansão enorme, naquele esquema Resident Evil, mas uma casa normal mesmo. A graça é que os robozinhos são pequenos, então cada cômodo parece muito maior do que ele seria se você o visse do ponto de vista de uma pessoa. Cada ambiente da casa corresponde a uma fase propriamente dita, mas o jogo tem uma progressão relativamente aberta, possibilitando ir e voltar entre as fases a seu bel prazer.

Tyler Model 005, Delfos
Tyler é um robozinho bem simpático.

O jogo tem, no entanto, uma mecânica de sobrevivência que fez com que ele causasse uma péssima primeira impressão. Acontece que Tyler precisa de luz para carregar sua bateria. Sem luz, ele morre em alguns segundos. E adivinha só, o jogo começa no escuro. Sim, tem uma lâmpada bem na sua frente, mas até eu sacar o que tinha que fazer, já tinha morrido umas três vezes, cada uma seguida por um load considerável.

A primeira impressão negativa se estendeu também para a segunda e para a terceira. O jogo é bonito quando está parado, mas a animação não é legal e ele não roda bem no Xbox One X (imagino que deve ser ainda pior no Xbox baunilha). Também há algo errado com os controles. Falta precisão nos movimentos e nos pulos deste robozinho, o que é um grande pecado em um jogo de plataforma.

Tyler Model 005, Delfos
Andar em uma viga estreita é um grande problema em plataformas 3D, e fica ainda pior com controles imprecisos.

Além disso, boa parte dos primeiros desafios envolve empurrar caixas para conseguir subir até onde estão as lâmpadas. E esta, que é uma das mecânicas mais antigas dos games, funciona terrivelmente mal. Ao segurar algo, a câmera vai para primeira pessoa, e qualquer obstáculo faz seu personagem soltar a caixa. É terrível.

Eu sinceramente achei que desistiria de Tyler: Model 005 antes de começar. Um dos primeiros objetivos envolve encontrar um fusível, e eu fiquei um tempão procurando pelo maledeto, sem nenhuma dica ou indicação do jogo de onde ele estaria, além de que seria em um lugar alto. E você já tentou procurar um item específico em um cenário escuro sendo que você morre em poucos segundos caso não encontre uma lâmpada? Sim, é tão chato quanto parece. Mas daí, algo aconteceu.

ELE CLICOU

Quando finalmente achei o fusível e consegui sair da primeira fase, encontrei Conrad, meu primeiro amiguinho. E daí a história do jogo começou. E, ei, eu tenho um fraco por robôs bonitinhos. Este encontro se dá no corredor da casa, o mesmo lugar que dá acesso a todos os cômodos, então também é aí que o jogo abre. Porém, seu objetivo sempre diz a sala em que pode ser encontrado, então a partir daí eu comecei a progredir de forma bem mais constante e aprazível.

Tyler Model 005, Delfos
Oi, Conrad. Quer ser meu amigo?

Sim, a rotina ainda era a mesma. Eu entrava em uma nova área e saía procurando por lâmpadas, acendendo tudo que encontrasse. Só depois de garantir minha sobrevivência ia de fato procurar pelo meu objetivo. Curiosamente, depois do maldito fusível, eu não tive mais dificuldade de encontrar nada. Tyler: Model 005 é um jogo curto (deve durar umas duas horas), e acredito que eu passei quase tanto tempo procurando pelo fusível do que com o resto do jogo.

QUERO SER PRINCE OF PERSIA

A ambição de Tyler: Model 005 não se resume a seu visual trabalhado e história com atores. Ao contrário da imensa maioria dos jogos indies do gênero, ele tem combate. Tyler carrega uma espada e pode usá-la para matar insetos que ameaçam sua vida. No entanto, o combate é simples e entediante, além de não ser um grande perigo – especialmente se comparado a sua bateria. Depois de um tempo, eu simplesmente comecei a passar correndo pelos inimigos, sem nenhuma dificuldade. Morri muitas vezes por aqui, mas nenhuma foi em combate.

Tyler Model 005, Delfos
O jardim e a floresta são as únicas áreas externas do jogo.

Uma coisa que me chamou a atenção, no entanto, são as habilidades de locomoção de Tyler. Nosso amiguinho é capaz de correr pelas paredes e inclusive de voltar alguns segundos no tempo. Pois é, não dá para não lembrar de Prince of Persia. Ao contrário da aventura da Ubisoft, no entanto, estas habilidades não são tão úteis quanto deveriam.

wall run sofre do mesmo problema dos pulos. Falta precisão. Já a rebobinada me pareceu bem útil quando foi destravada, mas isso demorou tanto para acontecer que a essa altura eu já tinha me habituado com os controles ruins e estava jogando melhor. Ainda assim, é uma mão na roda usar isso quando você cai de uma plataforma alta na qual sofreu para chegar.

TEM CORAÇÃO, MAS FALTOU TÉCNICA

Esta é a conclusão a que cheguei depois de terminar a campanha de Tyler: Model 005. Trata-se de um jogo bonitinho, com um visual agradável e excelente iluminação, que mostra que a Reversed Interactive está bem servida de artistas. Porém, no aspecto técnico, deixa a dever. Controles precisos e agradáveis são muito importantes neste gênero e, se já começa falhando aí, fica difícil recomendar.

Sabe Grow UpTyler: Model 005 me lembrou ele. Não é um bom jogo, especialmente por causa de seus controles. Porém, ele tem carisma e, desta forma, pode agradar a algumas pessoas. Definitivamente não a todos, mas é inegável que há algum apelo de nicho por aqui.